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Com açaí e cupuaçu, chocolate de SC chega a Japão, EUA e Emirados Árabes

Larissa Coldibeli

Colaboração para o UOL

17/12/2015 06h00

As frequentes viagens ao exterior quando eram engenheiros da Embraer sempre rendiam a Ivan Blumenschein, 40, e Maitê Lang, 40, encomendas de chocolates finos importados. Isso motivou o casal a fundar a Nugali, fabricante de chocolates premium de Pomerode (SC), em 2004. Dez anos depois, começaram a exportar. Hoje, eles vendem até para Argélia, Emirados Árabes, EUA e Japão.

As exportações que começaram em 2014 correspondem hoje a 6% do faturamento, que não foi divulgado. A meta, segundo Blumenschein, é que representem 20% do total nos próximos três anos. No ano passado, a produção foi de 90 toneladas de chocolate. Em 2015, deve chegar a 115 toneladas, crescimento de 28%. Para 2016, a expectativa é que alcance 140 toneladas. 

Para se diferenciar dos concorrentes de peso no exterior, como os tradicionais chocolates suíços e belgas, a empresa aposta em matéria-prima bem brasileira, como cacau da Bahia, açaí, cupuaçu, castanha-do-pará e banana. “Ingredientes de qualidade e esse apelo de brasilidade valorizam o produto lá fora”, diz o empresário.

Empresa se preparou dois anos para abrir e dez para exportar

A empresa foi fundada em 2004 com investimento de cerca de R$ 3 milhões. Foram dois anos de pesquisa até tirar a ideia do papel. 

“Durante a pesquisa, percebemos que nos EUA e Europa havia a tendência de aumentar o teor de cacau para ter um chocolate mais saudável, enquanto no Brasil os fabricantes substituíam ingredientes por outros de menor qualidade para atingir a classe C. Isso só ajudou a reforçar nosso posicionamento”, diz Blumenschein.

Ele afirma que a exportação sempre esteve nos planos da empresa, desde sua criação, mas só foi possível após dez anos porque exige planejamento, preparo e investimento. “São muitas exigências, e cada país tem regras sanitárias específicas. São necessárias várias adaptações, desde a descrição técnica do produto até a embalagem.”

Para acessar novos mercados, a empresa participou como expositora de feiras de alimentos no exterior e contou com o apoio da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).

Os produtos são vendidos em pequenas redes de supermercados que têm produtos com apelo gastronômico, empórios e em algumas lojas de produtos naturais que oferecem chocolates dietéticos e com maior teor de cacau. O perfil dos pontos de vendas, aliás, é uma dificuldade da exportação, segundo Blumenschein.

“Nossos clientes são menores, então, não conseguimos mandar um contêiner inteiro, por exemplo. Por isso, queremos ampliar o volume exportado para os países onde já estamos antes de partir para novos, apesar de já haver negociações”, afirma.

No exterior, os produtos da Nugali custam a partir de US$ 4 (cerca de R$ 15,50). No Brasil, o preço varia de R$ 10 (barra de chocolate ao leite de 100g) a R$ 40 (caixa com minitabletes variados 200g). Em 2014, a empresa passou a adotar o selo "Feito em Pomerode", usado pelas empresas do município de grande influência da cultura alemã, como forma de divulgação da cidade.

Exportação de chocolates enfrenta concorrência grande

Segundo Thiago Alexandre Brandão Farias, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa de São Paulo), a empresa acerta ao apostar nos ingredientes brasileiros como diferencial. Além disso, o real desvalorizado faz o produto brasileiro ganhar competitividade no exterior. No entanto, ele diz que exportar não pode ser uma aventura e requer planejamento.

De acordo com o consultor, o planejamento leva, em média, 18 meses: é necessário pesquisar os órgãos reguladores para se adaptar às regras, adaptar a comunicação para a língua local, saber estabelecer valores e entender que a política de preços varia de acordo com o país, o que faz com que a margem de lucro seja melhor em alguns lugares do que em outros.

“A empresa tem que se adaptar para a concorrência internacional, que é grande. Começar por países próximos geograficamente e de cultura parecida facilita a logística e a assimilação do produto”, afirma.

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