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Empresa fatura R$ 50 mil com perucas como a de Taís Araújo em Mister Brau

Larissa Coldibeli

Colaboração para o UOL, em São Paulo

31/03/2016 06h00

A empresária Letícia Korndorfer, 39, é fundadora da Tress Cabelos, que fatura, em média, R$ 50 mil por mês com perucas e apliques de cabelo para mulheres negras (o lucro não foi divulgado). Ela desenvolveu um produto exclusivo para a atriz Taís Araújo usar nas cenas de show de sua personagem Michelle Brau na série Mister Brau (TV Globo). A atriz Cacau Protásio é outra famosa que usa o produto, só que na vida pessoal.

Conhecido como “lace wig” (peruca com tela, em inglês), o produto é popular no exterior, principalmente nos EUA, mas nem tanto no Brasil, segundo a empresária. A diferença em relação à peruca convencional é o acabamento: na convencional, os fios são costurados em tecido. Na "lace wig", são costurados em uma tela que simula o couro cabeludo, dando aspecto mais natural. 

É usado, principalmente, por mulheres de meia idade que querem esconder problemas capilares, como calvície, e jovens que querem mudar o visual sem precisar mexer nos cabelos naturais.

“A maioria das mulheres negras aplica muita química no cabelo, seja para alisar ou para ampliar os cabelos com mega hair. Isso acaba enfraquecendo os fios e causando problemas como queda de cabelo. A ‘lace wig’ é uma opção para períodos de transição, enquanto os fios naturais se recuperam”, diz Korndorfer.

Mais de 120 modelos

Os produtos custam de R$ 190 a R$ 850. São feitos com fios sintéticos e importados dos EUA. A durabilidade média das perucas é de três meses se o uso for diário, segundo a empresa. Aumenta se o uso for eventual e dependendo dos cuidados, como não molhar e não pentear com frequência, para não perder o formato.

São mais de 120 modelos disponíveis, entre perucas e apliques para rabos de cavalo e coques. Há opções lisas, cacheadas, crespas, trançadas, de cabelos curtos ou longos, e em vários tons, inclusive grisalho. As perucas são presas aos fios naturais por um tipo de presilha e têm elástico na parte de trás para se ajustar ao tamanho da cabeça, evitando que caiam.

Inspiração da África

A loja virtual da marca foi lançada em fevereiro de 2015, com investimento inicial de cerca de R$ 250 mil. Antes de fundar a empresa, Korndorfer trabalhava como relações-públicas em uma empresa brasileira na África do Sul, onde notou que a autoestima da mulher africana em relação aos cabelos era muito maior que a da brasileira. Isso a motivou a criar um projeto na área.

A ideia inicial era abrir um salão de beleza especializado em cabelo afro. “Fiz curso de cabeleireira no Brasil e fui para Chicago, nos EUA, fazer especialização. Lá conheci a dona de uma das maiores distribuidoras de ‘lace wig’ do país, e ela me convenceu a trazer o produto para o Brasil. Fizemos uma parceria de exclusividade”, afirma.

Famosas e blogueiras ajudam a divulgar

Para tornar o produto conhecido, a empresa aposta em marketing digital e em parceria com blogueiras, que recebem alguns itens como cortesia e postam em suas redes sociais, com dicas de uso. A atriz Cacau Protásio também é divulgadora da empresa em seus perfis. Ela ganha cortesias, mas também compra produtos. Os posts não são pagos, segundo a empresa.

Para chegar até Taís Araújo, a empresária diz que precisou de muitas indicações para encontrar o cabeleireiro pessoal da atriz, a quem apresentou o produto. Eles resolveram adotar uma peruca feita com exclusividade pela marca nas cenas de show da série Mister Brau.

Korndorfer diz, no entanto, não conseguir mensurar objetivamente o resultado dessas parcerias, mas acredita que o principal retorno é em divulgação.

Conhecer hábitos do público é desafio

Segundo Patricia Cotti, coordenadora acadêmica da Academia de Varejo, da UBS Escola de Negócios, a vinculação de famosos aos produtos é uma estratégia de marketing que ajuda a demonstrar tendências e a gerar desejo no consumidor. “Este tipo de veiculação não só cria a tendência, mas gera a confiança de que o produto é de qualidade.”

Ela diz que a empresa acerta ao focar em um nicho específico, mas que o principal desafio é conseguir alcançar o público certo.

“É necessário entender quais motivações levam o consumidor a usar esse produto. Essas motivações podem não ser as tradicionais. Por exemplo, a possibilidade de investir em um penteado diferente para uma festa e que pode ser usado novamente depois. O que leva à compra é o desejo, nem sempre consciente, do consumidor.”

Onde encontrar:

Tress Cabelos: www.tresscabelos.com.br

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