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Empresa fatura com pipoca doce congelada que faz soltar fumaça pelo nariz

Michelle Aisenberg

Colaboração para o UOL, em São Paulo

02/06/2016 06h00

O chef Fábio Mattos, 38, dono do restaurante Poco Tapas, em Curitiba (PR), criou uma sobremesa que deixa seus clientes soltando fumaça pelo nariz. A novidade agradou e foi transformada em um produto, batizado de Bapho de Dragão.

O doce é uma pipoca caramelizada congelada a -196ºC em nitrogênio líquido que, quando mordida, cria um vapor expelido pela boca e pelo nariz, lembrando a respiração de um dragão.

"Foi um feliz acidente. Eu estava comendo pipoca salgada enquanto trabalhava com o nitrogênio. Caiu uma no nitro e eu comi. Achei legal o resultado e resolvi criar a versão doce. Apesar de o nitrogênio ter a função de simplesmente congelar a pipoca instantaneamente e dar o efeito da fumaça, o produto faz sucesso por ser diferente."

Desde março de 2015, a sobremesa deixou de ser exclusividade do restaurante e passou a ser servida também em eventos. Mattos e seu sócio, o diretor de cinema Luccas Soares, 25, investiram R$ 15 mil para iniciar o negócio. Segundo eles, o faturamento mensal é de R$ 7.000, e o lucro, de R$ 5.000.

Gastronomia molecular

O chef é especialista em gastronomia molecular, ramo da culinária que usa técnicas para transformar textura, sabor e aroma dos alimentos. Há seis anos, ele criou a mistura de pipoca com nitrogênio que chamou a atenção de Soares, cliente assíduo do restaurante.

"Usei o doce em um dos eventos da minha produtora. A reação das pessoas foi tão positiva que percebi o potencial que o produto tinha para virar um negócio", diz Soares.

Há um ano, o serviço está disponível para festas de aniversários de adultos e crianças, formaturas, casamentos e eventos corporativos. Um orçamento para evento de 150 convidados, por exemplo, custa R$ 1.500 por um período de duas horas.  

Cuidado para não queimar a língua

No pacote, está incluída uma equipe que vai até o local da festa, prepara, serve e explica aos convidados o que é e como comer a pipoca. O diretor de cinema diz que o uso do nitrogênio não influencia no sabor do alimento, que é servido gelado, e a novidade tem sido bem recebida, sem causar estranhamento ou medo de ser consumida.

Como é servida em temperatura muito baixa, a Bapho de Dragão não pode ficar muito tempo em contato com os dedos e precisa ser mastigada assim que for colocada na boca, para não queimar a língua. "Em festas infantis, diminuímos o tamanho da porção, para facilitar a mastigação das crianças", afirma Soares.

Sócios buscam parcerias para crescer

Soares diz que a empresa realiza em média um evento por semana o que, segundo ele, não é a capacidade total do negócio. "Cada um de nós está mais envolvido com nossas atividades principais, então não temos investido muito para tornar a Bapho de Dragão mais conhecida", declara.

Ele diz que a saída para aumentar a entrada do produto no mercado em outras regiões do Brasil é atuar em parceria. Para isso, está em negociação com empresários que atuam no ramo de eventos em outras cidades, como Rio e São Paulo.

Brasileiro recebe bem novidades

De acordo com Natalia Sirobaba, consultora do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), faz parte da cultura do brasileiro estar aberto a novidades. "Por ser algo inédito para muitas pessoas, o uso do nitrogênio durante o preparo da pipoca faz com que o seu consumo vire uma experiência e atraia curiosidade."

Sirobaba diz também que estar atento a inovações é um fator chave para que as empresas permaneçam competitivas. Mas ela afirma que conhecer o ciclo de vida do produto é fundamental para que seu posicionamento no mercado seja bem planejado.

"Caso contrário, o risco é que a novidade deixe de despertar o interesse dos consumidores de forma muito rápida", declara.

Onde encontrar:

Bapho do Dragão:  https://www.facebook.com/baphododragao
 

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