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Uma ida ao veterinário virou ideia de negócio: fábrica de móveis para gatos

Thâmara Kaoru

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/09/2016 06h00

A técnica de iluminação Fernanda Prado, 31, não imaginava que a ida de sua gata ao veterinário lhe renderia uma ideia de negócio. Em 2011, ela criou a Cozy Gatos, um ateliê que produz móveis de madeira para os felinos.

Na época, a gata Nany tinha 11 anos e ficou traumatizada ao passar por um procedimento para limpar o tártaro dos dentes. "Voltei para casa com uma gata totalmente diferente: medrosa, assustada, triste, que não brincava mais e vivia escondida", conta a dona, em texto publicado no site da empresa.

Para ajudar na recuperação, Fernanda começou a pesquisar sobre o comportamento dos felinos e decidiu comprar um arranhador --brinquedo feito exatamente para o gato arranhar, já que esse é um comportamento típico e instintivo do animal.

A busca, que parecia simples, não foi muito animadora. Nenhum dos brinquedos encontrados era como ela queria, nem forte o suficiente para aguentar os 6 quilos de Nany, conta. "Eu decidi fazer um brinquedo de madeira para ela."

Primeiros testes

Ela pôs a mão na massa. A primeira peça não ficou do tamanho desejado, segundo Fernanda, mas uma vizinha viu e quis comprar. O mesmo aconteceu com a segunda peça. Percebeu, então, que havia um mercado a ser explorado e decidiu abrir uma marcenaria para criar brinquedos de acordo as necessidades dos gatos e de seus donos.

Para testar a ideia, vendeu mais três peças pela internet, criou um blog e procurou o Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo) em busca de orientação.

Nos seis primeiros meses, dividiu-se entre o emprego antigo, como técnica de iluminação cênica, e o novo negócio. Quando viu que sua ideia estava dando certo e que já havia fila de espera de clientes, de dois meses, achou que era hora de se dedicar exclusivamente à loja.

Modelos especiais para obesos, deficientes e idosos

Fernanda atende os clientes para escolher o modelo ideal para cada bicho --cada um inclui partes diferentes, como arranhador, prateleira, tubos e cama. A proposta é que os gatos possam descansar e também brincar, escalar, pular, arranhar, se esconder e visualizar o ambiente ao redor ou a vista da janela, por exemplo.

As cores e tamanhos podem ser personalizados. Também são feitos brinquedos personalizados ou adaptados para gatos com deficiências, obesos, amputados e idosos.

A maioria dos pedidos é feita pela internet. Os preços vão de R$ 360 até R$ 1.800.

Investimento de R$ 300 mil

O investimento inicial foi de cerca de R$ 300 mil, incluindo a compra de máquinas computadorizadas para a confecção das peças de madeira. A empresa não informou o faturamento nem o lucro do negócio. Atualmente, além de Fernanda, trabalham na empresa mais dois funcionários: um marceneiro e um ajudante.

A empreendedora afirma que ainda não recuperou todo o dinheiro investido, mas que espera um crescimento de 30% no ano que vem e que já pensa até em exportar.

Problema virou oportunidade

Abrir um negócio a partir de uma necessidade é um ponto positivo, segundo Luciano Assis, professor de Empreendedorismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie de Campinas (SP). "O grande perigo é começar um negócio de que apenas o dono goste. Tem que ver se há demanda ou não", diz.

Para ele, a empresária usou uma boa estratégia ao experimentar antes de abrir o negócio, para descobrir como é a aceitação dos clientes.

Renovação e concorrência são desafios

Para o professor, todos os negócios têm um ciclo de vida, por isso é preciso pensar em renovação e aperfeiçoamento. "Não dá para entrar no mercado achando que não haverá mudanças. Toda empresa tem necessidade de se renovar de tempos em tempos."

Além disso, diz ele, o negócio que dá certo precisa saber lidar com a concorrência. "O empreendedor se esforça para ter uma ideia aceita pelo mercado. Se isso acontece, a concorrência chega. Aí entra o desafio da diferenciação."

Outro desafio é planejar o futuro do negócio. "Precisa desde já pensar lá para frente. Agregar valor e continuar investigando de que os clientes precisam."

Dados de 2013 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a população de gatos no país chega a 22,1 milhões. Segundo a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), o setor cresceu 7,6% em 2015. Para este ano, a expectativa é crescer de 6,7%.

Onde encontrar

Cozy Gatos: www.cozygatos.com.br

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