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Holandês faz cerveja Bossta no RS, ferve malte na panela e não quer crescer

Márcia Rodrigues

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/11/2016 06h00

Insatisfeito com as cervejas nacionais, o holandês Hendrikus Klaas Van Enck, 64, resolveu criar a sua própria bebida totalmente artesanal, fervendo o malte na panela, sem usar qualquer processo industrializado. Em uma conversa com os amigos, um deles não aprovou a ideia e disse que a bebida "sairia uma bosta".

Ao produzir a sua primeira garrafa, ele gostou da ideia e resolveu batizá-la com o nome de "Bosta". Quando tentou registrar a marca no Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), foi impedido porque consideraram o nome um palavrão. Ele, então, acrescentou um "S" e o registro foi autorizado.

Assim surgiu a cervejaria artesanal Bossta, em setembro de 2011, na cidade de Novo Hamburgo (RS). A empresa, que iniciou a produção com 50 litros por ano, hoje fabrica 50 mil. Mas o empresário diz que não pretende aumentar a produção e quer manter a distribuição somente no Rio Grande do Sul.

"Produzir em grande escala está fora de cogitação. Transformei um hobby em negócio, mas não quero passar disso."

Ao todo são 11 tipos de cerveja:  Pilsen, Blond Ale, Weiss, Weissen Gold, Weissen Black, Original Belgian Ale, IPA, APA, Açaí, Porter e Bock. Cada garrafa com 500 ml sai por R$ 12,50.

Produção continua sendo feita na panela

Enck diz que, mesmo aumentando a produção, a cerveja continua sendo feita na panela para garantir a qualidade e o sabor personalizado.

Além da cervejaria, Enck, que mora no Brasil há 39 anos, a mulher, a brasileira Jaci, 58, e a filha Jessica, têm uma empresa de saneamento, a JH Assessoria em Saneamento, principal fonte de renda da família. O faturamento e o lucro de ambas empresas não foram revelados.

Degustação de cerveja à vontade

Todas as sextas-feiras, a Bossta realiza um encontro para os clientes degustarem suas cervejas. Basta pagar um ingresso no valor de R$ 35 e beber à vontade. Também há pizza à la carte por R$ 28.

"Não há garçom, nós colocamos chopeiras no espaço para os clientes se servirem e deixar o ambiente mais descontraído."

Mercado tem espaço para crescer

O mercado de cerveja artesanal tem muito espaço para crescer no Brasil, segundo André Wormhoudt, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo). 

Ele diz que, atualmente, 96% do setor é dominado pela bebida industrializada e os 4% restantes estão divididos entre a importada e a artesanal.

Para ele, o nome da cervejaria pode ser um atrativo para o segmento artesanal, que permite esse tipo de iniciativa. "Se a cerveja for boa, não vão deixar de tomá-la por causa do nome."

Padronização é fundamental mesmo para as artesanais

O consultor afirma que manter a produção totalmente artesanal, da forma que o empresário optou, dificulta ter um padrão de qualidade.

"Ele pode usar os mesmos ingredientes, seguir a receita à risca mas, se não tiver um rigor na execução para manter um padrão, certamente haverá diferença no sabor de um lote para o outro. E os clientes mais exigentes podem não gostar da alteração, ainda que seja pequena."

Onde encontrar:

Bossta Beer: https://www.facebook.com/cervejabosstabeer/