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Ele trocou a carreira financeira por marca de roupa inspirada na capoeira

Larissa Coldibeli

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/01/2017 04h00

Praticante de capoeira desde os 9 anos, o administrador Wescley Tinoco sentia falta de uma marca de roupas que traduzisse sua paixão também fora das rodas do esporte. Isso o motivou a deixar o emprego de analista financeiro em uma empresa para lançar, em 2012, a Iúna Capoeira Wear, de Guarulhos (SP).

“Assim como os praticantes de tênis têm a Lacoste, e os surfistas têm a Hollister, eu queria algo que traduzisse minha paixão pela capoeira e pudesse ser usado em todos os ambientes, inclusive no meu trabalho, que era mais formal. Como não havia nada, decidi eu mesmo fazer”, diz.

Carro virou loja móvel para vender mais

Ele investiu cerca de R$ 35 mil para tirar a ideia do papel e, em 2013, adaptou um veículo Fiat Fiorino, que virou loja móvel. Ao todo, foram investidos R$ 50 mil. Faz vendas pela loja virtual e realiza as entregas na região de Guarulhos e São Paulo com a loja móvel, uma oportunidade de apresentar outros produtos e tentar vender mais.

Faz vendas em parques e pontos de ônibus

Entre um cliente e outro, faz paradas em locais como parques, praças e até pontos de ônibus em busca de novas vendas. “Onde há aglomeração de pessoas, há chance de vender”, declara. Também leva seus produtos a competições de capoeira.

Não é só esporte: também tem polos e shorts jeans

As roupas não são voltadas somente à prática do esporte: há camisetas, camisas polo, calças e shorts jeans, leggings e vestidos. Também há acessórios como bolsas e bonés. Os preços variam de R$ 3 (chaveiro) a R$ 150 (conjunto de calça e blusa de moletom).

A identificação com a capoeira fica por conta do símbolo da marca: um jogador em posição de bananeira, um dos símbolos do esporte. Iúna é um pássaro cujo canto inspirou um toque de berimbau.

“O primeiro contato com a moda aconteceu por meio da capoeira em 1994. Eu era apaixonado por brincar com a cor das calças, que até então tinham o branco como padrão. Como hobby, pedia para as costureiras do bairro customizarem de todos os jeitos, com todas as cores”, diz.

Reproduz roupas convencionais e aplica sua marca

O empresário não desenvolve modelos exclusivos, apenas reproduz roupas convencionais e aplica sua marca. A produção é própria e ele emprega duas costureiras. O faturamento ainda é baixo, em torno de R$ 4.000 por mês. Mas os planos para a empresa são ousados.

“Pretendo ter mais carros para levar a loja móvel a outras cidades e regiões, pois a capoeira está em todo lugar. Também quero montar um campeonato com patrocínio da marca. Meu objetivo é desenvolver a cultura da capoeira, retribuir tudo o que esporte já me deu, como o desenvolvimento de foco e disciplina”, afirma.

Desafio é desenvolver a cultura, diz consultora

A consultora de marketing do Sebrae-Guarulhos Fernanda Bueno diz que conhecer a fundo o ramo, como Tinoco, faz toda a diferença na hora de investir em um negócio.

“Vemos muitas pessoas com estilo de skatista, surfista, mas, realmente, não havia nada que identificasse o estilo do capoeirista quando ele não está jogando. Ele está criando esse mercado, desenvolvendo essa cultura, o que é um desafio.”

Ela diz que fazer as entregas da loja virtual com a loja móvel é um diferencial que ajuda a aumentar as vendas. “A dificuldade é a escalabilidade, porque ele fica restrito à uma área de atuação e precisa de uma estrutura de custos um pouco maior para poder crescer.”

Onde encontrar:

Iúna Capoeira Wear: www.iunawear.com.br