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Brasileiro foge de crise na Venezuela e faz 'malhação' para bebês no RS

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/01/2019 04h00

O brasileiro Lucas Silva, 37, fugiu da crise na Venezuela, com a mulher e o filho venezuelanos em 2014 e abriu em Porto Alegre (RS), no mesmo ano, a Baby Gym, uma espécie de academia de ginástica para bebês e crianças de até quatro anos. Como eles se exercitam? Sobem e descem em blocos de espuma, andam em pontes e rastejam em túneis.

O casal morou na Venezuela por quase nove anos e resolveu abandonar o país por conta da crise econômica e social. "De 2005 a 2008, tínhamos uma vida boa em Caracas. Mas, a partir de 2008, começou a complicar. Tudo faltava, e a violência crescia. No mercado, por exemplo, a única carne para vender era coração de boi. Tínhamos que recorrer ao mercado negro, com preços altíssimos", afirmou Silva.

Na Venezuela, ele atuava como fisioterapeuta -seus pacientes eram jogadores de beisebol, empresários e artistas. Sua mulher, a venezuelana Laura Bego, 37, era dona de agência de viagem em Caracas. A família, de classe média alta, tinha uma renda mensal média de R$ 20 mil.

Silva disse que sempre participou dos protestos contra os governos do presidente Nicolás Maduro e de seu antecessor, Hugo Chávez. "Sempre carregava vinagre e pasta de dente comigo. O vinagre é para cheirar, e a pasta de dente para passar próximo aos olhos para diminuir a ardência do gás lacrimogêneo", afirmou.

Segundo ele, o condomínio onde morava chegou a ser invadido pelos militares para prender opositores ao regime. A família morava na parte leste de Caracas, considerada, disse Silva, antichavista.

"A situação estava ficando insustentável. Mal podíamos sair de casa, perdi muitos pacientes, e a Laura fechou a agência. Decidimos voltar ao Brasil", disse. Segundo ele, todos os seus familiares e amigos moram fora da Venezuela.

Com o mapa da Venezuela tatuado no braço com os dizeres "llevo tu luz y tu aroma en mi piel" ("Levo tua luz e o teu aroma na minha pele"), Silva, que tem dupla cidadania (Brasil e Venezuela), disse que sua família sonha em voltar ao país.

Rede tem 15 unidades, e franquia custa R$ 75 mil

Em Porto Alegre, o casal decidiu empreender neste segmento por ter conhecido o conceito de academia para bebês na Venezuela e nos EUA.

Os "aparelhos" da academia são blocos de espuma e brinquedos multissensorias, como sucatas, gelatinas, tintas comestíveis e chocalhos. Os pais participam da aula, que tem duração de uma hora. Segundo ele, as atividades são compatíveis com a etapa de desenvolvimento da criança. Os programas foram desenvolvidos em conjunto com pediatras.

A rede tem 15 unidades no país, sendo quatro em São Paulo: duas na capital, uma em Campinas e outra em Santo André. O investimento inicial foi de R$ 75 mil. Em 2018, o faturamento foi de R$ 1,8 milhão, e o lucro de 33%. A meta é faturar R$ 3 milhões neste ano.

A empresa oferece pacotes, mas os preços variam de acordo com a região. Em São Paulo, a mensalidade custa R$ 300 (quatro aulas por mês).

Confira dos dados da franquia fornecidos pela empresa:

  • Investimento inicial: R$ 75 mil (inclui taxa de franquia e taxa de implantação e treinamento e material didático)
  • Royalties: 8% do faturamento por mês
  • Taxa de publicidade: isento
  • Faturamento médio mensal: R$ 20 mil
  • Lucro médio mensal: 30% do faturamento
  • Prazo de retorno: de 12 a 24 meses

Conceito deve ser explicado, diz consultor

Nílcio Freitas, 51, gerente regional do Sebrae-SP em Campinas, disse que o mercado de atuação da Baby Gym é "ainda pouco explorado".

"A empresa tem ainda baixa concorrência, porque trabalha com um nicho de negócios bem específico. Outras empresas, como escolinhas e creches, podem até oferecer serviços semelhantes, mas estão inseridos dentro de outras atividades. O negócio da Bay Gym é praticamente inédito", afirmou.

Freitas disse que é preciso fortalecer o marketing para divulgar o conceito, ainda pouco conhecido.

Onde encontrar:

Baby Gym - https://www.meubabygym.com

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TV Folha