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Começou aos 13 como vendedor de coxinha na rua e hoje fatura R$ 1,45 bi

José Carlos Semenzato é o fundador e presidente da SMZTO Holding de Franquias Multissetoriais - Divulgação
José Carlos Semenzato é o fundador e presidente da SMZTO Holding de Franquias Multissetoriais Imagem: Divulgação

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/07/2019 04h00

Aos 13 anos, ele vendia coxinhas na rua, aos 18, era professor de computação e, aos 23, montou a Microlins, que foi vendida em 2010 por R$ 110 milhões, em valores da época. Hoje, José Carlos Semenzato, 51, é mentor e investidor de negócios nos quais vê potencial, por meio de sua empresa, a SMZTO Holding de Franquias Multissetoriais, criada em 2010.

"Somos uma fábrica de transformar pequenos negócios em empresas de porte médio, aptas a receber investimentos para ganhar estatura e governança", declarou Semenzato, que também é jurado do programa Shark Tank Brasil, no Canal Sony.

A SMZTO tem participação societária em 12 empresas, como Espaçolaser, OdontoCompany, Oakberry, Instituto Embelleze, Casa X e L'Entrecóte de Paris, entre outras, que totalizam cerca de 1.800 franquias. Dentre seus sócios, estão algumas celebridades, como Xuxa Meneguel e Otávio Mesquita.

No ano passado, a holding faturou R$ 1,45 bilhão, crescimento de 20% em relação a 2017. O lucro não foi revelado. A meta é atingir neste ano o faturamento de R$ 2,2 bilhões.

Comprou Fusca vendendo 600 coxinhas por dia

Nascido numa família pobre em Cafelândia (SP), Semenzato cresceu em Lins (SP). Aos sete anos, conta que ajudava o pai, José, a carregar tijolos em obras. Aos 13 anos, deixou a construção civil para vender coxinhas na vizinhança. Os salgados eram feitos por sua mãe, Alzira, para complementar a renda.

"Eu tinha estratégia: chegava à casa das pessoas na hora da fome. Anotava as vendas numa caderneta e, aos sábados, passava para receber", disse.

Ele disse que vendia 600 coxinhas por dia. Até colocou dois tios, que tinham a mesma idade que ele, para ajudá-lo nas vendas. Em um ano, juntou dinheiro para comprar um Fusca 1962.

Aos 15 anos, Semenzato fez um curso de computação e começou a trabalhar numa copiadora. Ali, afirma ter se destacado como atendente e chamado a atenção de um cliente, que o levou para trabalhar no Grupo Cermaco, uma construtora, onde atuou como programador. À noite, fazia curso técnico na mesma área.

O Instituto Americano de Lins convidou Semenzato para ser professor de computação quando ele tinha 18 anos. "Passados seis meses, os alunos começaram a me procurar para aulas de reforço aos sábados e domingos. Comecei, então, a dar essas aulas adicionais no computador do meu sogro, numa padaria em Lins", disse.

Franchising por necessidade

Em 1991, aos 23 anos, Semenzato trocou o emprego de programador e professor para criar a Microlins. O investimento inicial foi o equivalente a R$ 30 mil, em valores de hoje.

"Em 1994, a Microlins tinha 17 escolas próprias, deflação das mensalidades e, simultaneamente, 'leasing' [aluguel] dos computadores em dólar. Eu tinha duas opções: ou tornaria minha empresa uma rede de franquias, conceito que nem sequer conhecia à época, ou não existiria mais. O franchising entrou na minha vida por necessidade, e não por planejamento."

Em seis meses, das 17 escolas próprias, 16 viraram franquias. A unidade de Lins continuou própria. A Microlins chegou a ter 700 franquias e mais de 500 mil alunos.

Vendeu Mercedes para fazer merchandising na TV

Em 2001, Semenzato apostou em ações de merchandising da Microlins em rede nacional de TV. A primeira foi no programa "Domingo da Gente" (Record), do apresentador Netinho de Paula.

Na época, a empresa tinha também um outro sócio, que ficou no negócio entre 1999 e 2006.

"Era preciso pagar R$ 300 mil para uma campanha de um mês, e meu sócio foi contra. Mas, se não levasse minha marca a todo o Brasil, não ganharia escala", disse. "Assumi o risco sozinho. Vendi uma Mercedes por R$ 200 mil e fiz as ações de merchandising. Em 45 dias, a empresa criou mais de R$ 1,5 milhão em recebíveis. Paguei a primeira fatura e nunca mais saí da televisão."

A Microlins foi vendida em 2010 para o Grupo Multi por R$ 110 milhões, em valores da época. No mesmo ano, Semenzato criou a SMZTO, com o propósito de acelerar negócios promissores por meio do franchising.

Até o final do ano, a SMZTO deverá lançar seu primeiro fundo de investimentos aberto para terceiros. Até hoje, segundo Semenzato, todos os investimentos do grupo foram feitos com recursos próprios.

"Será um fundo de R$ 50 milhões a R$ 100 milhões, no qual metade será aberta ao mercado e a outra metade virá de recursos próprios da SMZTO, para continuar fazendo exatamente o que ela faz hoje. Será um fundo de investimentos 100% focado em franquias", afirmou.

Empreendedor precisa de planejamento, diz analista

Para Laís Marsola Bauer, analista de negócios do Sebrae-SP, o empresário José Carlos Semenzato tem "coragem de empreendedor", por buscar oportunidades de negócio e ter persistência.

"Ele foi muito ousado em algumas situações, mas não se abateu diante dos riscos. Foi para a TV, apesar de o sócio não apoiar, por exemplo. Ele também demonstra comprometimento e esforço. Assume e cumpre os compromissos", afirmou.

Laís disse, no entanto, que o planejamento ficou ausente em um importante momento da trajetória de Semenzato, quando teve de entrar no franchising num momento de crise.

"Um empreendedor hoje precisa fazer planejamento, que é uma bússola para nortear o negócio. A falta dele é um dos principais fatores para a causa da mortalidade empresarial no Brasil."

Onde encontrar:

SMZTO - https://www.smzto.com.br/

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