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Espaços colaborativos ajudam mães empreendedoras a expor e vender peças

Ana Ribeiro é criadora da Feira Ofício, espaço para mães empreendedoras Imagem: Arquivo Pessoal

Márcia Rodrigues

Colaboração para o UOL, de São Paulo

19/01/2025 05h30

Ana Ribeiro, 36, criou a Feira Ofício há 7 anos. Juliana Cesso, 44, abriu as portas do LivreMente Espaço Colaborativo em 2022. O que as duas têm em comum? Ambas são de São Paulo e decidiram empreender após a maternidade para ajudar outras mães a comercializarem suas peças de artesanato.

O que aconteceu?

As duas empreendedoras sentiram na pele a dificuldade de conciliar a maternidade com a vida corporativa. Ao optarem por empreender, viram que havia pouca oportunidade para mães venderem seus serviços e produtos sem ser pelas redes sociais ou internet. Com isso, tiveram a ideia de criar espaços para apoiar mães e mulheres artesãs.

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Espaço reúne mulheres e mães com produtos criativos

Maternidade foi ponto de virada. Para Ana Ribeiro, a chegada de sua filha Íris foi o início de uma transformação. Após enfrentar dificuldades para conciliar um emprego tradicional com a maternidade, ela decidiu criar a Feira Ofício, um espaço para reunir mães criativas.

O modelo é colaborativo. As marcas enviam os produtos e Juliana administra as vendas, estoque e atendimento.

Empreendedoras com produtos diversos. No primeiro ano, o evento contou com apenas 18 expositoras e se tornou uma grande família de apoio à comunidade. Atualmente, cerca de 100 mulheres empreendedoras de segmentos como alimentação, artesanato, moda e decoração participam mensalmente, sendo quase metade delas mães.

Prioridade são mães e trabalhos feitos a mão. Na Feira, que ocorre no segundo sábado de cada mês, na região central da capital de São Paulo, e na loja, a curadoria prioriza produtos manuais. A ideia de criar o site veio durante a pandemia.

Não tínhamos onde vender nossas peças durante a quarentena. Logo em seguida, decidimos manter um espaço físico para manter os artigos em exposição para vendas.
Ana Ribeiro, criadora da Feira Ofício

Vendas pela internet e espaço físico. A loja colaborativa e on-line conta com a exposição de 48 marcas, a maioria das empreendedoras está com ela desde o início. Os preços variam de R$ 21 (um incenso) a R$ 640 (um filtro de barro).

Hoje, o faturamento anual da loja colaborativa é de R$ 800 mil, o que mostra o sucesso do modelo. "Não tenho o controle sobre o faturamento da feira porque cada empreendedora é responsável pela sua participação", diz Ribeiro.

União e espaço físico

Juliana Moreiro Cesso criou o LivreMente Espaço Colaborativo Imagem: Arquivo Pessoal

De marca infantil a dona de espaço coletivo. Juliana, criadora do LivreMente Espaço Colaborativo, compartilha uma trajetória semelhante. Após lançar sua marca infantil, Livremente Kids, em 2016, ela percebeu a necessidade de um espaço físico para as marcas maternas que encontrava nas feiras. Assim, em 2022, nasceu o Livremente, que começou com 10 marcas e hoje abriga 35, a maioria de mães empreendedoras.

Trabalhamos com consumo consciente, priorizando materiais sustentáveis, manuais e de mães empreendedoras.
Juliana Cesso, criadora do LivreMente Espaço Colaborativo

Variedade de peças e opções para presente. Os preços no espaço variam de R$ 15 (acessórios como presilhas) a R$ 500 (móveis de brinquedo). O espaço também está disponível na internet.

Flexibilidade inclui a presença de filho no trabalho. Além de ser uma vitrine para os produtos, o Livremente funciona como um ponto de encontro e rede de apoio às mães. "Trabalhamos juntas, criamos parcerias. É uma verdadeira comunidade. Meu filho, o João, fica comigo no espaço todos os dias, depois que chega da escola", conta Juliana.

Espaço é 'disputado' por mães. Com um faturamento mensal de R$ 20 mil, o negócio também mantém uma fila de espera para marcas interessadas em participar.

Flexibilidade para produzir e vender

O papel das redes de apoio. De acordo com Ana Flávia Silva, gestora estadual do Sebrae Delas, iniciativas como a Feira Ofício e o LivreMente Espaço Colaborativo são fundamentais para mães empreendedoras. Esses locais oferecem flexibilidade, permitindo que as mulheres conciliem trabalho e cuidado com os filhos.

Custos reduzidos e parcerias. "Esses espaços proporcionam desenvolvimento profissional, apoio socioemocional e oportunidades de parcerias estratégicas", destaca Ana Flávia. Ela também enfatiza que as feiras e lojas colaborativas permitem às mães empreender com custos reduzidos, já que despesas são divididas entre participantes.

Modelo ganhou força no pós-pandemia. Segundo Ana Flávia, espaços colaborativos entraram no radar dos empreendedores após a pandemia. Hoje é possível expor produtos em feiras, em condomínios, eventos aos fins de semana e vendê-los em consignação. "Para as mães, esses ambientes vão além da comercialização: são pontos de conexão e crescimento", diz.

Vida profissional x maternidade. Para a especialista, ao criar esses espaços, Ana Ribeiro, Juliana Cesso e outras mulheres estão redesenhando a relação entre maternidade e empreendedorismo, mostrando que é possível equilibrar esses dois mundos com criatividade e colaboração.

Ana Flávia pontua os benefícios destes espaços para as mães empreendedoras:

1. Oferecem rede de apoio.

2. Desenvolvimento profissional e de competências socioemocionais aos grupos com base em temas comuns que precisam de solução e/ou melhoria.

3. oportunidade de realização de parcerias estratégicas entre as mamães empreendedoras.

4. Acesso a recursos compartilhados que contribuem para que as empreendedoras possam oferecer uma boa experiência presencial à cliente com baixo investimento.

5. Alternativas para as mães empreendedoras além das redes sociais:

  • Feiras
  • Espaços de Coworking
  • Lojas colaborativas
  • Venda em consignação em cooperativas

Locais são comuns, mas ainda são poucos. A CEO da Rede Mulher Empreendedora, Ana Fontes, diz que, apesar de estarem se tornando comuns, estes espaços ainda são insuficientes para a quantidade de empreendedoras."Cada vez mais ter espaços colaborativos e outros para que mulheres, especialmente mães, tenham esta flexibilidade de vender seu produto e serviço, conseguir sua renda e botar dinheiro na mesa são essenciais."

Feiras no mundo corporativo. Ela lembra que algumas grandes empresas oferecem espaços de feiras para empreendedoras venderem seus produtos nas suas instalações. "A Rede Mulher Empreendedora mesmo recebe pedido de indicação de empreendedoras para exporem seus produtos nestes ambientes."

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