Vida Veg investe R$ 10 mi em fábrica com meta de 'abocanhar' 10% do mercado

A Vida Veg quer crescer de 1% para 10% a sua fatia no mercado de leites vegetais até o final de 2026 — e chegar à liderança até 2028. Para isso, a empresa investiu R$ 10 milhões na ampliação da sua fábrica em Lavras (MG). A produção mensal aumentou cinco vezes — passou de 200 toneladas para 1.000 toneladas/mês.

O mercado de laticínios plant-based registrou crescimento de 9,9% em 2024. Movimentou R$ 749,6 milhões no ano passado — a previsão é chegar a R$ 1,3 bilhão até 2029. A categoria de laticínios plant-based abrange leite e iogurte à base de plantas. Os dados são da Euromonitor International, consultoria de análise de dados e pesquisa em mercados, indústrias, economias e consumidores.

Capacidade produtiva foi ampliada em 5 vezes

A Vida Veg foi criada em dezembro de 2015. A fábrica, que no passado havia sido um laticínio, produzia 500 quilos por mês, e o principal produto eram iogurtes à base de coco, arroz e amêndoas. Essa unidade fabril funcionou até 2020 e tinha capacidade produtiva de 20 toneladas por mês. Em 2020, uma nova fábrica foi inaugurada, e a capacidade de produção foi ampliada para 200 toneladas mensais.

Agora, a empresa investiu R$ 10 milhões para ampliar a produção, concluída em 2024. A capacidade produtiva mensal passou para 1.000 toneladas. "Aumentamos a capacidade produtiva em cinco vezes, e o espaço físico foi triplicado. Investimos em tecnologia para melhorar ainda mais nossos produtos em sabor. Foram instalados equipamentos mais modernos e eficientes na produção de bebidas, tanques de fermentação e equipamentos de homogeneização de cremes e pastas, e ampliamos as câmaras de estocagem", diz Álvaro Gazolla, 39, um dos fundadores da marca.

A Vida Veg atende 1% do mercado de leites vegetais e quer chegar a 10%.
Álvaro Gazolla, fundador e diretor comercial da Vida Veg

Preço do produto ainda é entrave

O preço do leite vegetal é mais alto que os produtos de origem animal. Na Vida Veg, uma garrafa de 700 ml de leite vegetal fica entre R$ 12,90 e R$ 15,90. "O grande desafio da categoria de bebidas vegetais passa por uma revisão tributária. A diferença tributária é de 35% em relação a produtos de origem animal", afirma Gazolla.

Isso reflete no perfil do consumidor da marca. Gazolla diz que, em geral, o consumidor da Vida Veg são as classes A e B e as pessoas com necessidades alimentares, como as que têm intolerância à lactose e alergia à proteína do leite de vaca, além dos que buscam uma alimentação mais consciente.

Nos leites vegetais, a matéria-prima é nobre, como castanhas, coco, aveia e amêndoas, e os custos são mais altos. Com essa diferença tributária, não tem como democratizar esses produtos. Mas o propósito da marca é ter preços mais acessíveis para o dia a dia das pessoas.
Álvaro Gazolla, fundador e diretor comercial da Vida Veg

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Leite, queijo e até homus

A Vida Veg tem cerca de 50 produtos no portfólio, como os leites vegetais
A Vida Veg tem cerca de 50 produtos no portfólio, como os leites vegetais Imagem: Divulgação

São cerca de 50 produtos à base de plantas no portfólio. Entre bebidas e alimentos, a marca produz queijos, leites, iogurtes, manteiga, cremes e requeijão, entre outros.

O mais recente lançamento é o homus alho e limão. O preço médio é R$ 20 (embalagem de 170 gramas). Outro destaque é o leite vegetal que dispensa refrigeração antes de ser aberto. "Por sua maior durabilidade, ele pode ser transportado com mais facilidade e levado a novas regiões, onde a Vida Veg ainda não estava presente", diz Gazolla. O preço vai de R$ 12,90 a R$ 15,90.

A marca não tem lojas próprias. Os produtos são vendidos para o food service (padarias e pizzarias, entre outros) e podem ser encontrados em cerca de 6.000 pontos de venda (supermercados, lojas naturais, empórios, etc.) e no e-commerce de parceiros. A empresa não vende diretamente ao consumidor final.

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Em 2024, a empresa faturou R$ 85 milhões. O lucro não foi divulgado.

Como a empresa foi criada

A Vida Veg foi fundada em 2015 por Gazolla e Anderson Rodrigues. Gazolla era sócio da Verde Campo, marca de produtos lácteos que foi pioneira no Brasil em lançar iogurtes com whey protein, iogurtes zero lactose e iogurtes para crianças sem conservantes. "Foi nesse período que enxerguei o potencial da categoria de alimentos saudáveis e sustentáveis", afirma.

Vegano, Rodrigues quase não encontrava alimentos que não envolvessem animais em sua produção. Na época, ele trabalhava em uma empresa especializada em genética e tecnologia de ponta em sementes de milho e sorgo para produção de grãos e silagem. Ao mesmo tempo, cursava mestrado de consumo consciente e percebeu que havia um nicho de mercado para mercados plant-based a ser explorado.

Preço alto e sabor são barreira

O consumo de produtos sustentáveis é tendência de mercado. Para Silmara Souza, consultora de negócios do Sebrae-SP, isso deve-se a alguns fatores, como um público consumidor mais preocupado com a sustentabilidade, com o estilo de vida mais saudável e mais adepto ao veganismo e outras vertentes de consumo, como o flexitarianismo (diminuição do consumo de produtos de origem animal), além de mais pessoas intolerantes à lactose.

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"A Vida Veg deve ficar atenta a outras questões que estão surgindo dentro do mercado de leite vegetal, para saber o que o consumidor quer, como um leite vegetal com mais proteína ou uma embalagem sustentável. Esses são alguns pontos que a empresa deve ficar de olho", afirma Silmara.

Conhecer o público consumidor e otimizar a produção. Silmara diz que a empresa deve investir em pesquisa de mercado para entender quem é o público da marca (intolerantes, veganos, preocupados com a causa animal, etc.) e, com isso, otimizar a produção dos produtos, o marketing e a comunicação com o consumidor. "Vale, por exemplo, evitar lançar produtos que não têm tanta aceitação no mercado", diz.

O preço alto e sabor ainda são uma barreira. "Como tem um custo elevado, nem todo público consegue substituir diariamente o leite de origem animal por um de origem vegetal. O consumidor quer um produto mais barato e com sabores mais próximos ao original. Portanto, a empresa não precisa, necessariamente, criar novos produtos, mas melhorar os que já tem", declara.

Nem todo mundo acha o produto vegano gostoso. É preciso melhorar a saborização, mas sem perder o apelo do sustentável e do saudável.
Silmara Souza, consultora de negócios do Sebrae-SP

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