Pelados na barbearia: negócio nudista atrai fetichistas e rende R$ 20 mil

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O barbeiro Paulo Motta, 28, faz sucesso com um salão nudista, que oferece serviços de beleza aliado ao fetiche para os clientes que buscam algo além do simples corte de cabelo ou barba. O empreendimento ousado traz um retorno financeiro mensal de até R$ 20 mil ao jovem cearense, que largou uma faculdade para empreender naquilo que lhe dá mais prazer, em todos os sentidos.
O que aconteceu
Paulo tinha 15 anos quando saiu de Tauá, no interior do Ceará, para morar em São Paulo. Na capital paulista, trabalhou como atendente de restaurante e chegou a tentar uma faculdade de Medicina Veterinária, mas abriu mão do curso durante a pandemia de covid-19. Foi justamente nesse período que o cearense decidiu empreender na barbearia — uma área que já despertava seu interesse, mas que ele reinventou com um toque de intimidade entre barbeiro e cliente.
Motivado pelo cansaço da rotina universitária e do trabalho no restaurante, Motta decidiu se profissionalizar em cortes e cuidados masculinos. "Pensei em investir em algo que me proporcionasse independência, e aí surgiu a ideia da barbearia", relata.
Inicialmente, devido à realidade pandêmica da época, ele oferecia os serviços a domicílio. A ideia de tirar a roupa veio com o tempo, à medida que os clientes começaram a pedir também serviços de massagem e depilação. Não demorou para que Motta decidisse se dedicar exclusivamente à barbearia.
Com a demanda crescendo, ele abriu seu primeiro espaço na Vila Mariana, tradicional bairro da zona sul paulistana. "Coloquei na balança o que rendia mais: o salário do restaurante ou a barbearia? Era algo novo, que eu estava amando e que me dava um retorno particularmente bom, então decidi seguir essa profissão", explica.
"Por causa do serviço a domicílio juntei uma grana e aluguei o primeiro espaço na Vila Mariana, depois migrei para um estúdio no mesmo bairro até apostar na casa, que é um ambiente maior".
A ideia de oferecer o corte nu surgiu da necessidade de atrair mais clientes para o salão recém-inaugurado. Foi então que Motta apostou no público adepto da chamada "brotheragem", leia-se pegação entre homens.
Surgiu a necessidade que eu tive de me renovar, me ofertar de alguma forma, digamos assim, convidativa, para a galera ir fazer o serviço de barbearia. Comecei de cueca, depois fiquei nu, foram dois dias trabalhando pelado e a timidez já era. Os clientes foram aumentando, o negócio foi crescendo, chamei outro barbeiro, depois outros profissionais e mudamos para um lugar maior e mais reservado.
Paulo Motta, empreendedor
Público tem fetiche
Paulo afirma estar completamente adaptado a ficar pelado para realizar os serviços na barbaria. No espaço, assim como ele, todos os profissionais ficam o tempo todo sem roupa. O cliente pode optar por tirar a roupa ou ficar seminu. Esse clima de descontração, ressalta o empresário, deixa o ofício mais "prazeroso", além de ser um "fetiche" de muitos homens que curtem o toque íntimo durante o corte, pela relação de cumplicidade criada entre os dois.
É uma experiência gostosa. Molda tudo: o tesão, se sentir mais livre, conforto de não usar nada. É gostoso sentir o corpo nu, o cliente nu. É um fetiche para ambos os lados.
Para popularizar a barbearia nudista, o empresário apostou nas redes sociais. Ele criou perfis em plataformas como o Instagram e o X (nesta o conteúdo é ousado) e rapidamente atraiu público que vem de diferentes partes da cidade. "A gente recebe cliente de todas as zonas de São Paulo", diz ele, que prefere manter o empreendimento na Vila Mariana pela discrição da região.
Negócio deu certo e proporciona liberdade ao cliente
Barbearia tem uma renda mensal média na faixa de R$ 15 a 20 mil, tirando as despesas. No entanto, "depende do mês", afirma o empresário. "A gente recebe uma média 30 e 40 pessoas às sextas-feiras e aos sábados. Durante a semana o número é um pouco abaixo, estou lutando para subir esse número para uma média de 25 clientes por dia na semana".
Além do corte de cabelo e barba, o espaço oferece outros serviços. Os profissionais, todos masculinos e completamente pelados, também são especialistas em massagem relaxante e tântrica, depilação, manicure e pedicure, esfoliação corporal, entre outros.
Durante os serviços, Motta admite que toques íntimos são normais, mas ressalta ser sempre consensual para ambas as partes. "Rola porque é muito convidativo, porque você está fazendo o serviço, aquela parada de encostou [a genitália] pode tocar se ambos derem consentimento."
A gente sempre deixa claro que o envolvimento entre os profissionais e clientes é consensual. Os profissionais são seres humanos, têm seus gostos pessoais."
Clientes podem ficar pelados ou seminus, e o local conta com armários para guardar pertences pessoais. Enquanto aguardam o serviço contratado, eles podem circular pelo ambiente, tomar uma cerveja e interagir com outras pessoas. Por "interagir", entenda-se desde uma conversa casual até pegação com masturbação a dois ou coletiva, sexo oral ou algo além.
Aqui tem uma área mais social, onde a galera pode ficar à vontade entre eles para paquera e pegação. Temos a proposta de os clientes interagirem entre si, o que torna o ambiente ainda mais convidativo, porque aí eles não fazem apenas o serviço, como também podem curtir o lugar. O cliente ganha duas coisas ao mesmo tempo: o serviço que contratou e a curtida com outros clientes. Em outros salões você vai receber apenas o serviço, sem a relaxada.
O perfil do público que frequenta a barbearia nudista é, em sua maioria, composto por homens entre 25 e 40 anos. Muitos são casados com mulheres, mas vivem, às escondidas, o interesse pelo nudismo e pela pegação com pessoas do mesmo sexo.
O cliente não paga para entrar nem para interagir no espaço. "As pessoas se pegam, mas também rola um clima amigável, aproveitam para descontrair. Isso é bacana, deixa a casa leve. É uma barbearia voltada para o público adulto, temos essa interação, o cliente pode ficar mais à vontade. A única regra é não exagerar — mas a brotheragem, ficar à vontade, isso é permitido", esclarece Motta.
"Gosto da liberdade de me entregar ao fetiche", relatou ao UOL um cliente do espaço, que preferiu não ser identificado. Ele conta que já visitou outras barbearias nudistas fora do país, principalmente na Europa, e celebra a chegada desse tipo de ambiente também ao Brasil, embora de forma ainda modesta.
"Todo homem tem fetiche de sentir o barbeiro 'roçar' o pênis quando está cortando o cabelo. Aqui a gente pode fazer isso com mais liberdade, sem pudores e ainda tomar uma cerveja e fazer novas amizades", completou.
Serviço
Motta Barbearia e Estética Masculina
Valores:
Corte: R$ 65
Barba: R$ 65
Combo: R$ 110
Massagem relaxante: R$ 200
Massagem tântrica: R$ 250
Depilação: preço depende da área do corpo
Esfoliação corporal: R$ 170
Manicure e pedicure: R$ 110
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