Americana filha de brasileiros abre brechó no Brasil e quer ter 50 lojas

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Em 2010, aos 17 anos, Michelle Svicero abriu o seu primeiro brechó, em Bauru (SP). Agora, ela tem planos ousados: abrir 50 unidades do Release Brechó Premium e chegar a um faturamento de R$ 90 milhões, quando a rede estiver completa. Michelle, 31, nasceu nos EUA, é filha de imigrantes brasileiros e voltou ao Brasil com 2 anos de idade.
No início, preconceito com brechós
Ela nasceu em North Bergen, no estado de New Jersey (EUA). É filha de imigrantes (pai Manuel e mãe Rosimeire) que foram trabalhar no país. Em 1995, quando ela tinha 2 anos de idade, a família voltou para o Brasil. Eles foram morar em Bauru.
Aos 15 anos, Michelle fez um curso livre de moda. Em uma dinâmica do curso, a professora desafiou os alunos a encontrar roupas de uma certa década em brechós da cidade.
Na época, existia preconceito em comprar coisas usadas, e a palavra brechó era até pejorativa. Mas fui até um brechó e, em meio àquela desordem, encontrei um monte de peças legais, com tecidos e estampas incríveis. Foi assim que comecei a consumir peças de brechós.
Michelle Svicero, fundadora do Release Brechó Premium
Como ela iniciou o negócio
Queria se vestir bem com pouco dinheiro. Michelle diz que viu nos brechós da cidade de Bauru uma oportunidade de vestir-se bem gastando pouco. Ela postava em seu blog pessoal, que ficou no ar de 2004 a 2009. O seu olhar apurado para selecionar peças e o bom gosto chamaram a atenção das suas seguidoras.
Convite para ter espaço físico. "Organizei um bazar que marcou meu primeiro contato direto com clientes e rendeu um convite para vender minhas peças em um espaço físico, nos fundos de uma loja de calçados de uma conhecida", afirma Michelle, que garimpava peças nos bazares e brechós da cidade. Depois, os itens passavam por higienização, etiquetagem e conserto e ganhavam "vida nova" em produções fotográficas. Hoje, ela é formada em designer de moda.
Em 2010, ela abriu o Mi Svicero Vintage Shop. Investiu R$ 400 no negócio. Em 14 anos, Michelle trocou o nome do negócio três vezes: passou para Vintage Shop (2015), depois para Suspire (2020) e, desde o ano passado, para Release Brechó Premium.
Brechó tem até 'maridódromo'
Os principais produtos são bolsas, roupas e calçados. Em geral, são itens para o público feminino adulto e de marcas nacionais e internacionais. Os preços são muito variáveis, e os descontos variam de 50% a 90% em relação aos valores das peças novas. Segundo Michelle, é possível encontrar blusas a partir de R$ 29 e até bolsas de luxo, como as da marca Louis Vuitton, por R$ 5.000 —segundo ela, essa mesma bolsa nova custa de R$ 12 mil a R$ 13 mil em lojas oficiais. As peças vêm de fornecedores, em sistema de consignação, ou são compradas diretamente de lojistas e representantes.
Tem apenas uma unidade própria, em Bauru. O espaço tem ainda brinquedoteca, área pet e até um "maridódromo" —uma sala para os maridos relaxarem, enquanto esperam suas mulheres nas compras, com cadeira de massagem, wi-fi, cerveja e amendoim à vontade. "Foco muito na experiência do cliente, proporcionando um espaço bonito, agradável e diferente", diz Michelle.
Os canais de venda são a loja e as redes sociais. Só no Instagram da marca tem cerca de 44,9 mil seguidores.
Em 2024, a única loja faturou R$ 2 milhões. O lucro não foi revelado.
Plano de expansão ousado. Neste ano, a empresa tem meta de abrir 50 unidades em todo o país. O modelo de negócio é loja de rua. Uma franquia da marca custa R$ 243 mil.
Expansão é desafio
O segmento de economia circular está em alta no Brasil. Portanto, diz Davi Jerônimo, consultor de negócios do Sebrae-SP, a empresa está na tendência desse mercado de consumo.
Loja estruturada e experiência do cliente são pontos altos do negócio. "O conceito dela não é só vender roupas usadas, mas ter um espaço acolhedor e confortável. Tudo isso agrega valor à marca dela", afirma ele.
Expandir sem testar o modelo de negócio é um desafio. O consultor diz que o plano de expansão do Release é ousado. No entanto, diz ele, a marca tem apenas uma loja própria. "Para escalar, é preciso, antes, testar o modelo de negócio em outra região e com outro público, para ver como o mercado funciona. Toda empresa com só uma unidade no mercado tem um desafio maior para escalar", afirma.
Outro ponto de atenção é a logística. Para Jerônimo, em um processo de expansão, a empresa precisa buscar parceiros e fornecedores, para que possam atender as demandas do público daquela região. "Nesse segmento, a regionalização precisa ser considerada. A empresa deve fazer um estudo do mercado para conhecer o seu público."
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