Empresa de biometria facial tem Palmeiras, Flamengo e Timão como clientes
Claudia Varella
Colaboração para o UOL, em São Paulo
23/04/2025 05h30
Os principais palcos do Campeonato Brasileiro, como Allianz Parque, MorumBIS, Maracanã e agora Neo Química Arena, são clientes da Bepass, empresa especializada em acessos por biometria facial. Ricardo Cadar, 53, abriu o negócio em 2022, apostando no mercado privado esportivo. Em 2024, a empresa faturou R$ 9 milhões.
Estádios de futebol são clientes
Allianz Parque tem 100% de acesso por biometria facial. O estádio do Palmeiras tem mais de 1 milhão de torcedores cadastrados. A Bepass tem contrato apenas com o clube. Portanto, atende somente as partidas de futebol no local. "O Palmeiras foi o primeiro clube a assinar conosco. Nesses mais de 2 anos de parceria, ele se tornou o primeiro estádio do mundo com 100% de acesso por biometria facial", afirma.
Timão e São Paulo são novos na carteira da Bepass. Desde janeiro deste ano, o São Paulo, no MorumBIS, é cliente da Bepass. Já o Corinthians, que administra a Arena Neo Química, firmou contrato agora em abril.
Outros grandes clubes no portfólio. Entre os clientes da Bepass, estão os clubes que administram os estádios: Arena do Grêmio (Grêmio), Maracanã (Fluminense e Flamengo que mandam jogos no estádio), Nilton Santos (Botafogo) e Vila Belmiro (Santos). Já os contratos com os estádios Arena Fonte Nova, em Salvador (BA), e Arena das Dunas, em Natal (RN), foram firmados com as empresas que administram o local (e não com os times que jogam lá).
No total, são cerca de 3,5 milhões de torcedores cadastrados na plataforma. Juntos, os clientes da Bepass representam 80% da torcida brasileira, segundo Cadar.
Clientela fora do futebol. A Bepass também opera no setor de entretenimento. A empresa implantou a biometria facial em diversos eventos, como no Camarote Bar Brahma no Carnaval deste ano em São Paulo e na 69ª edição da Festa do Peão de Barretos em 2024, que recebeu cerca de 900 mil visitantes.
Aberta em 2022 em São Paulo com investimento inicial foi de R$ 600 mil. Entre 2023 e 2024, a empresa recebeu R$ 8 milhões em aportes de três fundos de investimentos: Ingresse, Outfield e Linkinfirm.
Em 2024, o faturamento foi de R$ 9 milhões. O lucro não foi informado.
Fim dos cambistas e sustentabilidade
Uma das grandes vantagens da biometria facial é acabar com o cambismo. "A reclamação das torcidas é que os cambistas compram ingressos como sócio-torcedor e os revendem, seja o ingresso físico ou por QR Code, para outras pessoas na porta do estádio. Com a biometria facial, isso acaba, pois não tem como passar um ingresso comprado para outra pessoa, pois o rosto do comprador está atrelado ao CPF dele", afirma Cadar.
Como a biometria facial é feita. Na hora da compra do ingresso, o clube já manda os dados do torcedor para a Bepass, que, por sua vez, faz o cadastramento da biometria facial. "Fazemos o link CPF com a foto da pessoa que comprou o ingresso", diz Cadar. E como comprar mais de um ingresso? Segundo ele, o torcedor poderá continuar comprando ingressos desde que os associe a CPFs diferentes na hora da compra e que esses CPFs tenham cadastro na Bepass.
Segurança e fluidez do público. Cadar diz que a biometria facial também traz mais segurança aos clubes e melhora a fluidez do público na entrada dos estádios.
Outra vantagem é a sustentabilidade. "Eliminamos o uso do plástico em crachás, cartões e ingressos. Isso gera comodidade para o público, pois o ingresso passa a ser a face. Desta maneira, eliminamos toneladas de emissão de C02 e reduzimos toneladas de resíduos plásticos", afirma Cadar.
Obrigados por lei. A Lei Geral do Esporte (Lei 14.597/2023) torna obrigatório que todos os estádios com mais de 20 mil lugares adotem a biometria facial até junho deste ano. "Com isso, projetamos um crescimento ainda maior em relação aos clubes atendidos no Brasil", afirma Cadar.
Metas para 2025
Expansão para o exterior. A empresa também está se preparando para a internacionalização de seus serviços. Segundo Cadar, o foco são estádios nos EUA, México e países da Europa. "Já estamos negociando com alguns times estrangeiros para a implantação do sistema a partir do segundo semestre", diz. Por questão estratégica, os nomes dos times não foram divulgados.
Faturamento e base de torcedores. "Nosso objetivo é chegar a R$ 22 milhões em 2025, além de ampliar nossa base de torcedores cadastrados para 7 milhões", diz Cadar.
Gestão de dados é ponto de atenção
Mais segurança e agilidade. Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação, diz que há o aspecto positivo da tecnologia em si, que dá segurança e agiliza o processo de autenticação e registro em um estádio ou espaço público. "A Bepass foi muito perspicaz em investir nesse tipo de inovação. É uma tecnologia que auxilia amplamente na praticidade, reduz ou elimina o cambismo e dá segurança ao informar quem está presente em eventos em tempo real", afirma.
Adeus a ingressos falsos. Para Igreja, por ser altamente difícil de fraudar, o reconhecimento facial evita práticas como uso de ingressos falsos, identidades trocadas ou acessos indevidos. "A autenticação é instantânea, permitindo maior agilidade em entradas e eliminando filas, bem como reduz os custos operacionais", diz.
Cuidado com a gestão de dados. O especialista diz que, por se tratar de biometria, os cuidados estão relacionados, especialmente, às questões éticas, de guarda dos dados, vazamentos e modelo de negócio. "A parte mais crítica está relacionada em como a empresa fará a gestão dos dados, pois ela coleta algo que é muito sensível, e isso precisa ser levado em conta acima de tudo. Precisa ter bem especificado os termos de uso, o grau de governança das informações e a ética que a empresa precisa ter, que nesse caso deve ser inabalável", declara.
Tecnologia em franca expansão. "A tecnologia de reconhecimento facial definitivamente não é nova, mas está em franca expansão, traz praticidade e tem um amplo potencial de crescimento. O reconhecimento facial está se consolidando como um dos pilares da identidade digital do futuro, sem depender de senhas, documentos ou dispositivos físicos", afirma.
Empresa está na vanguarda da transformação. Para ele, empresas como a Bepass, ao aliarem inovação com responsabilidade social e regulatória, estão na vanguarda da transformação. "O sucesso da tecnologia, no entanto, dependerá da capacidade de equilibrar eficiência, segurança e privacidade em escala", declara.
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