Rede de bolos caseiros abre loja própria em Portugal para testar franquia

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Para testar seu modelo de negócio fora do país, a Casa de Bolos abriu uma loja própria em Lisboa, em Portugal. A pretensão da marca é deflagrar seu plano de expansão internacional via franquias no final do ano. A empresa mapeou 35 locais possíveis para implantação de lojas no país.
A Casa de Bolos foi fundada por Sônia Ramos, 79, em 2010. Atualmente, os sócios da empresa são os quatro filhos dela. A marca tem hoje 600 unidades em operação.
Testar antes de franquear
A loja em Lisboa é de rua. Começou a operar em outubro do ano passado, no bairro Areeiro. Quem toca o negócio é o sócio Eduardo Ramos, diretor-executivo da empresa.
Plano inicial era abrir a loja em 2020. "A vontade de levar o negócio para o exterior surgiu ainda em 2018. O primeiro plano era abrir a primeira loja em 2020, mas, em razão de demandas internas e projetos de crescimento no mercado nacional, a proposta foi adiada", afirma Rafael Ramos, sócio e diretor de marketing.
Todo o processo está sendo estruturado. Fabrício Ramos, sócio e diretor comercial da marca, diz que a empresa decidiu por uma loja própria justamente para testar todo o negócio em Portugal, antes de abrir para franqueados. "Estamos aprimorando os conceitos de franquias para Portugal, com adaptação de produtos, criação de cadeias de fornecimento e homologação de insumos, entre outras medidas. Antes de franquear a marca em Portugal, precisamos ter todo o processo bem desenhado", afirma.
Por que começar por Portugal? "Portugal é uma excelente experiência porque, culturalmente, está mais próximo do Brasil, e é muito aberto ao turismo europeu. Portanto, Portugal é um grande caminho na Europa para a nossa marca", declara.
Previsão de abrir franquias no final deste ano. Segundo Fabrício, a empresa prevê começar a abrir franquias no final do ano e começo de 2026. "Lisboa tem potencial para mais unidades; depois vamos para outras cidades, como Porto, Coimbra e Aveiro", diz. O mapeamento feito pela empresa mostra 35 locais possíveis para a implantação de lojas.
Marmelada no lugar de goiabada
Cardápio tem menos opções. A Casa de Bolos levou para Portugal cerca de 60 sabores de bolos —- no Brasil, a marca tem 120 sabores.
Algumas adaptações foram feitas. "Os portugueses já conhecem alguns bolos clássicos, sendo necessário apenas ajustes de nomenclaturas. Em outros casos, adaptamos matérias-primas que são tradicionais do Brasil", diz Fabrício. Por exemplo: a castanha-do-Pará foi substituída por amêndoa, mais comum em Portugal. Outra mudança foi trocar goiabada por marmelada no recheio dos bolos. "A marmelada é um doce muito consumido pelos portugueses", diz. Toda a produção é feita na própria loja.
A receptividade foi muito positiva, pois, diferente do que se pensa, o bolo caseiro já era algo conhecido dos portugueses, inclusive com venda em mercados e padarias. Assim, estamos conseguindo agregar novos sabores e combinações ao paladar português.
Rafael Ramos, diretor de marketing da Casa de Bolos
Faturamento da loja. O faturamento médio mensal da loja de Lisboa é de 15 mil euros (cerca de R$ 96,7 mil).
Ideia do negócio surgiu no café da tarde

Sônia Ramos, a 'vó Sônia', é a fundadora da Casa de Bolos. A primeira loja foi aberta em 2010, em Ribeirão Preto (SP).
Bolos 'pra fora' para completar a renda. Antes, Sônia fazia bolos para casamentos e aniversários como uma forma de complementar a renda da família e auxiliar nas despesas de casa. "Nesse tempo em casa, nunca faltava um bolinho caseiro para reunir toda a família ao redor da mesa. Sempre foi o meu prazer e grande alegria", afirma.
Filho desempregado foi o estímulo para o negócio. Sônia diz que, em 2009, seu filho Rafael havia sido demitido. "Preocupados com as contas do mês, nos reunimos para um café da tarde e, entre uma conversa e outra, surgiu a ideia de comercializar os bolos que eu fazia com tanto amor. Era uma solução simples, nascida ali mesmo, à mesa da sala, com receitas de família, ingredientes de verdade e aquele sabor que remete à casa de vó", afirma.
Desafio de tornar o pequeno negócio familiar em uma grande empresa. Sônia diz que, no início, o maior desafio foi entender como transformar um negócio tão familiar em algo maior. "Alguns chegaram até a desconfiar do potencial do bolo caseiro e da possibilidade de produção em grande escala. Outro desafio foi manter em nossos bolos a mesma qualidade e carinho que eu fazia em casa, algo que, felizmente, temos conseguido realizar com bastante êxito", afirma.
Fundadora não exerce mais função administrativa. Ela faz parte da área consultiva da empresa e de desenvolvimento de novas receitas e produtos. "Ainda continuo fazendo bolos. Inclusive, a parte dos testes dos sabores conta com o meu conhecimento e carinho para trazer o melhor para a mesa dos consumidores", declara.
Empresa é familiar. A diretoria da Casa de Bolos é dividida entre os seus quatro filhos. Eles são sócios e atuam diretamente na gestão da empresa.
A Casa de Bolos tem 600 lojas em operação. Destas, oito são próprias (7 no Brasil e 1 em Portugal). No Brasil, uma franquia da marca custa a partir de R$ 187 mil. Em 2024, o faturamento da empresa foi de R$ 580 milhões.
Produção de 55 mil bolos por dia
O bolo de maçã com castanha é o mais vendido da rede. Mas outros sabores também fazem sucesso, como o tradicional bolo de fubá, o primeiro bolo lançado pela Casa de Bolos e segue até hoje no cardápio. Com o tempo, este sabor ganhou combinações novas, como fubá com goiabada, fubá com erva-doce e fubá cremoso. A marca vende ainda bolos caseiros no pote, sobremesas geladas e tortas, entre outros.
Toda a produção é artesanal. É feita diretamente pelos franqueados nas cozinhas de suas próprias unidades. Por dia, segundo a empresa, são produzidos 55 mil bolos.
Usar expertise nacional em Portugal
Empresa tem maturidade para a expansão internacional. "Por estar há bastante tempo no mercado no Brasil e ser uma marca conceituada aqui, a Casa de Bolos chega ao exterior com maturidade para identificar os riscos envolvidos nessa expansão. A marca sabe que os desafios que vai enfrentar lá podem ser amenizados com o sucesso da operação brasileira. É diluir os riscos", afirma Márcio Guerra, consultor de negócios do Sebrae-SP.
Abrir loja é uma etapa de internacionalização avançada. Para Guerra, geralmente as marcas começam a ir para o exterior por meio da exportação de seus produtos. "Chegar a Portugal já com uma loja própria em operação é um passo avançado e até ideal para uma marca que trabalha com produtos perecíveis e que devem chegar à mesa dos portugueses com qualidade e frescor."
Crescer via franquias. O consultor diz que a empresa deve usar a expertise de crescimento aqui no Brasil no processo de franquear a marca em Portugal.
Importante conhecer os hábitos portugueses. Segundo Guerra, a marca deve se preocupar em estudar muito bem os hábitos do povo português, para saber oferecer os produtos ideais nos momentos certos. "Atenção ainda à opinião dos consumidores que estão tendo contato com a marca. Isso ajuda a aperfeiçoar a qualidade dos produtos e serviços.
Não esquecer da comunidade brasileira. "Vale mirar a comunidade brasileira, que é relevante, lá em Portugal. É abraçar o mercado da saudade, ou seja, atender um público que pode estar carente de produtos brasileiros", declara.
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