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Mais da metade das empresas diminui exigências na contratação, diz pesquisa

Por Viviane Macedo

Em São Paulo

25/05/2011 07h00

A falta de mão de obra qualificada no Brasil fez com que muitas empresas buscassem uma saída rápida para a contratação. A solução encontrada por mais da metade das organizações (54%) para contratar um profissional de nível técnico ou operacional foi diminuir as exigências. O item experiência profissional foi relevado por 83% delas. Isso é o que revela o estudo Carência de profissionais no Brasil, realizado pela Fundação Dom Cabral com 130 empresas de grande porte de todo o território nacional, em março deste ano.

 

A pesquisa constatou que 81% das organizações têm problemas na contratação devido a escassez de profissionais qualificados no mercado.

 

“A dinâmica do mercado de trabalho mudou muito. Antes tínhamos uma contratação generalista, mas hoje a busca é pelo especialista, no entanto o currículo escolar não acompanhou essa mudança”, diz o coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral e responsável pela pesquisa, Paulo Resende. 

 

Para ele, a grade de matérias das universidades ainda é pouco voltada para essa demanda de mercado, que busca cada vez mais por profissionais especializados. “Com isso os generalistas têm grande dificuldade de encontrar um emprego, e as empresas, problemas na contratação do perfil desejado”, aponta.

 


Em alerta

Funções que apresentam qualificação profissional mais precária

Técnico40%
Coordenação/Supervisão36%
Engenheiro Sênior27%
Analista28%
Engenheiro Pleno26%
Gerência22%
Operador23%
Engenheiro Júnior Trainee20%
Assistente/Auxiliar14%
Estagiário7%
Diretoria5%
Outros4%

 

Segundo a pesquisa, as principais áreas da empresa onde é mais difícil encontrar profissionais capacitados são Produção / Chão de Fábrica, 52%, Planejamento, 32%, e Logística, 23%.

 

Quando são enumeradas as funções com qualificação profissional mais precária, a tabela ao lado apresenta o que é mais representativo para as empresas. Funções técnicas e de coordenação e supervisão ganham destaque.

 

“No caso do técnico conseguimos entender, pois realmente estamos formando menos estes profissionais”, explica. “Já, os cargos de coordenação e supervisão percebemos um outro aspecto: muitos deles acabam esquecendo um pouco do mercado fora da empresa, e caem na superespecialização, isso é, eles são tão especializados que só servem para o trabalho que fazem naquela empresa e área”, comenta Resende.

 

 

 

O que diferencia...

 

Segundo Resende, quem mesmo sem a capacitação necessária consegue conquistar uma vaga, geralmente, tem no perfil três características essenciais: Visão ampliada, capacidade de gerenciar e disponibilidade. Ele explica cada um dos pontos:

 

Visão ampliada, sistêmicaÉ o profissional que desde a entrevista mostra que consegue ver a empresa como parte de um sistema maior, consegue demonstrar essa capacidade de enxergar a organização num contexto global.
Capacidade de gerenciarEle precisa acreditar que uma equipe joga melhor que um indivíduo, e ter a capacidade de gerenciar times, levar as pessoas para ele.
Disponibilidade/desprendimentoEmpresas querem profissionais disponíveis. Que elas saibam que podem contar num final de semana ou fora do período de trabalho, caso seja preciso. Aquele que tenha disponibilidade para acompanhar a a organização pelo mundo.

 

Pesquisa da Manpower enumera as 10 profissões com maior escassez no mercado: