IPCA
0,46 Jul.2024
Topo

Secult (BA) exonera responsável por edital que beneficiaria candidatos com "experiência sindical e partidária"

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

24/02/2012 14h05

A Secult-BA (Secretaria de Cultura do Estado da Bahia) decidiu exonerar o superintendente de desenvolvimento territorial da cultura, Adalberto Santos. Ele foi o responsável pelo polêmico edital para contratação de nove representantes territoriais de cultura que poderia conceder até dez pontos a candidatos com "experiência sindical e partidária”.

 

Em nota encaminhada à imprensa na noite de ontem (23), a Secult-BA informou que, “em virtude dos últimos acontecimentos”, o secretário de cultura da Bahia, Albino Rubim, “aceitou” o pedido de exoneração de Adalberto Santos.

 

A Secult-BA já havia decidido suspender o concurso para a revisão do edital. Segundo nota publicada pela Secretaria, “o processo de avaliação dos critérios de seleção do edital para contratação dos representantes territoriais já está em andamento e que em breve será informada a nova data de abertura das inscrições.”

 

Tempo no sindicato valeria mais que faculdade

 

As inscrições deveriam ser iniciadas hoje para o certame. Os técnicos permaceriam na função até dezembro, com salário mensal de R$ 1.980. O edital foi publicado no início do mês e previa que um candidato ganhasse até 10 pontos pela atuação em sindicatos, partidos e organizações da sociedade civil. Para conseguir a pontuação, seria preciso provar que atuou por quatro anos --são 2,5 pontos por ano.

 

Pelos critérios do edital, o ano de atuação sindical ou política valeria mais que as atividades artísticas (atividade-fim da função), que prevê apenas dois pontos a cada 12 meses de participação.

 

De acordo com o edital, uma pessoa que tenha feito graduação na área teria sete pontos na análise de currículo – três a menos que a atuação em sindicatos ou partidos. Já uma pós-graduação na área vale os mesmos dez pontos da atuação política. Já outras pós-graduações valeriam apenas sete pontos.

 

Crítica

 

O professor e especialista em concursos públicos, Waldir Santos, chama a atenção para o fato de que o edital, além de agraciar com pontos militantes políticos e sindicais, ainda previa, no caso de não preenchimento da vaga, “a contratação direta com aplicação de entrevista”.

 

Para ele, o critério usado no edital “deixa claro que a regra tem o escancarado propósito de beneficiar algumas pessoas.”

 

De acordo com o professor de cursinho preparatório para concursos, Luís Vilar, uma seleção pública deve priorizar e cobrar do candidato notório conhecimento sobre a função que vai ocupar e não analisar o passado sindical o político do candidato.

 

“O concurso precisa ser justo na cobrança de conteúdo e títulos. E a melhor forma de se fazer isto é relacionar o que é cobrado com o cargo que se pretende ocupar. O Estado precisa muito mais de pessoas qualificadas, com conhecimento, eficiência e eficácia que com bandeiras políticas ou ideologias A ou B”, disse.