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Métodos de técnicos de futebol podem ser usados nas empresas; veja perfis de liderança

Edson Valente

Do UOL, em São Paulo

29/05/2012 06h00

  • Arte UOL

Não é por acaso que são chamados de professores. Eles têm a missão de orientar equipes cujos integrantes, de características bastante distintas, precisam harmonizar seus esforços para obter os melhores resultados ante as adversidades.

 

Não estamos falando de líderes e gestores das companhias, e sim de técnicos de times de futebol. Mas, na verdade, os métodos de comando que empregam podem muito bem ser aplicados no ambiente corporativo.

 

Afinal, sua expertise tem de passar pelas várias esferas do gerenciamento organizacional. Em primeiro lugar, é necessário que entendam a fundo as características do negócio a que se dedicam.

 

Muito desse conhecimento é adquirido nos cargos mais operacionais dos gramados. Nomes de destaque do atual mercado da bola, como Felipão, Tite, Leão, Muricy Ramalho e Vanderlei Luxemburgo, “comeram muita grama” como jogadores antes de chegarem às posições que ocupam hoje .

 

 

Desses chefões também é exigido que trabalhem as questões comportamentais ligadas ao desempenho. A diversidade dos perfis de seus “funcionários” requer um elenco também multifacetado de táticas de motivação.

 

Alguns subordinados respondem melhor a uma conversa ao pé do ouvido e a feedbacks privados mais regulares. Outros precisam ser submetidos a desafios constantes de superação. Assim, entender a multiplicidade psicológica dos membros do grupo é um pré-requisito para uma boa performance de liderança.

 

Em alguns aspectos, ser técnico é ainda mais difícil que assumir um posto gerencial em uma empresa. “Nos clubes, é preciso lidar com o ego dos atletas, muito valorizados pela mídia”, pontua Thiago Scuro, professor do MBA de Gestão e Marketing Esportivo da Trevisan Escola de Negócios.

 

Outra dificuldade surge na hora de dividir responsabilidades. “Na maior parte das vezes o treinador toma as decisões sozinho, diferentemente do que acontece com o gestor no mundo corporativo”, avalia Scuro.

 

E, se a substituição do lateral ou do goleiro não muda o placar do jogo, em geral o tomador da decisão também não tem companhia na hora de pagar a conta pelo erro.

 

O ciclo de recuperação de um fracasso, contudo, é bem mais curto que no ambiente empresarial, ressalva o especialista. “A derrota em uma partida pode ser revertida alguns dias depois. Em muitos segmentos de negócio, o prazo para superar um revés é muito mais longo”, compara.

 

NOVO PERFIL

 

Apesar de a vivência de boleiro ser uma das grandes educadoras dos treinadores do momento, o padrão do técnico que assume a prancheta depois de aposentar a chuteira tende a ir para o banco, de acordo com Scuro.

 

“Tem surgido um profissional que se capacitou, estudou, trabalhou em categorias de base. É uma evolução de carreira mais parecida com a verificada nas empresas”, constata.

 

“Se ele começa como auxiliar técnico ou observador aos 18 anos, aos 30 e poucos já terá atingido um alto nível como líder.”

 

E o grande desafio desse comandante, diz, é estar à frente de uma geração de jogadores que não aceitam mais a imposição de ordens --“precisam ser convencidos” do valor de determinada orientação.