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Indústria diz que roupa barata da China cria cemitério de empregos no país

Mariana Bomfim

Do UOL, em São Paulo

27/10/2014 19h53

Empresários e trabalhadores da indústria têxtil fizeram, nesta segunda-feira (27), um ato de protesto pelo fechamento de postos de trabalho no setor.

Nos últimos 12 meses, foram eliminadas 16.441 vagas com carteira assinada na indústria de vestuário e têxtil no Brasil, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), ligado ao Ministério do Trabalho. Os manifestantes culpam as roupas baratas de países asiáticos. 

Considerando o período entre janeiro e setembro de 2014, contudo, houve criação de 17.819 vagas.

Os manifestantes fincaram 150 cruzes no canteiro central da avenida Otto Baumgart, na zona norte de São Paulo, como referência a um “cemitério de empregos”.

Concorrência desleal prejudica indústria, dizem entidades

“A indústria têxtil e de confecção está diminuindo no país”, diz Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção). “Estamos perdendo empregos para outros países.”

A competição com produtos baratos de países asiáticos, como China e Paquistão, foi um dos alvos do protesto. Pimentel diz que a indústria asiática não cumpre leis trabalhistas, tributárias e ambientais, que são aplicadas às empresas brasileiras e encarecem a produção. Por isso a competição dos produtos brasileiros com os asiáticos seria desleal.

“Não somos contra a importação, mas é preciso exigir desses países marcos regulatórios mínimos”, diz.

Setor pede redução da carga tributária

Outra reivindicação do setor para aumentar a competitividade da produção têxtil brasileira é a diminuição da carga tributária. “Hoje, as confecções pagam de 12% a 25% da receita bruta em impostos. Queremos que esse número seja de 5% para toda a cadeia produtiva”, diz Pimentel.

A Abit apresentou ao Ministério da Fazenda e ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em 2013, uma proposta de tributação do setor, o Regime Tributário Competitivo para a Confecção.

O documento diz que a redução da carga tributária para 5% criaria 597 mil vagas e aumentaria a produção em 117%, até 2025.

O UOL contatou o Ministério da Fazenda para saber em que estágio estão as negociações com o setor. Até a publicação desta reportagem, porém, não houve resposta.

O ato "Cemitério dos Empregos" foi organizado por Abit, Sinditec (Sindicato das Indústrias de Tecelagem de Americana, Nova Odessa, Santa Bárbara d´Oeste e Sumaré), Sinditêxtil-SP (Sindicato de Fiação e Tecelagem de São Paulo, Sindivestuário (Sindicato das Indústrias do Vestuário de São Paulo), Conaccovest (Confederação Nacional dos Trabalhadores das Indústrias do Setor Têxtil, Vestuário, Couro e Calçados), Fetratex (Federação dos Trabalhadores Têxteis) e Sindmestres (Sindicato dos Mestres e Contramestres de São Paulo).