IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Em meio à crise, vale a pena trabalhar na Petrobras? Consultores respondem

Thelma Wiegert, funcionária da Petrobras que protestou contra imagem negativa dos trabalhadores da empresa - Reprodução/Facebook
Thelma Wiegert, funcionária da Petrobras que protestou contra imagem negativa dos trabalhadores da empresa Imagem: Reprodução/Facebook

Ricardo Marchesan

Do UOL, em São Paulo

24/02/2015 06h00

Nesta quinta-feira (26) termina o prazo de inscrição para o programa de estágio da Petrobras. Tempos atrás, a oportunidade de começar a carreira na estatal mais importante do país não seria questionada por ninguém.

Mas será que a série de escândalos de corrupção que envolvem a empresa devem fazer o candidato a um cargo, ou mesmo quem já trabalha lá, repensar essa decisão?

Para Eduardo Bahi, consultor de carreira na Thomas Case & Associados, os problemas da Petrobras não são motivo para desistir de buscar uma chance na empresa. "Eu acredito que não haja interferência nenhuma, principalmente em cargos técnicos. Não deixaria de orientar cliente [a entrar na Petrobras]".

A consultora de carreiras Dolores Affonso diz que a decisão deve ser bem pensada. "Se o profissional espera retorno a curto prazo, não vale a pena entrar agora. A situação complexa que ela enfrenta pode não garantir melhoria de carreira, benefícios e mesmo uma boa remuneração em pouco tempo", afirma.

Segundo a consultora, porém, pode ser uma boa chance para quem deseja um desafio e está pensando mais à frente.

"Todas as grandes empresas passam por crises. Com perdas, queda na Bolsa, e depois se reestruturam", afirma. "Fazer parte dessa reestruturação pode ser uma grande oportunidade. É muito positivo [para a carreira] participar do retorno ativo de uma empresa como a Petrobras".

Corrupção pode deixar funcionário com imagem negativa

Incomodados com a repercussão negativa das denúncias de corrupção na empresa, alguns funcionários da Petrobras chegaram a iniciar um protesto em redes sociais. Priscila Norcia, que trabalha na comunicação e é uma das organizadoras da iniciativa, afirmou que queriam "resgatar a credibilidade que foi roubada" dos empregados. 

"Não raro, somos vítimas de insinuações de amigos ou conhecidos de que teríamos nos beneficiado desse esquema apenas por trabalhar na empresa, a ponto de essa situação ficar insustentável", disse Thelma Wiegert, outra organizadora, em entrevista à BBC Brasil.

Dolores Affonso afirma que a questão ética deve ser levada em conta na decisão de entrar na Petrobras, já que o profissional sempre deve estar de acordo com os ideais e a missão da empresa. "Hoje o que [a Petrobras] escreve em sua missão e valores é diferente do que coloca em prática".

Eduardo Bahi não acredita que os desvios éticos da empresa podem "manchar" a carreira de um profissional que passe pela Petrobras. "Não acho que a Petrobras tenha um valor que não seja ético. Todos sabem que são profissionais pontuais [que cometeram desvios]", afirma.

Para ele, "trabalhar em uma multinacional de grande porte tem um peso no currículo. Não é qualquer um que consegue emprego na Petrobras".

Concorrência em concursos é grande

Por enquanto parece que as denúnicas de corrupção não inibiram candidatos a buscar um emprego na companhia. Em concurso da Petrobras Distribuidora que está em andamento foram 122.750 inscritos para preencher 47 postos de trabalho, uma relação de 2.611 candidatos por vaga, segundo a empresa.

Atualmente, a companhia tem 58.618 empregados. De acordo com a Petrobras, ela realiza pesquisas anuais de satisfação dos funcionários, alcançando na última o índice de 69%, com nível de comprometimento de 71%. Ela também afirma que, entre os empregados que saíram de lá nos últimos cinco anos, a média de permanência na empresa foi de 27,5 anos.