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Formação não concluída, idioma: mentiras que as pessoas põem no currículo

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

02/07/2020 12h07

Carlos Alberto Decotelli, ministro da Educação escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), pediu demissão nesta semana após vir a tona que informações que constavam de seu currículo acadêmico não eram verdadeiras.

Mentira tem perna curta, ainda mais na hora de concorrer a uma vaga de emprego. "Colocar aquela mentirinha no currículo não é um bom negócio para nenhum profissional e pode fazer você perder a vaga de emprego e até ter sua reputação no mercado abalada", declarou Lucas Oggiam, diretor da Page Personnel, empresa de recrutamento especializado em profissionais de nível técnico e suporte à gestão.

Para ele, a mentira é uma "questão de ética". "É mais grave mentir no currículo do que a própria deficiência técnica ou de formação profissional que a pessoa tenha", declarou.

A empresa levantou quais as principais mentiras que as pessoas colocam em seus currículos. Veja abaixo.

1. Nível de idioma

Se você tem apenas o inglês intermediário, não adianta colocar no currículo que o idioma é avançado, porque essa mentira certamente será descoberta pelo recrutador durante a entrevista. Inflar a fluência e o domínio de uma língua tem se tornado uma prática muito comum.

"De todas, essa é a mentira mais peculiar, porque basta aplicar um teste para saber se o profissional domina ou não aquele idioma", afirmou Oggiam.

Segundo ele, as pessoas mentem sobre idioma no currículo basicamente por dois motivos: para chamar a atenção do recrutador ou simplesmente por acreditar que a empresa não irá testar na entrevista.

"O profissional acredita que esse fato pode passar em branco na entrevista ou que, se testado, ele consegue se virar, alegando que está 'um pouquinho enferrujado' no momento", disse Oggiam.

2. Formação não concluída

Tentar dar um "upgrade" na carreira colocando no currículo cursos que não foram concluídos é outra mentira percebida pelos recrutadores.

"Quando um candidato coloca no currículo que fez esse ou aquele curso, mas não apresenta os certificados, isso já acende a luz amarela para o recrutador. Daí basta fazer uma varredura para descobrir se aquelas informações declaradas no currículo são verdadeiras", afirmou Oggiam. Isso inclui qualquer tipo de conclusão de cursos, como graduação, extensão ou de qualificação.

"Quando o entrevistado começa a resposta falando 'veja bem' ou 'então', já notamos que há algo errado. São essas pequenas deixas que nos fazem desconfiar. Mentir ou omitir uma informação dessas é um erro totalmente desnecessário", declarou.

3. Datas de admissão e desligamento

O diretor da Page Personnel diz que adulterar históricos de entrada e saída de uma empresa ou, ainda, manipular o tempo de permanência entre um emprego e outro, abreviando ao máximo esse intervalo, também tem sido comum nos currículos.

"Às vezes, o candidato mente sobre essas datas por ter medo de que essa sua passagem rápida por uma empresa ou por estar muito tempo fora do mercado de trabalho possa prejudicar o seu processo seletivo atual", afirmou.

Segundo ele, o melhor é explicar durante a entrevista os reais motivos de seu pouco tempo na empresa anterior ou desse intervalo. "A sinceridade é a competência mais valorizada que um candidato pode ter", declarou Oggiam.