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Este conteúdo é uma produção do UOL Content_Lab para Sebrae-SP e não faz parte do conteúdo jornalístico do UOL. Publicado em outubro de 2021

No coração das healthtechs

Programas de incentivo aliados a universidades tornam SP o ambiente ideal para startups da área de saúde

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Divulgação

Em 2018, elas eram 248. Três anos mais tarde, as healthtechs, startups da área de saúde, mais que triplicaram e já são cerca de 900 no país, segundo dados da plataforma de inovação Distrito. A emergência de novas demandas na área de saúde tem impulsionado o surgimento de tecnologias inovadoras para atendê-las no curto prazo.

O segmento é tão dinâmico que a maioria das healthtechs brasileiras têm menos de 5 anos. Só em 2021 elas já receberam investimentos de US$ 235 milhões — volume duas vezes maior do que o total levantado em 2020.

"A demanda do setor de saúde é crescente e essas empresas conseguem criar soluções cada vez mais rápidas e eficazes", afirma Eduardo Cicconi, gerente de Inovação e Tecnologia do Supera Parque, localizado em Ribeirão Preto (SP). "Neste ano, 23 novas startups acessaram o complexo tecnológico por meio do processo seletivo da incubadora, sendo 12 da área da saúde. Essas empresas têm acesso a toda a infraestrutura do complexo tecnológico", completa

Agilidade em prol da saúde

Empresas tradicionais têm buscado o conhecimento desenvolvido pelas healthtechs para solucionar problemas pré-existentes ou emergentes. E há diversas categorias de startups nesse segmento: elas podem oferecer novas tecnologias para a realização de exames ou para gerir clínicas médicas, facilitar cotações de planos de saúde ou criar dispositivos inteligentes, como acessórios vestíveis para monitoramento de sinais, entre muitas outras inovações.

De forma ágil e inovadora, as startups conseguem apresentar soluções que tornam o setor mais eficiente, melhorando o serviço de saúde como um todo. "A pandemia acelerou algumas regulamentações do setor e permitiu que soluções de healthtechs chegassem mais rápido ao mercado. As teleconsultas, por exemplo, ainda eram restritas no começo do ano passado e hoje são uma prática comum", diz Guilherme Sanchez, gerente de inovação do Harena, hub para desenvolvimento tecnológico do Hospital do Amor, de Barretos (SP).

A cerca de 420 km da capital paulista, o maior centro de tratamento oncológico da América Latina tem moldado a vocação empreendedora da cidade e atraído a atenção de quem planeja usar tecnologia com a finalidade de apresentar soluções para o setor de saúde.

"O hospital faz mais de 6.000 atendimentos por dia e está presente em 15 estados. Estamos focados no fortalecimento desse ecossistema para promover inovações em saúde", afirma Sanchez.

Esse fortalecimento teve início há três anos, quando o Sebrae-SP iniciou um mapeamento que indicou a saúde como um dos potenciais da cidade. Desde 2019, Barretos e Ribeirão Preto, distantes 120 km, são reconhecidas como Arranjos Produtivos Locais (APL) de saúde, o que torna a região uma referência nessa área.

Em Ribeirão Preto, o APL da Saúde conta com cerca de 200 indústrias dos segmentos de equipamentos médico-odontológicos, saúde animal, cosméticos e fármacos e biotecnologia. "Com o APL, a região de Ribeirão Preto se tornou uma referência no que diz respeito à saúde, o que contribui para os negócios das empresas, aumentando a competitividade na medida em que gera mais visibilidade", diz Cicconi.

Com a pandemia, o estímulo às inovações na saúde se tornou ainda mais necessário. Precisamos apoiar os empreendedores do setor

Wilson Poit, superintendente do Sebrae-SP

Eretz.bio/Divulgação
Eretz.bio, a primeira incubadora de startups da área de saúde no Brasil

Simbiose pioneira

Em 2017, o Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, criou a Eretz.bio, a primeira incubadora de startups da área de saúde no Brasil. O diretor-executivo de inovação e gestão do conhecimento do hospital, Rodrigo Demarch, explica que a interação entre a instituição e as healthtechs tem crescido e traz benefícios mútuos.

"Elas ajudam instituições grandes e complexas como o Einstein a passarem por um processo de transformação digital. Não existe processo de transformação digital sem startups", diz Demarch. O benefício para a instituição é que, por serem mais ágeis, essas pequenas empresas tecnológicas conseguem testar novos produtos de uma maneira diferente que uma grande organização, cujo foco principal é outro.

Por outro lado, a vantagem para elas é contar com o suporte de instituições sólidas. "É uma simbiose. Estando próximas de uma grande instituição, elas conseguem acessar não só recursos, mas capital intelectual para validar seus produtos e serviços", completa o diretor-executivo do Einstein.

A pandemia de covid-19 trouxe exemplos práticos da relevância dessa união, explica Demarch. Duas startups da Eretz.bio, a Hoobox e a Radsquare, trabalharam juntas na incubadora para criar um totem que mede a temperatura dos pacientes à distância e ajudar na triagem de potenciais casos de infecção pelo coronavírus logo na entrada no hospital. "O equipamento já estava em operação quando havia apenas 27 casos confirmados da doença no Brasil".

Heathtech Barretos: para acelerar iniciativas de todo o país

Nos últimos dois anos, foi possível construir em torno da cidade um ecossistema de inovação em saúde. Em maio, o Sebrae e o Harena lançaram um programa de aceleração voltado para startups de saúde, o Healthtech Barretos.

No primeiro ciclo, foram selecionadas 14 startups em todo o país. O segundo está em andamento, com 10 healthtechs, e outros dois já estão previstos para 2022. O programa oferece durante três meses capacitações, mentorias e conexão com o ecossistema de saúde, além de interação entre os participantes. Além disso, um dos trunfos do programa é permitir o contato direto com a jornada do paciente e profissionais de saúde na atenção primária, secundária ou terciária da saúde pública.

Essas iniciativas podem, por exemplo, desenvolver soluções que facilitem teleconsultas, reduzam o tempo de tratamento do paciente ou alcancem uma resolução mais rápida do diagnóstico. Também podem estar voltadas para soluções gerenciais do sistema de saúde ou dispositivos inteligentes, como acessórios vestíveis para monitoramento de sinais, entre muitas outras oportunidades.

"Ao terminar o ciclo do Healthtech Barretos, a startup, a depender de sua maturação, é convidada para vir a Barretos para uma validação da iniciativa no Hospital de Amor. É rico para as duas partes, porque o hospital resolve um problema real e a empresa testa em larga escala sua solução", explica Sanchez

Sagil/Divulgação
Alexandre Bueno, sócio-fundador da Sagil Tecnologia

Com internet das coisas, startup quer vender para o mundo

Foi por causa do ciclo que o empreendedor Alexandre Bueno conseguiu ver nascer o produto cujo desenvolvimento concentrou sua atenção nos últimos três anos: um equipamento conservador de vacinas que utiliza altas doses de inovação para garantir que a temperatura e a umidade do produto estocado se mantenham no intervalo adequado. A ideia deu origem à startup Sagil Tecnologia, da qual Bueno é sócio-fundador, e foi concebida pouco antes que as vacinas dominassem o debate mundial.

Os primeiros produtos desenvolvidos têm destino certo: serão instalados no Hospital de Amor. A Sagil Tecnologia é uma das 14 startups que fizeram parte do primeiro ciclo do programa. "O Healthtech permitiu que nos aproximássemos do Hospital de Amor. Está nascendo em Barretos um padrinho institucional que vai facilitar nossas vendas", diz Alexandre Bueno, sócio-fundador da Sagil Tecnologia. Ele mora em Campinas, a cerca de 330 km de Barretos, mas o programa o aproximou da cidade.

Bueno é especialista em internet das coisas e desenvolveu um conservador de vacinas e de medicamentos que conta com monitoramento de temperatura e umidade a distância. Até agora, conta ele, isso era feito no Brasil por um funcionário da farmácia ou hospital munido de prancheta e papel. Por isso, são constantes as perdas de produtos, que muitas vezes valem milhares de reais.

A internet das coisas é a tecnologia que permite que a prancheta seja trocada por um aplicativo, com controle 24 horas por dia. "É o primeiro conservador do mundo a ter internet das coisas e inteligência artificial. Estamos colocando a internet de coisas como um diferencial competitivo", diz ele, que já tem um acordo com a operadora Claro para levar o produto para a América Latina.

Por enquanto, a Sagil aguarda a fase de testes no Hospital de Amor, mas Bueno já faz planos para o futuro. Os próximos produtos estarão focados em monitoramento de bolsas de sangue e de órgãos e, em relação aos possíveis clientes, partindo de Barretos o mundo é o limite.

"Barretos pode se transformar no útero de startups de saúde para o mundo. Aqui tem tudo que é preciso para uma startup prosperar e conta com um hospital que pode validar essas iniciativas com base em confiança", diz Bueno. "Se Barretos incorporar inovação na área de saúde e trouxer inteligência artificial e internet das coisas, eu vejo Barretos duas ou três voltas à frente de outras cidades do segmento."

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