A cerca de 140 km dali, Campinas é outro importante polo de inovação no Estado. E um pouco mais distantes, é possível encontrar São José dos Campos, onde ficam o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais); de Ribeirão Preto, com um campus da USP; e da própria capital paulista, onde a presença sobretudo da USP, que tem o Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), e da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) alavancam os índices de produção científica.
São Paulo, aliás, é a única cidade latino-americana a figurar no ranking dos locais que mais contribuem para a ciência de alto impacto mundial, segundo o Nature Index Science Cities - um suplemento do grupo Nature. A lista, liderada por Pequim, é baseada na afiliação acadêmica de autores de artigos científicos de alto impacto.
Aliás, artigos publicados nos principais periódicos do mundo são sinais de cientistas trabalhando. Essa pesquisa de ponta, que é desenvolvida em diversas áreas do conhecimento, está frequentemente associada aos centros de excelência acadêmica, que criam um ecossistema de incentivo à inovação.
Na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), as empresas criadas por alunos e ex-alunos contam com um ecossistema bem-sucedido e retroalimentado pelo grupo de empresas-filhas da universidade. A Agência de Inovação Inova Unicamp começou a cadastrar as empresas-filhas em 2006. Hoje, são mais de mil negócios cadastrados, que, juntos, somam mais de R$ 8 bilhões em faturamento por ano. As startups gestadas na Incamp (incubadora de empresas de base tecnológica da Unicamp) representam 7% do total.
Lá, quando um professor identifica no trabalho científico o potencial de produto ou serviço inovador, comunica à Inova, que é responsável pela avaliação e gestão da propriedade intelectual, o que inclui o depósito da patente ou o registro do software e a oferta de transferência de tecnologias para empresas. A partir daí, empresas podem sinalizar interesse em determinada descoberta, para uma futura parceria, ou o próprio pesquisador pode decidir desenvolver um modelo de negócio. Para isso, ele tem à disposição uma estrutura voltada para oferecer mentorias, laboratórios e troca de conhecimento.
"A Inova oferece aos cientistas que permeiam a universidade um ambiente em que eles consigam se engajar e amadurecer as qualidades empreendedoras. Não é para todos, o cientista não precisa ser empreendedor, mas há um caminho para os que querem ser", diz a professora Ana Frattini, diretora executiva da Agência de Inovação Inova Unicamp. Esse caminho oferece uma disciplina focada na construção de um modelo de negócios e pode evoluir para a oportunidade de passar até 3 anos incubado na Incamp.