As agtechs podem ser classificadas de acordo com o momento da gestão agrícola em que atuam: antes (pré-cultivo), dentro ou depois da porteira.
Antes da porteira estão, por exemplo, startups que oferecem o compartilhamento de maquinário, insumos melhorados geneticamente ou serviços financeiros. Dentro da porteira estão as soluções destinadas a monitorar a plantação ou o rebanho, a fazer uso inteligente de recursos e a oferecer maquinário disruptivo em tecnologia, entre outros. Por fim, as empresas que oferecem produtos e serviços para depois da porteira se concentram em novos métodos de armazenamento da colheita, rastreamento ou marketplaces para a comercialização da safra.
Sete em cada 10 agtechs do país atuam dentro da porteira. Uma delas é a Cropman, startup que utiliza algoritmos e mineração de dados para criar mapas de diagnóstico do solo e, assim, indicar para o agricultor onde é preciso usar determinado insumo.
A ideia de negócio surgiu dentro da universidade, quando um dos sócios tentava entender por que determinada área produzia mais do que a do vizinho. Até então, o agricultor se orientava pela paisagem, buscando identificar que ponto do terreno era mais fértil. "Mas tem muita coisa que o olho não vê. A tecnologia agora consegue analisar isso sem subjetividade", diz Henrique Junqueira Franco, um dos fundadores.
Isso evita, por exemplo, que se dê a mesma dose de adubo ou de fertilizante para toda a área de cultivo, tornando o manejo da terra mais eficiente, e se quantifique com precisão o montante de sementes para cada ponto do terreno. "A inteligência artificial vai substituir o técnico de campo", diz ele.
Fundada em 2018, a empresa conta hoje com 12 pessoas na equipe. Recebeu mentoria do Sebrae-SP por meio do programa Start Agro e investimentos da Fapesp, passou pelo Pulse, hub da empresa de energia Raízen, e hoje faz parte do Cubo, maior hub de startups do país.
No início deste mês, a Cropman fez um acordo comercial com a CNH (New Holland) para que os sensores acoplados nos maquinários agrícolas possam colher dados para alimentar os serviços de mapeamento vendidos por ela em toda a América Latina. "Estamos em fase de ganho de mercado. Com essa parceria, queremos em cinco anos atingir 5% de toda área cultivável do país", prevê Franco.