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Ouro tem melhor rentabilidade em 2011, mas consultores questionam o investimento

Arko Datta/Reuters/Arquivo
Imagem: Arko Datta/Reuters/Arquivo

Anne Dias

Do UOL, em São Paulo

16/01/2012 09h00

Em 2011, qual foi o investimento que deu maior rentabilidade líquida (sem inflação, taxas e Imposto de Renda)? O ouro. Qual investimento rendeu mais que dólar, tesouro direto, fundo DI, Bolsa ou poupança? Ele de novo, o ouro. Qual é o investimento que o mundo todo vê como porto seguro? Adivinha. O ouro.

Dito isso, você pode concluir que ele, o ouro, pode ser uma boa opção de diversificação para você também. Muitos consultores financeiros discordam, por uma série de motivos. Vamos a eles.

Há o problema básico sobre onde guardar o metal. Você deixaria sua peça em casa?

Há o risco da variação dos preços do ouro e do dólar. “Nosso ouro segue o preço do ouro negociado nos Estados Unidos, então o dólar afeta bastante”, afirma o consultor financeiro André Massaro, da MoneyFit.

Ele não gera renda, ao contrário de outros investimentos, como ações que pagam dividendos ou dos títulos públicos. “A única forma de ganhar dinheiro com ouro é tirando proveito da movimentação de preços. O ouro é altamente especulativo, exige um 'timing' adequado para ser operado. Se investidores profissionais já têm muita dificuldade em acertar o 'timing' correto, imagine os amadores...”, diz Massaro.

Outro problema: a cotação. “O preço do ouro não depende só do aumento ou diminuição de sua produção, pois ele é diretamente afetado pela conjuntura econômica mundial. Os países que dispõem de grandes reservas de ouro colocam e retiram o ouro do mercado de acordo com suas necessidades econômicas e financeiras”, afirma o consultor financeiro Conrado Navarro, sócio do site Dinheirama. Daí o caráter especulativo do metal.

Resumindo: “O preço do ouro depende da instabilidade política dos países produtores, da atuação de investidores e especuladores no mercado internacional, do preço do petróleo, do mercado de câmbio, da inflação, da perspectiva de produção futura, das jazidas em atividade, das crises econômicas mundiais, entre outros fatores”, afirma Navarro.

Como investir, apesar dos riscos

Mesmo conhecendo os riscos, você pode acreditar que o ouro é uma boa alternativa para seu caso. Sendo assim, a melhor maneira de investir neste ativo é via corretoras, comprando e vendendo o metal na BM&F, ou no chamado mercado balcão, que são as corretoras e distribuidoras especializadas.

“Via de regra, negociar ouro é fácil, mas no caso da BM&F, se o investidor comprar ouro físico (em barras), na hora da venda ele terá que mostrar certificados de origem e pureza, e isso pode deixar a operação um pouco mais complexa”, diz André Massaro.

Segundo Navarro, as corretoras e distribuidoras de valores criaram diversos produtos a partir dos contratos e barras de 250 gramas, vendendo desde pequenas quantidades (1g a 10g).

“Você escolhe a quantidade e faz o pagamento via boleto bancário. O ouro é enviado pelos Correios e entregue em mãos com certificado de garantia e nota fiscal de negociação”, diz Conrado. Para vender, basta levar o ouro até um balcão de atendimento da corretora escolhida ou enviar o material pelos Correios e ela realizará a avaliação e recompra em até três dias úteis.

É possível também fazer o investimento via fundos, que cobram taxa de administração.

O Imposto de Renda que incide sobre o ouro segue as mesmas regras de um ativo de renda variável (isento até R$ 20 mil por mês ou 15% de imposto para quem não comprar e vender no mesmo dia e 20% para quem for fazer “day trade”).

A liquidez é alta, uma vez que as próprias corretoras acabam comprando o ouro.

“Basta o investidor levar seus documentos e os do ouro para que a equipe possa avaliá-lo e efetuar a recompra. A avaliação das barras de ouro e o pagamento são feitos na hora”, diz Navarro.