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Saiba quais os efeitos do processo de impeachment de Dilma no seu bolso

Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Sophia Camargo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/12/2015 16h54

Durante o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o investidor comum deve ter cautela e manter seus investimentos na renda fixa, de preferência em títulos pós-fixados, como o Tesouro Selic. A Bolsa não é recomendada. A avaliação é de três especialistas consultados pelo UOL.

Apesar de a Bovespa ter fechado esta quinta-feira (3) com alta de 3,3% e o dólar ter caído 2,26%, a R$ 3,749, eles preveem instabilidade no mercado enquanto o processo se desenrolar. 

Veja os destaques do que falaram:

INVESTIMENTOS: Mantenha aplicações em títulos pós-fixados, como o Tesouro Selic e evite dólar e renda variável (como Bolsa), a não ser que já seja um investidor mais bem preparado.

Apesar de terem se valorizado nesta quinta, os papéis da Petrobras não são vistos como bons investimentos. "Não compraria, pois o papel está sob pressão dos preços internacionais e de sua enorme dívida", diz Silveira.

DESEMPREGO: Deve continuar aumentando, na visão dos três analistas. “O processo de impeachment deve durar pelo menos seis meses. Nesse tempo, devemos ter um aumento do desemprego, pois a tendência é que o governo passe a se preocupar mais com a política e cuide menos da economia e dos ajustes necessários”, diz Mauro Calil, especialista em investimentos do banco Ourinvest.

INFLAÇÃO: Os economistas consultados dizem que o processo deve afetar pouco a inflação. “Nas próximas três semanas, nada deve acontecer no lado real da economia”, diz Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da TOV Corretora. “Se afetar alguma coisa, será por causa do dólar”, afirma o economista Alexandre Cabral, da NeoValue Investimentos.

Reações do mercado

"O mercado amanheceu como os palmeirenses depois do jogo de ontem, numa reação muito positiva depois de meses em queda, mas isso é a reação inicial. Agora é preciso ver como o processo de impeachment vai se comportar", afirma Silveira.

Para ele, o mercado considera mais provável que a presidente perca o mandato e por isso comemora. Segundo Silveira, se Dilma não sair, o mercado voltará a ter problemas.

Mauro Calil concorda. "Se houver uma tendência de o impeachment se confirmar, a Bolsa deve subir e dólar cair. Se travar o processo, ou não houver perspectiva de aprovação, volta tudo."

Mas, na avaliação do especialista, enquanto o processo não se define, os investimentos irão ficar extremamente instáveis e por isso é melhor ficar na renda fixa.

Empresário não investe enquanto falta confiança

Para Alexandre Cabral, quanto mais tranquilo e rápido for o processo de impeachment, melhor para a economia.

"Eu não acho que a presidente irá perder o mandato, e acredito que o processo poderá ser positivo para o mercado se ela tiver humildade para reconhecer erros anteriores e fizer um pacto com o Congresso para governar o Brasil."

Segundo ele, como o governo não tem mais dinheiro para investir, irá precisar do empresariado para se financiar. "Mas o empresariado só vai investir se tiver confiança. Enquanto houver dúvida, ninguém vai investir."

Os três especialistas recomendam manter aplicações em títulos pós-fixados, como o Tesouro Selic e evitar a renda variável (como Bolsa) e o dólar, a não ser que já seja um investidor mais bem preparado.