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Sacou dinheiro do FGTS? Veja como investir R$ 1.000, R$ 3.000 ou R$ 5.000

Getty Images/iStockphoto/StockFinland
Imagem: Getty Images/iStockphoto/StockFinland

Téo Takar

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/05/2017 04h00

Você sacou os recursos das contas inativas no FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), já pagou todas as dívidas e ainda sobrou dinheiro? O UOL ouviu especialistas e reuniu dicas para investir essa grana extra, de acordo com o tamanho da bolada e com o tempo que você pode manter o dinheiro guardado. Confira.

Antes de aplicar o seu rico dinheirinho, saiba que:

  • Investimentos em poupança, LCI e LCA, por exemplo, são isentos de Imposto de Renda. Para os demais investimentos sujeitos a IR, como os fundos e CDBs, a alíquota diminui conforme a duração do investimento; varia de 22,5%, para saques até seis meses após a aplicação, a 15%, para aplicações com prazo acima de dois anos.
  • Os grandes bancos cobram taxas mais salgadas e oferecem fundos menos rentáveis.

Até R$ 1.000

Sugestão: Esqueça a poupança. Uma alternativa tão simples e conservadora quanto à caderneta é um fundo de renda fixa referenciado no DI (esses fundos aplicam a maior parte do seu patrimônio em títulos públicos, as LFTs, também chamadas de Tesouro Selic).

Vantagens:

  • Risco pequeno: Esses fundos têm baixa instabilidade (rendem um pouco todo dia);
  • Liquidez: É possível sacar rapidamente no caso de uma emergência (no mesmo dia do pedido de resgate).
  • Rentabilidade: O rendimento acompanha de perto a taxa básica de juros, a Selic (hoje em 12,25% ao ano), e supera a poupança, mesmo a caderneta sendo isenta de Imposto de Renda e os fundos sofrendo retenção na fonte*.

Para ficar de olho: 

  • Tempo: Vale deixar o dinheiro no fundo por mais tempo para pagar menos IR e ter retorno ainda maior que na poupança.
  • Taxas: "Procure fundos DI que cobrem, no máximo, 1% ao ano de taxa de administração", afirma Sandra Blanco. "Caso contrário, uma taxa muito alta irá corroer o rendimento do fundo."
  • Instituições: Outra sugestão da especialista é procurar investimentos fora dos grandes bancos, que cobram taxas mais salgadas e oferecem fundos menos rentáveis. Pesquise sobre gestoras de recursos (instituições que montam e administram fundos e outros produtos de investimento; podem ser independentes ou ligadas a bancos e corretoras), corretoras de valores e bancos de menor porte.

É importante ressaltar que as gestoras independentes geralmente apresentam produtos com rentabilidade melhor e taxa de administração menor. Porém, seus fundos só costumam estar disponíveis em plataformas de investimento de corretoras, já que muitas vezes há conflito de interesse entre os fundos de gestores independentes com os fundos oferecidos pelo banco.

Há diversas corretoras disponíveis no mercado, que oferecem desde títulos do Tesouro Direto, passando por fundos, CDBs, RDBs, LCIs, LCAs de bancos médios e também ações listadas na BM&FBovespa. Para conhecer algumas das corretoras, você pode buscar a listagem do Tesouro Direto ou da BM&FBovespa.

Até R$ 3.000

Se você recebeu cerca de R$ 3.000 das contas inativas do FGTS, pode pensar em diversificar e arriscar um pouco mais em busca de retornos maiores. Vale a pena deixar o dinheiro rendendo por mais tempo --de preferência, alguns anos. "Como o FGTS é uma espécie de colchão de segurança, é interessante pensar em aplicar esse dinheiro por períodos mais longos, com foco na aposentadoria, por exemplo", declara Sandra Blanco, da Órama Investimentos.

Uma parte mais conservadora: Separe uma parte do dinheiro --por exemplo, R$ 1.000-- para eventualidades e coloque essa parte em uma aplicação conservadora e com liquidez, como o fundo DI, explicado acima.

Outra parte mais arriscada:

  • O restante pode ser colocado, por exemplo, em fundos que investem em títulos privados, ou seja, em papéis de dívida emitidos por grandes empresas. Esses papéis rendem um pouco mais que os títulos públicos, porque têm um risco um pouco maior.
  • Os fundos de ações também apresentam riscos, mas podem gerar ganhos maiores. Ao comprar ações, os fundos se tornam sócios das companhias, recebendo uma remuneração (dividendo) quando a empresa tem lucro e suas ações se valorizam. Por outro lado, se a empresa tem problemas ou prejuízo, as ações caem e seu dinheiro pode encolher.

Por isso, pesquise a composição da carteira do fundo, ou seja, saiba em que empresas o fundo investe e qual seu histórico de rentabilidade. Todo fundo possui um “Prospecto” e uma “Lâmina de Informações Essenciais”, nos quais você vai encontrar a “política de investimentos” (quais ativos o fundo investe) e o “objetivo do fundo” (por exemplo, superar o Ibovespa), além de outras informações básicas, como taxa de administração, valor mínimo de aplicação e resgate e data de pagamento do resgate. Esses documentos têm que estar disponíveis no site do banco ou da corretora que está oferecendo o fundo. Lá também você vai encontrar uma tabela de rentabilidade mensal com todos os fundos oferecidos pela instituição.

A taxa de administração também é importante. Não aceite fundos que cobrem taxas acima de 2% ao ano. E não tenha pressa em resgatar o dinheiro: os ganhos tendem a ser maiores se o dinheiro ficar mais tempo aplicado.

R$ 5.000 ou mais

Caso tenha conseguido sacar uma "bolada" do FGTS, poderá montar uma carteira de investimentos mais equilibrada e diversificada, já que o mercado financeiro oferece opções melhores de retorno e risco para quem tem mais dinheiro para investir.

Entre os fundos de investimento já citados anteriormente, você pode procurar produtos que exigem uma aplicação inicial maior, a partir de R$ 5.000 ou R$ 10 mil, mas, em contrapartida, cobram taxas de administração menores ou oferecem um rendimento maior.

Opções mais arriscadas:

  • Além de fundos de renda fixa conservadores e fundos mais arriscados, como os de ações, você também terá à disposição os chamados fundos multimercado, que combinam uma série de ativos, como juros, moedas, além de ações e títulos públicos e privados.

Aqui, novamente, a rentabilidade está diretamente relacionada ao nível de risco ao qual o fundo está exposto. "É importante ler o prospecto [contrato] do fundo e saber exatamente em que ele investe. Analise o histórico de rentabilidade. Informe-se também sobre as expectativas para os ativos nos quais o fundo investe", afirma Illan Besen, da BR Advisors.

E não esqueça de olhar a taxa de administração. Para Besen, 2% ao ano é uma taxa aceitável para um fundo com boa gestão.

Opções mais conservadoras:

  • Se você prefere correr menos riscos, mas, ainda assim, quer ter uma rentabilidade acima da inflação, pesquise aplicações em CDBs ou RDBs oferecidos por bancos de médio porte. Por serem menos conhecidas, essas instituições têm papéis com uma rentabilidade maior que os grandes bancos.

Ao investir em um Certificado de Depósito Bancário (CDB) ou Recibo de Depósito Bancário (RDB) você está, na prática, emprestando dinheiro para o banco. Ele emite um título com o valor da sua aplicação e com uma taxa definida, que pode ser prefixada (você já sabe na hora quanto vai receber) ou pós-fixada (atrelada a um percentual do CDI).

Garantia de até R$ 250 mil se o banco quebrar

Da mesma forma que ocorre em um empréstimo, o banco se compromete a pagar para você o seu dinheiro corrigido pela taxa definida e no prazo acertado. Se o banco não pagar, você será ressarcido pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até o montante de R$ 250 mil. Por isso é bom sempre ter em mente esse valor como limite na hora de investir em um banco menos conhecido.

Todos os bancos oferecem esses investimentos, mas as taxas mais atraentes estão entre os menores porque eles têm mais dificuldade de captar recursos de outras formas. Por isso, oferecem um rendimento maior para convencer você a colocar o dinheiro lá. 

Dinheiro fácil de resgatar

Há CDBs com prazos e taxas variados. Os mais comuns utilizam taxas pós-fixadas, atreladas ao CDI. Se você pretende usar uma parte do dinheiro logo, aplique em um produto com liquidez diária (que permite sacar o dinheiro rapidamente) ou com vencimento em seis meses ou um ano. Em geral, a aplicação mínima é de R$ 5.000.

Segundo Ricardo Zeno, sócio-diretor da AZ Investimentos, é possível encontrar papéis com liquidez diária que pagam no mínimo 100% do CDI (12,2% ao ano). Isso representa uma rentabilidade superior ao Tesouro Selic e aos fundos DI, uma vez que essas duas aplicações estão sujeitas à cobrança de taxas de custódia (Tesouro Direto) e de administração (fundos), enquanto o CDB é livre de taxas.

Impostos a pagar

Do ponto de vista do Imposto de Renda, todos esses produtos estão sujeitos às mesmas alíquotas de aplicações de renda fixa, seguindo a tabela regressiva, de 22,5% a 15%, conforme o prazo da aplicação.

"Quem puder abrir mão da liquidez [ter o dinheiro facilmente acessível] e investir parte do patrimônio por alguns anos vai ganhar mais", diz Zeno. Além do IR menor  (de 15% para aplicações acima de dois anos), os bancos também remuneram melhor os clientes que deixam o dinheiro aplicado por mais tempo.

Enquanto um CDB com liquidez diária paga 100% do CDI, é possível encontrar CDBs que só permitem saque após cinco anos, mas que remuneram seu dinheiro a uma taxa de 115% do CDI.

Proteger o dinheiro da inflação e ainda ganhar

Quem puder deixar o dinheiro rendendo por mais tempo também encontrará à disposição CDBs que pagam a inflação (IPCA) mais uma taxa de juros, que pode variar entre 5% e 6%, dependendo do banco e do prazo da aplicação (gira entre dois e cinco anos). "É uma boa forma de proteger o capital da inflação e, ainda, garantir um ganho real", afirma Zeno.

Esses papéis são muito parecidos com o Tesouro IPCA, disponível no Tesouro Direto. Porém, não estão sujeitos às taxas de custódia e corretagem, e ainda apresentam taxas ligeiramente maiores que as oferecidas pelo Tesouro atualmente.

Você pode encontrar CDBs e RDBs em corretoras e diretamente nos sites dos bancos. O site Poupa Brasil, mantido pela Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito), também é uma boa fonte para procurar esse tipo de investimento pois reúne vários bancos num único lugar.

* "Em 2016, um fundo DI rendeu, em média, 13%, contra 8,4% da poupança. Se você descontar o IR da aplicação após um ano, o rendimento líquido do fundo foi de 10,5%, ou seja, bem acima da poupança", afirma a consultora Sandra Blanco, da Órama Investimentos.

Mesmo no atual cenário de queda dos juros, Sandra diz que os fundos DI ainda devem permanecer mais atraentes que a poupança por um bom tempo. A situação só começaria a mudar caso a Selic caísse abaixo de 8,25%. "Mas até agora o mercado não vislumbra essa possibilidade para 2017, nem 2018."

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