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Com medo do que vai ocorrer ao seu dinheiro? Analistas dizem onde investir

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Imagem: Getty Images/iStockphoto

Sophia Camargo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

18/05/2017 16h15

As denúncias envolvendo o presidente Michel Temer mudaram o rumo dos investimentos. Se a previsão de queda nas taxas de juros estava empurrando os investidores a buscar aplicações mais arriscadas, agora a indicação dos especialistas é: fique na renda fixa.

A cotação do dólar chegou a subir 8% na manhã de quinta-feira (18) e as operações da Bolsa chegaram a ser suspensas pelo circuit breaker após o Ibovespa cair mais de 10%, com a apreensão do mercado com o que pode acontecer agora no cenário político e reflexos na aprovação das reformas.

Diante desse cenário de fortíssima incerteza, o UOL ouviu três especialistas para saber o que fazer com seu dinheiro agora. São eles: Alexandre Cabral, professor de Finanças do LabFin da FIA (Fundação Instituto de Administração); Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital; e Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Corretora.

Todos recomendam concentrar suas aplicações em renda fixa para se resguardar da turbulência e sobe-e-desce da renda variável, que devem aumentar muito. Bolsa, segundo eles, só para quem é muito experiente e sabe como aproveitar as quedas para fazer uma poupança no longo prazo.

Veja as dicas para cada investimento:

 

TESOURO DIRETO
simbolo do tesouro nacional - Alan Marques/Folhapress - Alan Marques/Folhapress
Imagem: Alan Marques/Folhapress

Os títulos do governo foram a aplicação mais recomendada pelos três especialistas.

Tesouro Selic, que segue a taxa de juros, é recomendado para quem precisa de dinheiro no curto prazo. Silveira não estipula limites para o investimento. Cabral sugere investimentos até R$ 5.000, pois acima desse valor é possível encontrar CDBs com liquidez diária em bancos que pagam acima de 101% do CDI.

Silveira discorda, pois acredita que em momentos de crise grave como esta, é melhor ficar em investimentos garantidos pelo governo, e fugir de crédito privado, caso do CDB.

O investimento em Tesouro Prefixado, que paga uma taxa já conhecida de juros, não é muito recomendado, pois é possível que as taxas de juros para prazos mais longo comecem a subir caso a crise se estenda.

Para longo prazo (como aposentadoria), a recomendação é o Tesouro IPCA+, indexado à inflação. Fique atento ao vencimento do papel no caso do Tesouro IPCA+ e do Tesouro Prefixado. Quem tirar o dinheiro antes desse prazo pode perder rendimento por conta da marcação a mercado, que altera diariamente o preço do papel para baixo ou para cima.

Para investir no Tesouro Direto, que é uma plataforma utilizada para comprar diretamente os títulos, é necessário abrir cadastro e ter conta em uma corretora ou banco. Veja um passo a passo de como investir.

O investimento paga Imposto de Renda, conforme o período de aplicação:

• Até 180 dias = 22,5%
• De 181 a 360 dias = 20%
• De 361 a 720 dias = 17,5%
• Acima de 720 dias = 15%

CDB
calculadora juros - Thinkstock - Thinkstock
Imagem: Thinkstock

Se o investidor encontrar uma aplicação cujo retorno for superior a 100% do CDI para um ano no mínimo, obterá um rendimento melhor que o Tesouro Selic, afirma Cabral.

Bancos menores pagam melhor: segundo Bergallo, é possível encontrar rentabilidades de até 116% do CDI. Nesse caso, o investidor fica impossibilitado de mexer no dinheiro por um período maior de tempo (superior a três anos), diz.

Mas altas rentabilidades podem significar mais riscos em bancos menores. Por isso, mantenha os investimentos dentro do limite de cobertura de R$ 250 mil do FGC (Fundo Garantidor de Créditos, que devolve o dinheiro ao investidor se o banco quebrar, dentro do limite de cobertura). Silveira desaconselha a aplicação no momento, mesmo com a garantia do FGC.

O CDB não tem taxa de administração, mas paga IR, conforme o período de aplicação:

• Até 180 dias = 22,5%
• De 181 a 360 dias = 20%
• De 361 a 720 dias = 17,5%
• Acima de 720 dias = 15%

FUNDOS DE RENDA FIXA
Juros gráfico - Shutterstock - Shutterstock
Imagem: Shutterstock

É preciso cuidado com taxas. O desejável em fundos DI é que a taxa de administração não passe de 0,8% ao ano, diz Cabral. Os fundos pagam Imposto de Renda. Quanto menos tempo deixar o dinheiro, mais paga:

• Até 180 dias = 22,5%
• De 181 a 360 dias = 20%
• De 361 a 720 dias = 17,5%
• Acima de 720 dias = 15%

Os fundos não têm a cobertura do FGC.

LCIs e LCAs
colheita plantação - Shutterstock - Shutterstock
Imagem: Shutterstock

As letras de crédito imobiliário (LCI) e as letras de crédito do agronegócio (LCA) são opções para investir em renda fixa e são atraentes pela isenção do IR e pela segurança do Fundo Garantidor de Créditos.

Segundo Bergallo, está difícil encontrar no mercado, e as taxas não estão muito atrativas. Silveira não aconselha investir em crédito privado agora, e muito menos em algo ligado ao mercado imobiliário. “Ninguém vai querer emprestar para o setor imobiliário com essa crise”, diz.

Uma desvantagem é que a aplicação tem prazo de no mínimo seis meses para retirar o dinheiro. Para aceitar o investimento, segundo Cabral, o investidor deveria procurar papéis que paguem acima de 85%  do CDI para um ano. Como as LCIs são isentas de IR, a remuneração de 85% do CDI nesse papel equivale a uma rentabilidade de 100% do CDI caso a aplicação escolhida seja um CDB. "Veja quem te remunera melhor e escolha”, diz.

POUPANÇA
Poupança - Shutterstock - Shutterstock
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A poupança tem tido um rendimento acima da inflação, mas, mesmo assim continua a não ser recomendada como um bom investimento pelos especialistas, que preferem indicar a aplicação no Tesouro Selic.

Alexandre Cabral acredita que, se o mercado se acalmar e os juros continuarem caindo, a rentabilidade da poupança antiga pode ser muito boa no ano que vem. “Mas, para o curto prazo, esquece: Tesouro Selic vale muito mais a pena”, diz.

A poupança pode ser usada para guardar o dinheiro do dia a dia, e por um período curto de seis meses. Tem a segurança do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que paga até R$ 250 mil para o investidor se o banco quebrar.

AÇÕES
Ações gráfico - Tony Gentile/Reuters - Tony Gentile/Reuters
Imagem: Tony Gentile/Reuters

Todos os especialistas desaconselham investir na Bolsa agora, a menos que a pessoa já tenha muita intimidade com essa aplicação.

“Quem é iniciante não conhece nada, vai querer entrar no olho do furacão e pode ser que perca tudo, não aconselho”, diz Cabral.

Para quem conhece o mercado, porém, a hora da crise é a que mais representa oportunidade de comprar ativos com preço baixo e que podem se valorizar bastante.

“Quem está comprando hoje consegue um desconto de 20% em relação ao preço de ontem. Para quem conhece, é uma oportunidade”, diz Bergallo.

Para os iniciantes, a recomendação é procurar um gestor especializado e colocar apenas de 1% a 2% do capital para começar a entender o mercado. “Mas não nesse momento. Quem é iniciante deve ficar fora da Bolsa agora”, diz Silveira.

DÓLAR
Notas de dólar - Shutterstock - Shutterstock
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A tendência é de alta, na opinião de todos os especialistas. Cabral acredita que chegue a R$ 3,50; Bergallo afirma que pode atingir R$ 3,60 e Silveira diz que pode ultrapassar os R$ 4,00 com a crise.

Mas todos são unânimes em afirmar que dólar não é investimento e aconselham a comprar a moeda apenas se for viajar. Nesse caso, a compra deve ser feita aos poucos, para diluir o risco das variações.

Quem faz questão de ter alguma aplicação atrelada à moeda pode investir em fundos cambiais e fundos multimercados que tenham ligação com o dólar. Pode ainda operar minicontratos de dólar. Nesse último caso, é importante lembrar que se trata de renda variável e bastante arriscada. Quem opera minicontrato pode ganhar muito e perder muito, inclusive tendo a possibilidade de ficar endividado.

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