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Microempresário pode perder dinheiro se investir em poupança

Vinicius Pereira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

21/10/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Poupança de pessoa jurídica pode render menos que a de pessoa física
  • Uma das vantagens da poupança para as pessoas é a ausência de Imposto de Renda
  • Na poupança PJ, é cobrado IR de 22,5% sobre o rendimento a cada 90 dias
  • Opções para PJ são mais restritas; uma possibilidade é um fundo com taxa de administração menor

A atual situação econômica brasileira faz com que o empreendedorismo ganhe importância no país. Já são mais de 9 milhões de Microempreendedores Individuais (MEIs), segundo o governo federal. Essa nova forma de trabalho requer atenção, principalmente na parte financeira. Deixar o dinheiro da empresa na poupança, como o brasileiro costuma fazer na vida pessoal, pode render ainda menos que o tradicional investimento da pessoa física.

Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, a diferença ocorre pois a tributação de qualquer Pessoa Jurídica cadastrada nacionalmente e com dinheiro na poupança incide de maneira diferente da de Pessoas Físicas, tão tradicional no país.

Portanto, os novos empreendedores do Brasil, sejam por necessidade ou oportunidade, devem optar por outros investimentos para obter uma rentabilidade melhor do dinheiro na conta.

Conta PJ: IR de 22,5% a cada três meses

Uma das vantagens da poupança para as pessoas é a ausência de Imposto de Renda, apesar da baixa rentabilidade. No caso da poupança como PJ é cobrado um IR de 22,5% sobre o rendimento a cada 90 dias.

"No CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), o período de capitalização é trimestral. Então, a Receita considera que a cada período de 90 dias, a alíquota é 22,5% do rendimento", disse Betty Grobman, especialista e professora de Finanças da BSG DuoPrata, FIA/B3.

Assim, caso o empresário pense em obter um rendimento melhor do dinheiro aplicado sem uma mordida tão forte do Leão, deve considerar outros produtos de renda fixa.

"Se você pensa na poupança como um investimento qualquer, quando você tem uma conta PJ deve migrar para outro produto de renda fixa, pois a poupança perde sua vantagem [em relação aos demais]", afirmou Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

Alternativas à poupança

Como o dinheiro das empresas geralmente é utilizado para financiar a própria produção, os especialistas indicam que o empresário deve procurar produtos com boa liquidez e sem correr grandes riscos.

As opções, contudo, são um pouco mais restritas que as oferecidas à Pessoa Física. O Tesouro Direto, por exemplo, não aceita investimentos de empresas.

"Você precisa de liquidez? Faz um fundo DI, desses que tem resgate automático para conta. Os fundos são super regulados e só podem comprar títulos públicos federais ou emissores com rating [avaliação de crédito] igual do Tesouro, têm um risco muito baixo na carteira pela própria regulação", afirmou Betty Grobman.

A dica portanto é optar por um fundo que não tenha taxas de administração altas, que minam o rendimento. A tributação para esse tipo de fundo é regressiva e vai de 22,5% a 15%, mas com rendimento melhor que a poupança.

Há também a opção de comprar CDBs (Certificado de Depósito Bancário), que não oferecem grandes riscos, têm garantia de até R$ 250 mil por CNPJ, e também podem garantir uma liquidez rápida.

"Você pode também considerar um CDB como produto para sua conta de Pessoa Jurídica, que apesar de também cobrar imposto, tem um rendimento melhor que a poupança", disse Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

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