Em que casos investir em renda fixa ainda vale a pena?
Resumo da notícia
- Taxa básica de juros cai para 3% e reduz ganhos das aplicações em renda fixa, como poupança e fundo DI
- Pergunta que investidores fazem é: ainda vale a pena colocar dinheiro nessas aplicações?
- Gestores concordam em ter renda fixa como reserva de emergência, mas divergem sobre essa opção para o longo prazo
Com o novo corte na taxa básica de juros, de 3,75% para 3% ao ano, a Selic ficou apenas um pouco acima da inflação projetada para este ano, de 1,76%. O efeito nas aplicações em renda fixa, como a caderneta de poupança e os fundos DI, é diminuir ainda mais o rendimento.
No caso da poupança, cujo rendimento é 70% da Selic, o ganho anual é de 2,1% ao ano. Descontada a inflação, o poupador vai ter um lucro real de 0,1% no ano. Ou seja, R$ 1.000 vão render apenas R$ 1 acima da inflação.
No caso dos fundos DI, que aplicam em títulos do Tesouro, o rendimento fica mais perto de 3% ao ano. Mas essas aplicações pagam Imposto de Renda e taxa de administração, cobrada pelos gestores. No fim, o ganho acima da inflação será mínimo.
A pergunta que muitos investidores fazem é: ainda vale a pena colocar dinheiro nessas aplicações? Depende do caso, dizem especialistas.
Reserva de emergência
Gestores de recursos dizem que a renda fixa é a melhor opção para aquela parte das aplicações que é guardada para gastos inesperados. Um exemplo: a pandemia do coronavírus, que afetou a renda de milhões e forçou famílias a recorrer às reservas.
A renda fixa pode render pouco, mas não apresenta o mesmo risco que ações, por exemplo, que podem perder valor de um dia para o outro, e ficar valendo menos justamente no momento em que a pessoa precisa do dinheiro.
"Aqui o objetivo não é rendimento, mas a proteção do patrimônio. Esse é um dinheiro que deve ter liquidez e fácil acesso", disse a consultora de investimentos da plataforma de investimentos Órama, Sandra Blanco.
A reserva de emergência deve ter entre seis e doze vezes o valor que a pessoa geralmente gasta em um mês com as despesas fixas.
Longo prazo sem renda fixa
Feita a reserva de emergência, há as aplicações de longo prazo, para serem usadas depois de cinco anos, por exemplo, para pagar a universidade do filho ou para compor a aposentadoria.
Para alguns especialistas, quem já sua reserva de emergência bem composta não precisa deixar dinheiro parado na renda fixa.
"Você está posicionado numa aplicação que rende abaixo de 3% de juros, é muito ruim. Você tem que abrir mão de liquidez e prazo", afirmou o sócio da plataforma de assessoria financeira Monte Bravo, Rodrigo Franchini. "Aceitar risco não é apenas de volatilidade, mas também de crédito".
Para ele, há alternativas à renda fixa no mercado brasileiro, que podem compor a aplicação de longo prazo: ações, fundos de ações, fundos multimercado e fundos imobiliários. Franchini destacou que, dentro de cada uma dessas modalidades, há opções mais conservadoras e outras mais agressivas.
Longo prazo com renda fixa
Ainda que concordem que os juros baixos justificam reduzir a fatia da renda fixa tradicional na carteira dos investidores com foco no longo prazo, alguns gestores destacam que o histórico econômico do Brasil é motivo para uma postura sempre conservadora dos aplicadores.
Francis Wagner, fundador do aplicativo Renda Fixa, voltado para investimentos, destaca que o Brasil tem um histórico de idas e vindas de inflação fora de controle e diz que o investidor pode ter pelo menos 20% de sua carteira em ativos de renda fixa.
"Pensando em investimento com foco no longo prazo, temos como opção o Tesouro IPCA+, que remunera o investidor a uma taxa prefixada acrescido da variação da inflação no período, garantindo que o seu patrimônio não seja corroído pela inflação. Há também investimentos como CDB, RDB e LCI , que podem apresentar bons rendimentos a longo prazo", afirmou.
O sócio diretor de investimentos da Doc Concierge, assessoria de gestão financeira para profissionais de saúde, Igor Ghellardi Cruvinel, diz que o mercado brasileiro ainda oferece opções interessantes na renda fixa. "É falácia dizer que a Selic baixa acabou com a renda fixa", disse. "Títulos do Tesouro mais longos são seguros e excelente oportunidade de ganho se o aplicador ficar com o papel até o vencimento."
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