Dólar sobe, e Bolsa tem maior queda mensal desde março; veja investimentos
Resumo da notícia
- Dívida pública no Brasil e eleições nos EUA criam incertezas para investidores
- Ambiente afeta investimentos em ações e favorece busca por dólar
- Profissionais de mercado dizem que volatilidade deve prevalecer neste último trimestre
A Bolsa brasileira teve em setembro a maior queda desde março, em um mês marcado pelo aumento das incertezas com relação às economias doméstica e global. As eleições nos Estados Unidos e a política de gastos do governo no Brasil foram apontados por profissionais de mercado como os fatores que deixaram os investidores com dúvidas sobre a retomada da atividade econômica ainda em 2020.
Nesse ambiente de menor transparência, cresceu a procura pelos ativos considerados mais seguros em momentos de incertezas, como dólar. Já as aplicações de renda variável, como ações, sofreram ajustes para baixo.
O Ibovespa encerrou setembro com queda de 4,8%, primeira retração desde março, cedendo a 94.603 pontos, menor patamar desde 26 de junho. No sentido contrário, o dólar avançou 2,46%, para R$ R$ 5,616, atingindo a maior cotação desde 20 de maio deste ano.
O indicador havia recuado em março, depois subiu por quatro meses seguidos, então recuou em agosto e, agora, em setembro.
Já o ouro, que vinha se aproveitando da volatilidade dos mercados em 2020, perdeu o fôlego. Profissionais de mercado lembram que o metal tem este ano uma valorização acumulada de 66,3% e que tem operado próximo às máximas históricas.
Veja abaixo o desempenho de alguns ativos dos mercados aqui no Brasil.
Fatores que marcaram setembro
Para o chefe de alocação da XP Investimentos, Felipe Dexheimer, o movimento das Bolsas globais em outubro foi uma acomodação natural, após uma alta de 33% em dólares de abril a agosto. Ele cita os fatores que geraram aversão a risco lá fora:
- Eleição nos Estados Unidos
- Aumento de casos de coronavírus no hemisfério norte
- Transição de uma economia suportada por estímulos para uma que cresce organicamente
Já no Brasil, o Ibovespa vinha se comportando bem ao longo do mês, com queda inferior às Bolsas globais, mas isso mudou no dia 28. A intenção do governo de adiar pagamento de precatórios para distribuir renda para uma parcela da população assustou os investidores. As perspectivas de o Brasil crescer e honrar suas dívidas são muito diferentes se tivermos um governo disposto a fazer benesses deixando o custo para o futuro ao invés de reformas.
Felipe Dexheimer, XP Investimentos.
A queda da Bolsa foi atenuada pelos juros muito baixos, dizem profissionais de mercado. Com a Selic a 2% ao ano, a migração de recursos de pessoas físicas para ações deu algum suporte aos preços dos papéis.
Levantamento da Fliper, plataforma que agrega investimentos do usuário, mostra que as ações representaram 34,33% das todas as alocações na plataforma. Após Bolsa, aparecem renda fixa pós-fixada e os fundos multimercados, com 21,26% e 17,06% das preferências, respectivamente, seguidos por fundos imobiliários (8,32%) e renda fixa indexada à inflação (7,43%), completando as cinco primeiras posições da pesquisa.
"Apesar das incertezas da pandemia, o cenário macroeconômico com taxa de juros no menor patamar histórico propicia maior ousadia dos investidores brasileiros, buscando retornos maiores do que a renda fixa, além de ampliar o investimento em ativos de proteção, como o dólar", disse o sócio-fundador da Fliper, Walter Poladian.
Cenário para último trimestre do ano
Para os últimos três meses do ano, profissionais de mercado ouvidos pelo UOL projetam a manutenção das incertezas em um ambiente que deve favorecer dólar e ouro, em detrimento de ações e renda fixa de curto prazo.
No exterior, o foco principal dos agentes de mercado será nas eleições americanas que vão definir o presidente do país para o período de 2021 a 2024.
O grau de incerteza com o qual entramos em outubro é maior do que aquele que a gente tinha em setembro. O grande risco para o mercado é a eleição americana.
Roberto Attuch, CEO e fundador da casa de análises Omninvest
No palco doméstico brasileiro, as atenções dos profissionais de mercado devem se voltar para a política fiscal, ou seja, como o governo vai encaminhar os gastos federais e a dívida pública.
Estou menos preocupado com a economia do Brasil que com a dívida do governo.
Sergio Zanini, gestor da Galapagos Capital
Zanini dedica especial atenção à rolagem da dívida pública de curto prazo. "O Tesouro tem muita emissão para fazer até o fim do ano para rolar a dívida e isso vai pressionar os juros futuros. Quem puder comprar papéis mais longos, vale a pena aproveitar", afirmou, citando títulos do Tesouro Direto indexados ao IPCA com prazos mais longos.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.