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Pandemia muda prioridade de uso do 13º salário; saiba o que é melhor fazer

Vinicius Pereira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/12/2020 04h00

A pandemia causada pelo novo coronavírus alterou alguns comportamentos. O uso do 13º salário, que terá a segunda parcela paga até o dia 20, representa uma dessas mudanças.

Antes, a ideia era pagar dívidas e consumir um pouco. Agora a ordem é poupar o máximo possível para alguma emergência.

Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, graças à incerteza econômica que o novo vírus trouxe à vida das pessoas, ter um planejamento maior das contas e formar uma reserva de emergência ganharam ainda mais importância agora.

Poder aquisitivo está derretendo

O poder aquisitivo do brasileiro vem derretendo com essa pressão da inflação e os desarranjos da pandemia, e isso faz com que tenhamos menos recursos. Para garantir uma qualidade de vida, a pessoa gasta mais.
Reinaldo Domingos, educador financeiro

É um ótimo momento para pegar o dinheiro do 13º e pensar o que fazer. Não sabemos exatamente até quando a pandemia vai. Então, mesmo quem já economiza e investe tem de guardar mais.
Reinaldo Domingos

Pagar ou não pagar dívidas?

Para quem tem dívidas não muito grandes, o 13º pode servir também para ajustar as contas. A porcentagem do 13º a ser usada para quitar dívidas é uma questão a definir.

Primeira coisa, sem dúvida, é pagar aquilo que a pessoa deve. Depois disso, aí podemos pensar em estratégias para esse dinheiro.
Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos

Para Domingos, porém, no caso dos superendividados, o 13º não pode ser destinado integralmente ao pagamento de débitos.

Se você pagar e ficar sem recursos, com o governo acenando a possibilidade de redução salarial de novo, aí teremos mais dificuldades. Se você está em dificuldade, precisa conversar com a família. Estão superendividados, mas não é hora de tentar limpar nome e ficar sem o 13º. Se eu tenho dívidas grandes, eu não tenho nem que pensar em pagar.
Reinaldo Domingos

Ele defende isso porque o cenário de emprego e renda ainda é instável.

Contas de começo de ano

Apesar da vontade de usar o 13º para as festas de final de ano, é necessário pensar nas contas de começo de ano. IPTU, IPVA, material escolar dos filhos, matrícula da escola. Tudo entra nessa conta.

Se eu acertei minhas dívidas, aí eu guardo dinheiro para os gastos extras do início do ano. De preferência pagar tudo à vista com desconto.
Simone Pasianotto

Reserva de emergência ganhou importância

A imprevisibilidade de 2020 fez com que a reserva de emergência ganhasse importância. Ela é um montante que compreende os gastos fixos da família para um período que pode ir de três a seis meses, por exemplo.

Independentemente da situação financeira que cada um, ele precisa formar uma reserva, em virtude da instabilidade de uma pandemia que não tem data para acabar.
Reinaldo Domingos

Esse dinheiro deve ficar num investimento fácil de sacar, com liquidez diária, como poupança, CDBs e Tesouro Direto.

Não há problema investir em poupança, não é 'crime'. Desde que você esteja poupando para sua emergência, é ótimo
Simone Pasianotto

Com a reserva de emergência em dia, caso o 13º ainda sobre, há a possibilidade de realizar compras (porque, afinal, ninguém é de ferro) ou investir a quantia.

Se continuar sobrando, você pode fazer investimentos mais sofisticados. Mas, para isso, você precisa consultar quem entende ou estudar. Podem ser fundos de renda fixa, fundo de ações. Caso você não queira correr risco de perder aquele dinheiro, fique no Tesouro Direto ou poupança. Não acredite 100% nos influencers da internet e entenda que tudo tem risco. Até se você deixar o dinheiro no colchão tem risco.
Simone Pasianotto