Lançamento de novas ações invade Bolsa; iniciante pode investir sem medo?
Resumo da notícia
- Em 2020, número de ofertas públicas iniciais, os chamados IPOs, é maior que total acumulado nos cinco anos anteriores
- Fila de novas ofertas tem mais 36 operações prontas para sair ainda este ano
- Profissionais de mercado dizem que investidor iniciante deve ser muito cuidadoso antes de entrar em IPOs. Veja as recomendações
Uma onda de novas empresas chegando à Bolsa está varrendo o mercado. Em 2020, o total de lançamentos atingiu 27 negócios. Isso é muito mais que as cinco operações de 2019 e o equivalente a tudo que foi realizado desde 2014.
O lançamento de ações é chamado de ofertas públicas iniciais, ou IPOs, da sigla em Inglês para Initial Public Offering. A maré de novatas desembarcando segue subindo: 36 estreantes estão na fila da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão regulador do mercado.
Juros baixos animam a Bolsa
Segundo profissionais de mercado, os juros baixos que estão levando cada vez mais aplicadores brasileiros a trocarem a renda fixa pela ações animou as empresas a entrarem na Bolsa. Mas será que esse negócio vale para o investidor iniciante?
Especialistas dizem que quanto mais empresas tiverem ações negociadas em Bolsa, melhor para o investidor porque isso representa mais opções. Mas falam dos cuidados.
Veja aqui a lista das empresas que estão com IPO na fila da CVM.
O IPO é um momento muito, muito específico. Pode até ser uma boa oportunidade. Mas oferece mais risco ao investidor porque quem está vendendo a ação tem muito mais informações que o investidor.
Gustavo Carvalhal Ribas, analista da Reach Capital
Por que há tanto lançamento de novas ações?
- Juros baixos: Queda de juros levou mais pessoas para a Bolsa. Em 2015, eram 500 mil aplicadores na Bolsa; agora são mais de 3,2 milhões.
- Maior distribuição: Há mais plataformas online de investimentos, corretoras digitais, fintechs. Ficou mais fácil para a empresa distribuir suas ações.
Vale a pena para o iniciante?
Segundo estudo da empresa de informações financeiras Economatica com 68 IPOs realizados na Bolsa desde 2011, praticamente a metade (37 ações), rendeu menos que o Ibovespa. Há casos de ganhos elevados, como Magazine Luiza, que subiu 5.391% desde o IPO, em 2011, mas também perdas fortes, como a da Technos, que recuou 90,5% desde 2011.
Há dificuldades que podem atrapalhar uma boa escolha de ações no IPO:
Pouca informação: Na hora de lançar ações, uma empresa tem que apresentar muitos documentos à CVM e ao mercado. Precisa contar toda sua história, apresentar o desempenho de vendas e lucros ou perdas de pelo menos três anos antes da operação, suas dívidas e para quem deve, os detalhes do setor em que atua, citar quais são seus concorrentes e ser honesta e transparente sobre todos os riscos de seus negócios.
O problema é que essas informações podem não ser o suficiente para um investidor iniciante tomar a melhor decisão.
Comparando com os dados que a pessoa pode ter de empresas que já têm ações listadas na Bolsa, as informações disponíveis por uma empresa que está fazendo o IPO são poucas. Muitas vezes, o investidor não tem um histórico longo. E confiar apenas na palavra do dono da empresa é arriscado.
Rodrigo Wainberg, analista da casa de análise de investimentos Suno Research
Risco maior: Por serem empresas que estão chegando ao mercado agora, o risco de o papel apresentar mais oscilações também é maior. Principalmente se for uma empresa de um setor que não tem outra concorrente já listada antes na Bolsa. O investidor pode ficar sem qualquer referência para comparar, por exemplo, o preço que a companhia está pedindo.
Regras que prendem o dinheiro: Algumas ofertas de novas ações têm regras que definem um período dentro do qual o investidor não pode se desfazer do papel. É uma forma de evitar que especuladores entrem na operação apenas para revender a ação logo após a estreia. Mas se um pequeno aplicador colocar um dinheiro numa ação que não pode ser revendida por, seis meses, por exemplo, ele ficará em apuros caso precise daquele capital em alguma emergência.
Onde buscar informações
Para quem está disposto a experimentar o IPO mesmo após os alertas dos profissionais de mercado, veja como buscar informações.
CVM: O primeiro lugar que a pessoa precisa ir é na CVM, para ler o prospecto da oferta. É um documento com muitas páginas em que estão todos os detalhes da oferta, a história da empresa, os balanços anteriores.
Veja aqui onde estão esses documentos.
E aqui um exemplo de um prospecto de uma empresa que está com a oferta em análise na CVM.
Internet: Buscar informações do setor: A pessoa precisa gastar tempo na Internet, pesquisar os concorrentes, as associações do setor, comparar os produtos ou serviços dessa empresa com os demais, checar se há reclamações em sites como os do Procon ou do Reclame Aqui.
Relatórios de analistas sobre a empresa: Quando uma empresa vai fazer IPO muitas corretoras e casas de análises soltam relatórios sobre o negócio. Vale buscar na Internet esses relatórios ou perguntar na corretora em que estão oferecendo o IPO sobre essas análises. Esses textos têm a vantagem de ser um bom resumo dos prospectos.
Avaliar esse tipo de negócio e checar se vale mesmo a pena comprar ou não uma ação em IPO envolve um trabalho profissional. Por isso, esse tipo de oferta pode fazer mais sentido para fundos de pensão e fundos de investimentos de previdência privada, que compram grandes lotes para aplicar no longo prazo.
Valter Police Jr, diretor de planejamento financeiro da Fiduc
Quanto aplicar?
Para quem passou por todas essas etapas e está disposto a investir numa ação que está estreando no mercado, a sugestão dos consultores é ir com calma ao pote.
Para quem vai aplicar muito pouco, para entender como funciona, vale experimentar porque isso aumenta a quantidade de empresas. Ao comprar um pouquinho, a pessoa se esforça para estudar, e vai aprendendo.
Rodrigo Wainberg, analista da casa de análise de investimentos Suno Research
Como fazer para investir no IPO?
- Para entrar numa operação de IPO, o investidor precisa descobrir as corretoras que são autorizadas pela companhia a vender os papéis. Essa lista está nos documentos que a empresa coloca na CVM.
- O aplicador precisa então abrir uma conta na corretora e fazer uma reserva da quantidade de ações que pretende adquirir.
- Nos mesmos documentos está o calendário da operação com as datas em que as reservas devem ser feitas e os dias em que os pagamentos serão liquidados.
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