Queda na Selic pode turbinar ganhos de títulos do Tesouro Direto; entenda
Um dos títulos do Tesouro Direto pode vir a ter um ganho muito acima das outras aplicações de renda fixa nos próximos meses. Em cenários como esse no passado, o título chegou a render mais de 20% em 12 meses.
Não é certo que isso vai acontecer, mas o melhor de tudo é que, mesmo se não ocorrer, basta você aguardar até a data de vencimento do título que você vai ter uma rentabilidade positiva.
Como funciona
O título ao qual me refiro é o Tesouro Prefixado. No Tesouro Direto, existem três títulos prefixados. Se você investir em qualquer um deles, estará se expondo a essa possibilidade de ganho fora do comum.
Quando a taxa básica de juros (a Selic) cai, a rentabilidade dos títulos do Tesouro Direto cai. Mas no caso do Tesouro Prefixado, a rentabilidade não cai para os investimentos já realizados.
Vale para quem já investiu
Digamos que João tenha investido no Tesouro Prefixado em janeiro. Com isso, ele conseguiu travar um rendimento bruto de, aproximadamente, 13% ao ano. Esse retorno ficou garantido para João até a data de vencimento do título, em 2026.
Hoje, se você for investir no mesmo título, terá uma rentabilidade de apenas 10,8% ao ano. Ou seja, quem já tinha investido no título continua ganhando 13%, enquanto quem ainda vai investir receberá 10,8%.
Até aí é um negócio interessante, só que não é nada demais para uma aplicação de renda fixa. Mas veja o pulo do gato.
Marcação a mercado pode trazer ganhos maiores
Quem investiu antes travou rendimento alto. O pulo do gato está no fato de que, como João investiu antes das taxas de juros caírem, ele tem em mãos um título com uma rentabilidade de 13% ao ano que não existe mais no mercado.
Demanda por esse título aumenta. Sendo assim, se você quiser um título com rentabilidade de 13% ao ano, não terá outro meio de conseguir, a não ser que comprando títulos de pessoas como João. Logo, aumenta a demanda pelo título que João tem em mãos, e assim ele pode vendê-lo mais caro e ganhar mais.
Na prática, quem investiu no Tesouro Prefixado em janeiro teria uma rentabilidade, em tese, de 13%. Mas, se vender o título agora, terá uma rentabilidade de 14%, ou seja, acima do previsto.
É pouco? Nesse exemplo específico, sim. Subiu apenas de 13% para 14%. Mas vamos ver o que aconteceu em outros momentos no passado?
Rentabilidade de 21%
No passado, Tesouro já teve rentabilidades altas. Em 2016, quem investiu no Tesouro Prefixado no mês de janeiro, quando chegou dezembro estava com uma rentabilidade acumulada de 21%.
Imagine você investir na modalidade mais segura do país, praticamente sem risco, e obter uma rentabilidade de 21% em um ano? Em geral, apenas investimentos de alto risco dão esse retorno. Pois bem, isso aconteceu em 2016 porque ali se iniciou um ciclo de queda na taxa básica de juros, a Selic.
Agora, em 2023, estamos novamente diante de um ciclo de queda da Selic. Com isso, existe a chance de que os títulos prefixados do Tesouro Direto tenham uma rentabilidade muito acima do normal. Para que isso aconteça, basta que a Selic caia mais, ou mais rápido, do que o mercado está esperando.
E se não acontecer?
Não terá perda. Se não acontecer de a Selic cair mais (ou mais rápido) que o esperado, a pessoa que investiu no Tesouro Prefixado não terá perda nenhuma se aguardar até a data de vencimento do título.
Ela ganhará a rentabilidade prevista. No caso, do Tesouro Prefixado 2026, que citei como exemplo, quem investir nele agora terá uma rentabilidade de 10,8% ao ano.
Dito de outra forma, estamos diante dos seguintes cenários:
- Você investe no Tesouro Prefixado e daqui a cerca de um ano tem um retorno extraordinário, ou
- Você investe nesse título, ele não gera o retorno extraordinário, mas você o guarda até o vencimento e fica com uma rentabilidade de 10,8% ao ano.
Importante: se o título não gerar o retorno extraordinário, é essencial que você o mantenha na carteira até o vencimento. Caso tente resgatar antes, pode ter prejuízo.
Por isso, essa dica só vale para aquele dinheiro que você tem certeza de que não vai precisar resgatar antes da data de vencimento do título (no caso, dia 1º de janeiro de 2026).
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