Cuidado com 3 riscos ocultos que afetam até o Tesouro Direto e os CDBs
Existem três formas de você perder uma quantia significativa de dinheiro investindo em aplicações de renda fixa, como o Tesouro Direto, os CDBs, as LCAs e as LCIs.Eu chamo essas três formas de "riscos ocultos" porque, em geral, os investidores só percebem que eles existem quando já é tarde demais.
No Brasil, houve momentos em que as perdas passaram de 10% em um ano. Ou seja, quem investiu R$ 1.000 terminou o ano com R$ 900 na conta, uma perda nada desprezível para quem busca segurança. Na coluna de hoje eu explico quais são os três riscos ocultos dos investimentos de renda fixa e mostro o que fazer para você não perder dinheiro dessa forma.
1. Alta da inflação
Quando a inflação fica maior do que o esperado, existe um tipo de investimento de renda fixa que acaba sendo afetado negativamente: os prefixados. Investimentos prefixados são aqueles que têm a rentabilidade definida antes de você aplicar.
Por exemplo, no Tesouro Direto, há um título chamado Tesouro Prefixado 2029, que hoje está com uma rentabilidade bruta de 11,1% ao ano, ou 9,4% se descontarmos o Imposto de Renda. Se você investir nesse título hoje, essa é a rentabilidade que você terá, não importa se a inflação subir ou cair.
Atualmente, a inflação está em torno de 5% ao ano. Mas e se, daqui a algum tempo, ela voltar ao patamar acima de 11% ao ano, como ocorreu em meados de 2021? Nesse caso, o dinheiro aplicado nesse título continuará com a rentabilidade líquida de 9,4% ao ano e o patrimônio do investidor será parcialmente corroído pela inflação.
Isso vale para todos os investimentos prefixados, incluindo não só esse título do Tesouro, mas também os CDBs, LCAs e LCIs prefixados.
2. Alta da taxa básica de juros
A alta da Selic, a taxa básica de juros, também afeta os investimentos prefixados. Hoje, o Tesouro Prefixado, para ficarmos no mesmo exemplo, está com a rentabilidade líquida de 9,4% ao ano, conforme citei acima.
Se você investir hoje, e no futuro a taxa Selic aumentar, a sua rentabilidade não vai aumentar junto. Na hipótese de a Selic chegar a 20%, como já ocorreu, você continuará tendo uma rentabilidade líquida de apenas 9,4% ao ano se não resgatar seu título antes do vencimento.
E caso queira o dinheiro antes do prazo, você pode ter um prejuízo. Em 2021, por exemplo, o Tesouro Prefixado teve uma perda de 10%.
3. Queda da taxa básica de juros
A queda da Selic afeta outro tipo de investimento, os pós-fixados. As aplicações pós-fixadas são aquelas cuja rentabilidade só é sabida quando o investidor resgata o valor.
Por exemplo, o Tesouro Selic é pós-fixado. Ele segue a variação da taxa Selic. Se você investe nesse título e depois a taxa Selic sobe, ótimo. Sua rentabilidade vai aumentar também. Mas se você investir e depois a taxa Selic cair, a sua rentabilidade cairá junto. Atualmente a Selic está em 12,25% ao ano. Já esteve em apenas 2% ao ano no começo de 2021.
A queda da inflação traz risco?
Alguém poderia dizer que a queda da inflação também traz risco para certas aplicações de renda fixa que acompanham o IPCA (principal indicador de preços do país). No Tesouro, por exemplo, o título desse tipo se chama Tesouro IPCA. Quando a inflação cai, o rendimento do Tesouro IPCA também cai.
Mas eu não chamaria isso de risco porque esse tipo de título serve para o investidor se proteger da inflação. A intenção não é oferecer a maior rentabilidade possível, e sim evitar que o dinheiro seja corroído pela inflação. Desse modo, quando a inflação cai, o dinheiro rende menos, mas o título continua atingindo o seu objetivo, que é fazer a correção monetária e ainda pagar uma taxa de juros sobre ela.
O que fazer, então?
Se até os investimentos mais seguros possuem esses riscos, o que é recomendado fazer? Depende de quanto tempo você pretende deixar o dinheiro investido.
Se você quer poder resgatar o dinheiro a qualquer momento, o ideal é aplicar somente em pós-fixados, mesmo com o risco de a Selic cair. Repare que, quando descrevi o terceiro risco, não falei em prejuízo, mas apenas em queda da rentabilidade.
Já se você investe para longo prazo, o ideal é dividir o valor entre os três tipos de investimento: pós-fixados, prefixados e híbridos. Dessa forma, um título compensa as perdas do outro e a sua rentabilidade será a média entre os três.
Apenas se lembre de que, para dar certo esse investimento de longo prazo, é preciso que você não resgate o dinheiro antes da data de vencimento de cada título.
Alguma dúvida?
Tendo alguma dúvida sobre investimentos, me siga no Instagram e envie uma mensagem por lá. Sua pergunta poderá ser respondida em breve nesta coluna.
Aulão: De endividado a investidor: como sair das dívidas e ter mais dinheiro
Dívidas são um dos principais obstáculos para quem quer organizar sua vida financeira. Pensando nisso, o UOL preparou um aulão para quem quer se livrar das dívidas para sempre e ter mais dinheiro para investir e realizar seus sonhos.
Qual a melhor estratégia para se livrar das dívidas? Dá para começar a investir mesmo endividado? E qual é o melhor investimento para iniciantes? Todas essas perguntas serão respondidas em uma série de três lives.
A primeira live sobre o tema já saiu. Veja aqui o passo a passo para se livrar das dívidas.
Assista ao aulão no Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL, todas as quintas-feiras, das 16h às 16h40. Assine aqui e participe!
A última série do Papo com Especialista foi sobre Como investir para se aposentar sem depender do INSS. Para saber mais, acesse este link .
Quer investir melhor? Receba dicas no seu email
Você quer aprender a ganhar dinheiro com segurança em investimentos no curto, médio e longo prazo, mesmo que nunca tenha investido? O UOL tem uma newsletter diária gratuita que o ajuda nesse objetivo. Assine o Por Dentro da Bolsa aqui. Você recebe todos os dias, antes da abertura da Bolsa, uma análise do mercado feita pela equipe do PagBank Investimentos para aprender a investir melhor.
Você também recebe, semanalmente, uma análise sobre investimentos, com dicas sobre como aplicar melhor o seu dinheiro. Para assinar a newsletter gratuita de investimentos do UOL, é só clicar aqui. UOL Investimentos ainda tem diversos conteúdos diários que te ajudam a lidar melhor com seu dinheiro.
Tem dúvidas sobre ações, fundos e outros investimentos da Bolsa? Envie sua pergunta para uoleconomiafinancas@uol.com.br.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.