Mundo entrará em guerra comercial? Saiba como proteger seu patrimônio
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Existem chances reais de o mundo entrar em uma guerra comercial. Isso significaria redução do poder de compra da população em diversos países, inclusive no Brasil.
Em quinze dias de mandato, o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já taxou as importações de produtos do Canadá e do México, e depois suspendeu as medidas por 30 dias.
Paralelamente, impôs taxas sobre produtos importados da China. O país asiático, por sua vez, respondeu com retaliação.
Além disso, Trump ameaça taxar a União Europeia e já reclamou que o Brasil possui muitas tarifas sobre produtos americanos, dando a entender que pode criar impostos também sobre as mercadorias brasileiras.
Na coluna de hoje eu explico com detalhes como se proteger de uma possível guerra comercial internacional.
Opção mais segura: pós-fixados
A forma mais segura de proteger o seu patrimônio diante de qualquer crise internacional é aplicar em investimentos de renda fixa pós-fixados.
Os principais pós-fixados são o Tesouro Selic (um título do Tesouro Direto) e os CDBs, LCAs e LCIs com rentabilidade atrelada ao CDI.
Sempre que um CDB tiver rentabilidade medida como porcentagem do CDI (exemplo: 100% do CDI, 110% do CDI etc), será um investimento pós-fixado.
Além disso, fundos de investimento do tipo DI também são uma opção, pois eles são compostos de investimentos pós-fixados.
Não é melhor investir em dólar?
Quando surgem ameaças de crises, com possibilidade de alta de dólar, começam a pipocar "especialistas" (alguns deles com conflitos de interesse) recomendando investir no exterior, "dolarizar o patrimônio", comprar ações da Bolsa americana etc.
Mas, se o que você quer é segurança, previsibilidade, estabilidade em relação aos seus investimentos, a melhor opção é, sem dúvida, o investimento nos títulos que eu citei: Tesouro Selic e CDB, LCA ou LCI pós-fixados.
Investir em dólar ou na Bolsa americana é interessante se você tiver um projeto de longo prazo, coisa de dez, vinte ou trinta anos, e acredita que a tendência é que a economia brasileira piore nesse período, em comparação com o resto do mundo.
"Dolarizar" o patrimônio ou parte dele, ou seja, investir em ativos internacionais, é algo que gera muita instabilidade a curto e médio prazo, ainda mais em momentos de crise nacional ou internacional.
Veja que, nos últimos três meses, o dólar foi de R$ 5,78 para R$ 6,26, e agora está em torno de R$ 5,82. Se o seu patrimônio estivesse em dólar, teria feito esse movimento de montanha-russa no período.
Por que os pós-fixados são os mais seguros?
Os investimentos pós-fixados são os mais seguros em momentos de crise porque eles acompanham a taxa básica de juros, a Selic.
E a Selic, no Brasil, tende a ficar sempre acima da inflação, mantendo o seu poder de compra.
Na verdade, em momentos de crise, a Selic costuma ficar bem acima da inflação. Atualmente, a taxa está em 13,25% ao ano, enquanto a inflação está em 4,5%, conforme o IPCA-15, um dos principais indicadores de preços do país.
E os outros investimentos de renda fixa?
Além dos pós-fixados, existem outros dois tipos de investimentos de renda fixa: os prefixados e os híbridos (que possuem uma taxa prefixada e uma pós-fixada ao mesmo tempo).
Tais investimentos, embora sejam seguros para quem mantém o dinheiro aplicado até a data de vencimento, trazem um risco ao qual pouca gente se atenta.
Eles não aumentam a rentabilidade se a Selic subir.
Por exemplo, em agosto de 2020, a Selic estava em 2% ao ano, apenas. Na época, o Tesouro Prefixado 2026 estava rendendo 5,8%. Quem investiu naquele tempo está até hoje com essa rentabilidade, sendo que o Tesouro Selic (que é pós-fixado) já está rendendo mais de 13%.
Situação semelhante acontece com investimentos híbridos, como o Tesouro IPCA.
É verdade que o prefixado tem vantagem quando a taxa Selic diminui, pois eles não perdem rendimento. No entanto, a gente nunca tem certeza se o juro básico estará mais alto ou mais baixo a médio e longo prazo.
Assim, mais uma vez, reforço: se quer estabilidade diante de um cenário incerto, os pós-fixados são, sem qualquer dúvida, a melhor opção.
O que fazer com investimentos que já tenho?
Se você já tem dinheiro aplicado em renda fixa pós-fixada ou híbrida e pode aguardar até o vencimento, o ideal é não mexer. Se for resgatar agora, existem boas chances de ter prejuízo.
Caso tenha fundos de investimento imobiliário (FIIs), é bom saber que eles podem demorar mais tempo do que o previsto para se recuperarem.
Para quem investe em FIIs a longo prazo e confia nos ativos que escolheu, essa pode ser uma boa oportunidade de investir, pois muitos estão com preço baixo.
Eu tenho fundos imobiliários na minha carteira e não pretendo vendê-los. Ao contrário, é possível que compre um pouco mais.
Em relação a ações, a lógica é mesma, mas com a diferença de que a instabilidade é muito maior. A decisão de manter ou não o investimento dependerá do grau de confiança que você tem nas empresas em que investiu, mas não se esqueça que, mesmo nesses casos, continua sendo um investimento de risco.
Alguma dúvida?
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