Sílvio Crespo

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Reportagem

Tesouro Direto rendeu mais do que investimento nos EUA nos últimos 20 anos

Quem investiu R$ 1.000 nos Estados Unidos há 20 anos, hoje está com R$ 2.903. Já quem aplicou a mesma quantia no Tesouro Direto, atualmente está com R$ 6.371.

Os números mostram que nem sempre investir no exterior é a salvação. Ao contrário, no exemplo acima, o saldo final, já líquido de Imposto de Renda, é mais que o dobro para quem investiu no Brasil, em comparação com aqueles que aplicaram nos EUA.

Na coluna de hoje eu faço um comparativo dos investimentos em renda fixa no Brasil e nos EUA nos últimos 20, 10 e 5 anos. Onde você acha que rendeu mais?

Últimos 20 anos

No início de 2005, o dólar valia R$ 2,668. Vinte anos depois, estava em R$ 6,20. Trata-se de uma valorização de 133%.

Olhando para dados como esses, muita gente pensa: "Poxa, que pena que eu não investi em dólar naquele tempo. Eu estaria rico".

Mas, na verdade, não estaria com mais dinheiro do que se tivesse aplicado no Tesouro Direto.

Por quê?

Porque a taxa básica de juros, no Brasil, é muito mais alta do que nos EUA. Nos últimos 20 anos, a taxa Selic acumulada ficou em nada menos do que 632%.

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Já o juro básico americano, no mesmo período, não passou de 39%. Os 133% de valorização do dólar, junto com os 39% dos juros americanos não alcançaram, nem de longe, a rentabilidade de papéis como o Tesouro Selic, um título do Tesouro Direto que acompanha a taxa de juros brasileira.

Últimos 10 anos

Quando analisamos um período mais curto, de 2015 a 2025, o resultado muda. Um investimento de R$ 1.000 em títulos dos EUA gerou um saldo final de R$ 2.485 nesses dez anos.

Já o mesmo investimento em Tesouro Selic atingiu R$ 2.207. Em ambos os casos, como em todos os números deste texto, já está descontado o Imposto de Renda.

Desta vez, ganhou o investimento nos EUA, por uma margem não muito grande. No período, o dólar subiu 131%. Enquanto isso, os juros nos EUA foram de 19%, e no Brasil, de 142%.

Últimos 5 anos

No período de 2020 a 2025, um investimento de R$ 1.000 nos EUA gerou um saldo final de R$ 1.630. O mesmo valor aplicado em juros brasileiros atingiu R$ 1.512.

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Também nesse caso o investimento nos EUA ganhou por uma margem relativamente apertada.

Os juros nos EUA foram de 13%, enquanto no Brasil chegaram a 51%. A alta do dólar foi de 54%.

Conclusão

Os números mostram que investir no exterior não é, necessariamente, a melhor coisa que um brasileiro pode fazer com o seu dinheiro. Nem mesmo se pode afirmar que é fundamental, pois, muitas vezes, a taxa de juros brasileira mais do que compensa a desvalorização do real.

O investimento no exterior pode ser interessante como forma de diversificar uma parte do patrimônio, mas somente se o investidor estiver ciente dos riscos, ou seja, de que tem chance de perder dinheiro.

Devo lembrar, ainda, que, na coluna de hoje, comparei apenas investimentos de renda fixa. Quanto falamos em renda variável, o cenário tem sido amplamente favorável aos investimentos nos EUA, mas o risco também é maior.

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Reportagem

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