Sílvio Crespo

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Reportagem

Após caso do Banco Master, ainda vale a pena investir em CDB?

O caso da venda do Banco Master ao banco BRB levantou dúvidas sobre a segurança do investimento em títulos privados como CDB, LCA e LCI.

Resumindo, o negócio entre os dois bancos trouxe à tona questionamentos sobre a capacidade do Master de pagar todos os seus compromissos, inclusive seus famosos CBDs de alto retorno, conforme revelou reportagem recente da Folha.

Diante dessa situação, ainda vale a pena investir em CDB, LCA e LCI de bancos médios? A expectativa de retorno compensa o risco?

Na coluna de hoje eu respondo essa questão e explico o que fazer se você já tiver investimentos em um título privado e está com receio.

Qual é o risco de um CDB, LCA ou LCI?

Para quem tem no máximo R$ 250 mil em títulos emitidos por uma mesma instituição financeira, o risco ainda é baixo. Porém, a tendência é aumentar, caso as coisas continuem como estão. Vou explicar.

Se você investir em um título desse tipo, e o banco emissor quebrar, o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) lhe paga todo o valor aplicado mais os juros acumulados até o momento, desde que o total não ultrapasse o limite de R$ 250 mil. Acima desse valor, o FGC não cobre, e o investidor tende a ficar no prejuízo.

Dessa forma, quem fica dentro do limite de R$ 250 mil só tem prejuízo se o próprio FGC não der conta de pagar todo mundo. Hoje, a chance disso acontecer é mínima. O fundo possui mais de R$ 100 bilhões prontos para reembolsar investidores em caso de insolvência de bancos. É muito mais do que os R$ 16 bilhões que o banco Master tem em compromissos para todo o ano de 2025.

No entanto, o risco não está na situação atual, e sim no futuro. Da forma como as regras estão funcionando, o FGC acaba sendo um incentivo indireto para que bancos médios aumentem cada vez mais o retorno prometido, correndo o risco de um dia não terem como pagar.

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Quando um banco médio quebra, não há qualquer risco para o FGC. Mas e se os bancos entrarem em uma disputa acirrada pelos investidores, a ponto de vários ficarem insolventes ao mesmo tempo?

Se um banco oferece CDB a 130% do CDI, seus concorrentes podem se verem forçados a fazerem o mesmo para não perder clientes. Como o FGC reagiria a uma onda desse tipo?

Quando não vale a pena investir em CDB, LCA ou LCI?

Na minha visão, o CDB só vale a pena se você se estiver coberto pelo FGC, ou seja, se o total aplicado por instituição financeira não ultrapassar os R$ 250 mil.

Caso você tenha investimentos acima desse valor em qualquer banco médio, sugiro que se desfaça do excedente para se enquadrar na proteção do FGC. Em caso de banco grande privado, o risco é bem menor, mas, mesmo assim, eu me manteria abaixo dos R$ 250 mil.

Quando vale a pena investir em CDB, LCA ou LCI?

Esses títulos só valem a pena quando estão rendendo muito acima do Tesouro Direto. Se for para ganhar só um pouco a mais, prefiro não correr o risco. O Tesouro é muito mais seguro.

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Hoje, o Tesouro Selic, um dos títulos do Tesouro Direto, rende aproximadamente 102% do CDI e tem liquidez diária. Sendo assim, eu só invisto em um CDB se ele pagar, pelo menos, 110% do CDI e tiver liquidez diária.

No caso de LCA ou LCI, que são isentas de Imposto de Renda, os números são diferentes e dependem do prazo do investimento. Para prazo de até 180 dias, por exemplo, um CDB de 110% do CDI equivale a uma LCA ou LCI de 85% do CDI. Para aplicação de dois anos ou mais, o mesmo CDB equivale a uma LCA ou LCI de 94% do CDI.

Por sinal, atualmente eu tenho uma LCA de 95% do CDI. Trata-se de uma ótima rentabilidade e não há perspectiva de que, em caso de insolvência do banco emissor, o FGC não dê conta. Mesmo assim, eu me mantenho dentro do limite de R$ 250 mil. A maior parte da minha carteira de renda fixa está no Tesouro Selic, e uma pequena quantia fica em um fundo DI, para os gastos do dia a dia.

Alguma dúvida?

Tendo alguma dúvida sobre investimentos, me siga no Instagram e envie uma mensagem por lá. Sua pergunta poderá ser respondida nesta coluna.

Reportagem

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