Sílvio Crespo

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Reportagem

Quanto e onde investir por mês para dar ao seu filho quando ele crescer?

Recentemente uma pessoa me enviou a seguinte mensagem para a minha conta no Instagram: "Bom dia! Existe algum investimento que eu possa fazer para meus filhos? A ideia é colocar um valor e deixar lá por 15 anos ou mais." Como eu sei que muita gente gosta de investir um valor para o filho, sobrinho ou afilhado, resolvi fazer essa conta, separando por nível de risco do investimento.

Baixo risco

Se você quiser o risco mais baixo possível, deve investir no Tesouro Direto. De preferência, distribuindo o valor entre os seus três principais tipos de título: o Tesouro Selic, o Tesouro IPCA e o Tesouro Prefixado.

Assim, o primeiro aporte você faz no Tesouro Selic, o segundo no IPCA e o terceiro no Prefixado. E vai repetindo dessa forma até o final.

Apenas fique atento ao ano de vencimento do título. Algumas opções de Tesouro IPCA têm prazo acima de 18 anos, chegando até 2060. O mais indicado é escolher os títulos cuja data de vencimento é próxima do ano em que você quer resgatar, mas sem ultrapassar.

Então, se você quer resgatar daqui a 18 anos, escolha o Tesouro IPCA 2040, o Tesouro Prefixado 2032 e o Tesouro Selic 2031.

Quando o título vencer, se não tiver sido lançado um novo com uma data de vencimento conveniente para você, faça o restante dos aportes no Tesouro Selic, pois este pode ser resgatado antecipadamente, se necessário, sem risco de perdas. Os demais títulos podem ser resgatados antes do vencimento, mas com risco de prejuízo.

Em relação a quanto investir, vou mostrar uma simulação com aportes de R$ 100 para você ter uma referência.

Investindo esse valor todo mês durante 18 anos no Tesouro Direto, você acumulará, no total, o equivalente a R$ 41 mil, aproximadamente, já descontando o Imposto de Renda e a inflação. Se ocorrer a mudança do IR, que será votada pelo Congresso, o valor cairá para R$ 40 mil.

Caso você queira fazer um aporte único, em vez de um pouco por mês, segue uma referência: investindo R$ 10 mil no Tesouro e deixando lá por 18 anos, no final do período você vai ter o equivalente a R$ 32 mil, aproximadamente (ou R$ 31 mil, em caso de mudança na tributação).

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Cuidado com a inflação

Todos os cálculos desta coluna já descontam a inflação. Isso quer dizer que, quando eu digo que você terá R$ 41 mil, por exemplo, estou dizendo que você terá, na verdade, uma quantia maior, mas que, por conta da inflação, terá um poder de compra equivalente ao de R$ 41 mil hoje.

Outro ponto importante é que, nas simulações de aportes mensais, estou considerando que você reajuste o valor dos aportes todo ano pela inflação.

Por exemplo, se você começa investindo R$ 100 por mês, e a inflação nos próximos 12 meses fique em 5%, a partir do 13º mês você passa a aportar R$ 105 por mês.

Os cálculos consideram uma inflação de 5,5% ao ano (próxima da previsão mediana dos principais analistas) e a rentabilidade atual da taxa Selic.

Baixo risco turbinado

Há outros investimentos que são considerados um pouco mais arriscados que o Tesouro, mas ainda são classificados como de baixo risco, como os CDBs, LCAs e LCIs.

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Considerando um CDB de 115% do CDI, se você investir R$ 100 por mês, daqui a 18 anos você terá, aproximadamente, o equivalente a R$ 49 mil, pela tributação atual, ou R$ 47 mil, caso haja mudança.

No caso de um aporte único de R$ 10 mil, com a mesma rentabilidade, você chegará ao fim do período com o equivalente a R$ 42 mil, se a tributação não mudar, ou a R$ 40 mil, se mudar.

Risco médio

Com fundos de investimento imobiliário (FIIs), que hoje possuem um risco médio, é possível montar uma carteira, atualmente, com um retorno em dividendos de cerca de 10% ao ano.

Com essa rentabilidade e mantendo aportes de R$ 100 por mês durante 18 anos, ao final do período você teria o equivalente a R$ 58 mil (ou R$ 55 mil, em caso de mudança na tributação).

Se optar por um aporte único de R$ 10 mil, daqui a 18 anos você pode chegar a R$ 56 mil (ou R$ 56 mil com mudança tributária).

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Os cálculos consideram que você sempre reinvista os dividendos dos FIIs que caírem na sua conta.

Mas não se esqueça de que estamos falando de uma aplicação de risco médio, então existe uma chance maior de você não conseguir esses resultados, em comparação com os investimentos de baixo risco, que são bem mais previsíveis.

Risco alto

Se estiver disposto a aumentar ainda mais o risco, pode partir para ações.

Supondo que você tenha uma rentabilidade média de 12% ao ano, já descontando o IR e a inflação, uma série de aportes de R$ 100 por mês ao longo de 18 anos resultariam, aproximadamente, em um valor final equivalente a R$ 71 mil.

Em caso de aporte único de R$ 10 mil, após 18 anos, mantendo essa rentabilidade, você teria R$ 77 mil.

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Mas, caso você não tenha familiaridade com o mercado de ações, não é nada recomendável colocar toda a poupança do seu pequeno nesse tipo de ativo. Querendo arriscar, sugiro não ultrapassar 20% do valor aplicado e só comprar ações recomendadas por analistas profissionais.

Criptomoedas

Se você quiser fazer uma fézinha, ou seja, dedicar uma parte do investimento a algo que possa ter uma rentabilidade gigantesca, uma possibilidade é aplicar em criptomoedas, como o bitcoin.

Nos últimos nove anos, o preço do bitcoin passou de cerca de R$ 2.000 para os atuais R$ 571 mil. Ou seja, aumentou mais de 200 vezes. Um aporte único de R$ 10 mil teria se transformado em mais de R$ 2 milhões.

Se quiser arriscar, pode tentar a sorte com criptomoedas menos conhecidas, ou pode ficar no bitcoin, mesmo.

Mas esteja ciente de que existe chance de perder até mesmo 100% do valor aplicado, ainda mais se escolher criptomoedas menos conhecidas. Portanto, o ideal é aplicar apenas uma pequena parte do valor em criptomoedas, no máximo 10%. Só passe disso se acreditar muito no ativo e tiver plena consciência do risco de perder tudo.

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Alguma dúvida?

Tendo alguma dúvida sobre investimentos, me siga no Instagram e envie uma mensagem por lá. Sua pergunta poderá ser respondida nesta coluna.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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