Sílvio Crespo

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Reportagem

Com juros em 15%, quanto e onde investir para render R$ 1.000 por mês?

Você sabe quanto dinheiro é necessário investir para gerar um rendimento médio de R$ 1.000 por mês, agora que a taxa básica de juros está em 15% ao ano?

Para responder a essa pergunta, na coluna de hoje eu trago simulações de investimentos de renda fixa e variável.

Na poupança

A poupança está com uma rentabilidade de 8,35% ao ano. Com isso, é necessário possuir cerca de R$ 149 mil para obter um rendimento de R$ 1.000 por mês.

No entanto, eu citei a poupança apenas para que você saiba que não vale a pena, de jeito nenhum, como mecanismo para quem quer viver de renda. Nas próximas simulações isso vai ficar claro.

No Tesouro Direto

No Tesouro Selic, o título mais conservador do Tesouro Direto, é necessário ter R$ 108 mil aplicados para receber os mesmos R$ 1.000 por mês, já descontando o Imposto de Renda. Ou seja, você precisa de R$ 41 mil a menos do que na poupança.

Nesse caso, considerei que você começaria a resgatar os R$ 1.000 já após os primeiros 30 dias da aplicação, momento em que a alíquota de IR é maior (22,5%). Já se o dinheiro estiver aplicado há mais de dois anos, incide a alíquota menor (15%) e bastam R$ 99 mil para gerar os R$ 1.000 mensais.

Em CDB, LCA ou LCI

A vantagem de um CDB, LCA ou LCI é que eles rendem mais do que o Tesouro. No entanto, os mais rentáveis são os que só podem ser resgatados na data de vencimento. Isso compromete quem tem a intenção de resgatar um pouco por mês.

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Dificilmente você vai encontrar um CDB com liquidez diária (possibilidade de resgatar antes do vencimento) que renda acima de 110% do CDI. Com essa rentabilidade, seria necessário possuir R$ 100 mil para gerar uma renda de R$ 1.000 por mês, nos primeiros seis meses (quando o IR é maior).

Após dois anos (quando o IR atinge a menor alíquota), é preciso ter R$ 92 mil para gerar o mesmo valor mensal. Se for LCA ou LCI, é preciso que ela tenha rentabilidade de 85,3% do CDI para gerar um retorno de R$ 1.000 por mês com R$ 100 mil aplicados, ou de 93,5% do CDI para gerar os mesmos R$ 1.000, mas com R$ 92 mil investidos.

Em fundos imobiliários

Os investimentos de renda variável são bem menos previsíveis do que os de renda fixa, como os que citei acima.

Mesmo assim, é possível ter uma referência a partir do histórico do retorno em dividendos. Hoje, é perfeitamente possível formar uma carteira de FIIs (fundos de investimento imobiliário) com retorno de 10,5% ao ano.

Com essa rentabilidade, seria preciso ter cerca de R$ 120 mil para gerar uma renda mensal de R$ 1.000. Embora a quantia necessária seja maior do que a do CDB, por exemplo, você vai ver que eles têm uma vantagem quando eu falar sobre a inflação, mais abaixo.

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Em ações

As ações das empresas listadas na Bolsa de Valores são ainda menos previsíveis que os FIIs. Então podemos usar o mesmo critério (o retorno em dividendos) para comparar.

Hoje, existem ações com retorno em dividendos acima de 10% ao ano, o que seria um resultado muito próximo dos FIIs. Mas são pouquíssimas.

Sendo mais realista, podemos usar na simulação uma rentabilidade de 7% ao ano. Nesse caso, seria preciso ter R$ 177 mil para gerar uma renda média de R$ 1.000 por mês.

A vantagem das ações é que, a longo prazo, elas podem render muito mais. Espera-se que boas empresas aumentem seu faturamento (e seus dividendos) ao longo do tempo. Por isso o retorno no presente é menor, porque os investidores esperam um rendimento futuro que supere, com folga, o das aplicações de renda fixa.

E a inflação?

Todas as simulações até aqui ignoram a inflação. Todos sabemos que os preços das coisas vão sempre aumentando e que, no futuro, o valor de R$ 1.000 terá um poder de compra menor do que hoje.

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Então, podemos calcular quanto dinheiro você precisaria ter para gerar R$ 1.000 por mês e, além disso, atualizar pela inflação o montante que ficar.

No caso da poupança, esse valor seria de R$ 449 mil. Essa quantia geraria R$ 3.000 por mês, dos quais você poderia resgatar R$ 1.000, e o resto deveria se manter aplicado para atualizar o valor do montante principal pela inflação.

No caso do Tesouro Selic, o valor correspondente seria de R$ 178 mil (na alíquota mais baixa de IR) ou de R$ 209 mil (na mais alta).

Em CDB, a quantia necessária para o mesmo resultado ficaria entre R$ 156 mil e R$ 181 mil, dependendo da alíquota de IR.

Em FIIs, podemos considerar os mesmos números já citados, pois se espera que, a longo prazo, os rendimentos sejam, no mínimo, atualizados pela inflação. Assim, com cerca de R$ 120 mil, é possível receber uma renda que comece em R$ 1.000 e depois vai sendo reajustada.

No caso de ações, pode-se considerar a mesma lógica, com a diferença de que a expectativa, em geral, é de que os rendimentos sejam atualizados não para acompanhar a inflação, mas para superá-la.

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Riscos

Entre os investimentos citados, o Tesouro é o mais seguro. Mas CDB, LCA, LCI e poupança também têm risco baixo.

No entanto, os FIIs e as ações têm riscos bem maiores. É perfeitamente possível perder mais da metade do valor aplicado. Por isso, antes de investir, procure entender melhor todos os riscos.

Alguma dúvida?

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Reportagem

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