Sílvio Crespo

Sílvio Crespo

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Investir em 'caixinha', 'porquinho' ou 'cofrinho' é seguro e vale a pena?

Você já ouviu falar em "caixinha", "porquinho" ou "cofrinho" que alguns bancos têm oferecido como opção de investimento?

Essas funcionalidades são encontradas, respectivamente, no Nubank, no Banco Inter e no Itaú.

Mas elas valem a pena? Para responder, na coluna de hoje eu analiso esses investimentos nos quesitos segurança, praticidade e rentabilidade. Ao final, explico em quais ocasiões essas aplicações valem a pena — e em quais não valem.

Importante: a partir de agora, para evitar repetições, vou me referir às caixinhas, porquinhos e cofrinhos apenas pela palavra "caixinhas".

Como funciona?

As caixinhas têm como principal característica a possibilidade de separar o seu dinheiro por objetivo.

Por exemplo, se você está juntando R$ 500 por mês para uma viagem, pode criar uma caixinha chamada "Viagem". Se está fazendo aportes de R$ 200 para dar ao seu afilhado no futuro, pode criar uma com o nome dele.

Assim, quando você precisar resgatar o valor da viagem, conseguirá fazê-lo sem invadir a poupança do afilhado. Com isso, você evita que objetivos mais urgentes acabem comendo, sem você perceber, uma parte do dinheiro que você gostaria de preservar para outras situações.

É seguro?

Começando pelo quesito segurança, a primeira coisa que você precisa saber é que as caixinhas são tão seguras quanto a poupança, o CDB, a LCA e a LCI.

Continua após a publicidade

Aliás, quando você investe em uma caixinha, está colocando o seu dinheiro justamente em títulos como CDBs, LCAs e LCIs.

Assim como a poupança, esses três tipos de aplicação têm proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito).

Caso o banco emissor quebre, o FGC lhe paga todo o valor aplicado mais os juros acumulados até o período, desde que o valor total não ultrapasse R$ 250 mil.

Porém, as caixinhas são menos seguras que o Tesouro Direto, que é um título público.

Portanto, se fôssemos considerar somente o quesito segurança, a caixinha não valeria a pena.

É fácil de usar?

O quesito praticidade é o grande trunfo das caixinhas. Você pode aplicar e resgatar a hora que quiser, e o dinheiro cai na hora na sua conta corrente.

Continua após a publicidade

Além disso, a possibilidade de separar por objetivo é uma facilidade que você não encontra em outros investimentos. Tem gente que abre contas em diferentes bancos apenas para não misturar grupos de dinheiro que servem a diferentes objetivos ou necessidades.

O Tesouro Direto, se por um lado é mais seguro, por outro não é tão prático, pois a aplicação e o resgate não são imediatos. A aplicação leva até dois dias úteis, e o resgate, até um dia útil.

Quanto rende?

As caixinhas básicas rendem 100% do CDI. Porém, o Nubank tem um segundo tipo de caixinha, chamado Caixinha Turbo, que rende 115% do CDI, mas com uma condição: que o cliente traga pelo menos R$ 900 por mês para a sua conta do Nubank. Além disso, a Caixinha Turbo permite um investimento máximo de R$ 5.000.

Ainda em relação à Caixinha Turbo do Nubank, o cliente Nubank (que possui cartão de crédito) e o Ultravioleta (que possui mais de R$ 50 mil em aplicações ou gasta mais de R$ 5.000 por mês no cartão) têm retorno de 120% do CDI e limite máximo de investimento de R$ 10 mil.

No Inter, além do Porquinho básico que rende 100% do CDI, existem porquinhos com rendimentos maiores, em torno de 115% do CDI, mas requerem que você mantenha o dinheiro aplicado por mais tempo (a partir de 360 dias).

Continua após a publicidade

No caso do Itaú, o Cofrinho rende 100% do CDI. Não há outras modalidades.

Em termos de rentabilidade, 100% do CDI é uma rentabilidade bem maior do que a da poupança e um pouco maior que a dos fundos DI. Por outro lado, é ligeiramente menor do que a rentabilidade do Tesouro Selic, o título do Tesouro Direto mais parecido com as caixinhas.

Afinal, as caixinhas valem a pena?

Considerando tudo o que foi dito acima, na minha visão, a caixinha é o melhor lugar para deixar o dinheiro do dia a dia. Ou seja, aquele dinheiro que você pode precisar até o salário cair na sua conta de novo.

Isso não é o mesmo que reserva de emergência. A reserva de emergência é um valor maior, inclusive para momentos de desemprego, que podem durar meses. Para emergência, continuo preferindo o Tesouro Selic, pois, como eu disse, rende um pouco mais que as caixinhas e é mais seguro.

As caixinhas de 100% do CDI também não valem a pena para investimentos de médio ou longo prazo, pois é possível encontrar opções mais rentáveis e igualmente seguras em CDBs, LCAs e LCIs com prazos superiores a um ano.

Continua após a publicidade

A Caixinha Turbo do Nubank, que rende de 115% a 120% do CDI, só vale a pena se você gosta dessa instituição financeira e pretende transferir pelo menos R$ 900 por mês para lá. Se você parar com as transferências, o dinheiro passa a render 100% do CDI.

No caso do Banco Inter, o Porquinho de médio e longo prazo tem uma rentabilidade comparável à de diversos CDBs, LCAs e LCIs. Portanto, se você estava pensando em colocar o dinheiro em algum desses três tipos de título, o Porquinho de médio e longo prazo tem a vantagem da praticidade, caso você não queira ter que gastar muito tempo entendendo como funcionam o CDB, LCA ou LCI.

Resumindo

Minha visão, resumidamente, é a seguinte: caixinha, porquinho ou cofrinho de 100% do CDI, só para o dinheiro do dia a dia.

No caso específico do Banco Inter, as caixinhas de médio e longo prazo, que rendem mais do que 100% do CDI, valem a pena se você quiser praticidade.

Para todas as outras situações - reserva de emergência e investimentos de médio e longo prazo - existem outros investimentos mais vantajosos na combinação segurança, rentabilidade e prazo.

Continua após a publicidade

Alguma dúvida?

Tendo alguma dúvida sobre investimentos, me siga no Instagram e envie uma mensagem por lá. Sua pergunta poderá ser respondida nesta coluna.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.