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ANÁLISE

Acionistas da Omega Geração, de energia, contestam negócio; veja impacto

Energia eólica: Acionistas acreditam que o valor da Omega Desenvolvimento, de energia renovável, é maior do que o que foi firmado em incorporação - Ricardo Funari/Brazil Photos/LightRocket via Getty Images
Energia eólica: Acionistas acreditam que o valor da Omega Desenvolvimento, de energia renovável, é maior do que o que foi firmado em incorporação Imagem: Ricardo Funari/Brazil Photos/LightRocket via Getty Images

Felipe Bevilacqua

18/10/2021 09h24

Hoje comentaremos sobre a combinação entre a Omega Geração (OMGE3) e unidade de ativos renováveis, Omega Desenvolvimento. Além disso, falaremos a respeito da reação do mercado à venda de lojas do GPA (PCAR3) para o Assaí (ASAI3).

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Confira a seguir a análise de Felipe Bevilacqua, analista e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e análises de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimentos. Este conteúdo é exclusivo para os assinantes do UOL.

Acionistas da Omega pedem aumento na relação de troca

Um grupo de grandes investidores da Omega Geração (OMGE3), empresa de geração de energia, encaminhou uma carta ao conselho de administração para questionar os termos da proposta de incorporação da Omega Desenvolvimento (Omega D), que é a unidade de projeto e implantação de novos ativos renováveis (solares, eólicos, hidráulicos).

A carta foi divulgada pela Omega no sábado (16) e conta com a assinatura dos fundos Compass, Aberdeen, Squadra, Icatu, IP Capital, Oceana, Larus, Truxt e Verde Asset, que, juntos, detêm 28,6% de participação das ações da Omega.

Na carta, os investidores pedem uma nova reavaliação do valor da Omega Geração e da Omega Desenvolvimento, com o objetivo de atingir uma participação ainda maior dos atuais detentores da Omega na nova empresa, de 83,09%, informando ainda que não aprovarão o negócio caso as novas condições não sejam atendidas. As condições da incorporação já foram revisadas recentemente, atendendo aos pedidos dos minoritários que ficariam inicialmente com 74,35% da nova empresa, passando para um percentual de 80% após a revisão divulgada no início do mês de outubro.

Para os minoritários, a atual relação de troca não traz o valor correto da OG, bem como não incorpora os desafios que surgirão com a combinação de negócios com a OD. O grupo de acionistas reconhece que a proposta revisada da transação apresenta evoluções se comparadas com a proposta inicial, porém, ainda assim, não é o suficiente para possibilitar a aprovação na Assembleia Extraordinária, marcada para o dia 28 de outubro de 2021.

A notícia é levemente negativa para Omega devido ao impasse em torno da avaliação financeira da Omega G e da Omega D, cujo potencial reside principalmente em projetos em fase de desenvolvimento sem PPAs (acordos para fornecimento de energia) contratados. O grupo de acionistas considerou ainda que a avaliação da OD e seu portfólio de projetos a serem desenvolvidos desconsidera os muitos desafios relacionados à construção de usinas "greenfield" no Brasil, principalmente para os projetos em fase inicial.

Ainda segundo informado pelos acionistas via carta ao conselho, a combinação de negócios implicaria em diluição dupla para os acionistas da OG, que se veriam obrigados a emitir novas ações no mercado para colocar todos os projetos de pé.

A combinação de negócios entre a Omega G e a Omega D é uma alternativa estratégica para a OMGE3, de forma que, se realizada de forma equitativa para ambas as partes, pode contribuir para a criação de uma empresa ainda mais resiliente e preparada para explorar as oportunidades do segmento de energias renováveis.

O conselho da Omega informou que irá repassar a carta aos acionistas da Omega D e reforçou a responsabilidade dos minoritários que têm poder de veto na operação, de colocarem os interesses da Omega Geração em primeiro lugar. Tanto a Omega G quanto a Omega D possuem os mesmos controladores, que detêm cerca de 37% da Omega G. Os controladores não votarão na assembleia que avaliará a incorporação no dia 28 de outubro, de forma que o grupo de minoritários em questão tem poder para barrar a transação.

Venda do Extra pelo GPA para o Assaí; quem levou a melhor?

Como já comentamos por aqui, o GPA (PCAR3) anunciou a venda das lojas da bandeira Extra para o Assaí (ASAI3). Ao todo serão vendidas 71 das 103 lojas, e das 32 remanescentes, 14 serão transformadas em Pão de Açúcar, 14 em Mercado Extra e quatro lojas, fechadas.

O valor da transação foi de R$ 5,2 bilhões, sendo que R$ 4 bilhões serão referentes às lojas e pagos em parcelas até 2024, e R$ 1,2 bilhão corresponde aos terrenos próprios do GPA nos quais estão localizadas as lojas e serão alienados para um fundo imobiliário.

Segundo a empresa, essa venda faz parte da atualização na estratégia de reformulação de marcas do grupo, com o intuito de focar em bandeiras mais rentáveis, com melhor performance e com liderança no e-commerce. Na parte do Assaí, a companhia tenta manter a liderança no formato "cash and carry" (atacarejo) no Brasil.

O mercado reagiu de forma muito positiva em relação ao GPA, fazendo com que as ações subissem mais de 11% no pregão de sexta-feira (15). No lado do Assaí, a aquisição foi considerada cara, em mais um movimento do controlador Casino que não visa o melhor interesse dos minoritários, levando a uma queda de 1,5% no preço das ações ASAI3.

O GPA é um case interessante, com marcas fortes, e com um desconto gigantesco principalmente por conta do seu controlador e da governança corporativa. Vale ressaltar que só em setembro o controlador vendeu mais de R$ 11 milhões do ASAI3. De qualquer forma é importante ficar de olho para futuras operações que possam lesar os minoritários em ambas as empresas.

Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.