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ANÁLISE

Ex-BR Distribuidora e Raízen ganham mais com combustíveis; e as ações?

Vendas da Vibra Energia (VBBR3), ex-BR Distribuidora, sobem com retomada da economia. Raízen, joint venture entre Cosan e Shell, tem destaque em energias renováveis.  - Gabriel Herdina/Agência F8/Estadão Conteúdo
Vendas da Vibra Energia (VBBR3), ex-BR Distribuidora, sobem com retomada da economia. Raízen, joint venture entre Cosan e Shell, tem destaque em energias renováveis. Imagem: Gabriel Herdina/Agência F8/Estadão Conteúdo

Felipe Bevilacqua

16/11/2021 10h15

Hoje comentaremos sobre os resultados do terceiro trimestre da Vibra Energia (VBBR3, antiga BRDT3) e da Raízen (RAIZ4).

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Confira a seguir a análise de Felipe Bevilacqua, analista e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e análises de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimentos. Este conteúdo é exclusivo para os assinantes do UOL.

Ex-BR Distribuidora volta a vender mais

A Vibra Energia (VBBR3), ex-BR Distribuidora, divulgou os resultados do terceiro trimestre de 2021, período marcado por uma expressiva recuperação das vendas após a redução da mobilidade e das atividades econômicas durante a segunda onda da pandemia da covid-19, especificamente no segundo trimestre.

O volume de vendas cresceu 16,6% na comparação trimestral, reflexo das maiores vendas de óleo combustível, que avançaram 77%, querosene de aviação, com alta de 40%, e diesel, com 12% de crescimento. Na comparação anual, houve expansão de 9,2% no volume total de vendas.

A receita líquida atingiu R$ 21 bilhões, representando um aumento de 15,5% na comparação trimestral. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado alcançou R$ 1,18 bilhão, um importante resultado considerando o cenário desafiador dos últimos trimestres, com recuperação gradual ao longo de julho a setembro.

O lucro líquido da Vibra Energia atingiu R$ 598 milhões no terceiro trimestre, um crescimento de 78,5% na comparação com os R$ 335 milhões reportados no mesmo período de 2020. O número foi influenciado pelo maior lucro bruto devido aos maiores volumes vendidos e melhores margens de comercialização.

A Vibra ainda destacou que houve avanços importantes em market share, chegando a 29,1%, com alta em todos os segmentos e linhas de produtos. A companhia cresceu 1,5 ponto percentual na comparação trimestral, mantendo a tendência de ganho sustentável de participação no mercado que vem sendo apresentada ao longo de trimestres anteriores. Detalhe que este avanço de market share foi obtido sem contrapartida de sacrifício de margens. Observou-se ligeira recuperação das margens de comercialização.

Dessa forma, com o bom desempenho da companhia nas principais linhas, esperamos um impacto positivo nas ações da companhia no curto prazo na Bolsa.

Raízen, gigante de cana-de-açúcar, vê os preços de seus produtos dispararem

A Raízen (RAIZ4), maior produtora de cana-de-açúcar do mundo, reportou seus resultados referentes ao segundo trimestre do ano-safra 2021/22 - equivalente ao terceiro trimestre do ano. Tanto a receita quanto o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficaram acima do esperado, com destaque para o segmento de renováveis, após a integração da Biosev. A Raízen, joint venture entre Cosan e Shell, comprou a Biosev em fevereiro deste ano, por R$ 3,6 bilhões.

Para melhor comparação dos resultados, a Raízen divulgou seus números pro-forma, isto é, considerando o resultado da Raízen em conjunto com o da Biosev nos períodos passados. A receita operacional líquida somou R$ 48,9 bilhões no trimestre, um aumento de 59,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, impulsionado pelos maiores preços em praticamente todos os seus produtos.

Já o Ebitda ajustado atingiu R$ 3,27 bilhões, um recorde para a companhia, impulsionado pelo forte crescimento do segmento de renováveis, que representou 53,7% do Ebitda, enquanto o segmento de açúcar respondeu por 18,4% e marketing & serviços (que engloba a operação de distribuição de combustíveis por meio das marcas Shell e OXXO), 27,9%.

O segmento de renováveis engloba as vendas de etanol e energia elétrica, contando ainda com o etanol de segunda geração (E2G) e biometano. O segmento teve uma expansão de 63% no Ebitda ajustado, reflexo do maior volume vendido de energia elétrica com preços melhores, simultaneamente à forte alta no preço médio do etanol (+63%), apesar da queda no volume de etanol.

Já o segmento de açúcar caiu 21% no Ebitda ajustado por conta do menor volume vendido no período (-30%), compensado pelo forte aumento nos preços (+43%). A queda no volume refletiu a estratégia da companhia de concentrar as vendas no segundo semestre do ano (entressafra), quando o produto costuma ter um preço maior, e também por conta da menor produção decorrente da quebra de safra.

Por fim, o segmento de marketing e serviços registrou um aumento de 17% no volume vendido total devido à reabertura econômica em andamento. O volume foi também superior ao de 2019. Já o Ebitda ajustado do segmento avançou apenas 1,3% por conta das maiores despesas no período. Como destaque negativo, destacamos o pior desempenho agroindustrial, já esperado por problemas climáticos, como a seca, geada e queimadas.

Porém o que mais surpreendeu no lado negativo foi a produtividade de 62,8 toneladas por hectare (TCH), uma queda de 19,7% e bem abaixo de seus pares listados. Para a próxima safra, a Raízen já travou parte de sua produção esperada de açúcar a preços até 30% superiores ao da safra atual, o que deve se traduzir em uma melhor rentabilidade.

Mas juntamente com o resultado a companhia divulgou um guidance, ou previsão para os números do ano, um pouco mais fraco do que o esperado, apesar dos preços continuarem em patamares elevados. Para o longo prazo, vemos a companhia muito bem posicionada no setor, conforme captura as sinergias da aquisição da Biosev, desenvolve o etanol de segunda geração, assim como faz parcerias com outras empresas em energia e biogás.

Recentemente, a Raízen anunciou a aquisição de 50% da Barcos y Rodados, líder no mercado de distribuição de combustíveis no Paraguai com uma rede de 350 postos revendedores. Tal aquisição marca a entrada da companhia neste novo país, que passará a utilizar a marca Shell em seus postos

Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.