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ANÁLISE

Petrobras investirá US$ 68 bi em 5 anos; isso afeta ganhos de investidores?

General Joaquim Silva e Luna, presidente da Petrobras: ainda que um investimento maior possa reduzir o pagamento de dividendos, a Petrobras possui hoje uma relação saudável entre dívida e receitas - Marcelo Camargo/Agência Brasil
General Joaquim Silva e Luna, presidente da Petrobras: ainda que um investimento maior possa reduzir o pagamento de dividendos, a Petrobras possui hoje uma relação saudável entre dívida e receitas Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Felipe Bevilacqua

25/11/2021 09h41

Hoje comentaremos sobre o plano estratégico da Petrobras (PETR4) e sobre o banco digital anunciado pela Ser Educacional (SEER3).

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Confira a seguir a análise de Felipe Bevilacqua, analista e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e análises de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimentos. Este conteúdo é exclusivo para os assinantes do UOL.

Petrobras anuncia Plano Estratégico 2022-2026

A Petrobras (PETR4) anunciou que o conselho de administração aprovou o plano estratégico para 2022 a 2026, prevendo investimentos de US$ 68 bilhões e métricas de avaliação ESG (melhores práticas em meio ambiente, social e governança).

Do montante total, 84% será alocado na exploração e produção de óleo e gás, totalizando US$ 57 bilhões. Desta cifra, cerca de dois terços serão destinados ao pré-sal, ativo mais rentável da companhia. Depois do pré-sal, a área que receberá mais investimentos é a de refino. O plano ainda prevê cerca de US$ 1,8 bilhão em medidas para a descarbonização das operações.

Na gestão de portfólio da companhia, são esperados desinvestimentos entre US$ 15 bilhões e US$ 25 bilhões, oriundos de ativos que não fazem parte do core business da estatal. Isso será fundamental para a manutenção da dívida abaixo de US$ 65 bilhões, patamar estipulado pelo plano e para a continuidade da distribuição de proventos.

A Petrobras ainda estima um aumento gradual na sua produção nos próximos anos, saindo de 2,1 milhões de barris de óleo dia para 2,6 milhões em 2026. A expectativa da companhia é que, em 2026, 100% da produção seja concentrada em águas profundas e ultra profundas, contra 92% em 2022. Já a produção do pré-sal deve representar 79% do total no fim do período.

A estatal também focou seu plano em metas ESG e incluiu métricas que terão impacto na remuneração dos executivos e de todos os colaboradores da empresa em 2022, como o atendimento às metas de emissões de gases de efeito estufa de 100% e o volume vazado de óleo e derivados.

Vemos como positiva a estratégia da companhia de acelerar investimentos, especialmente no pré-sal, considerando a transição energética em vigor no mundo, saindo de fontes poluentes, como o petróleo, para fontes renováveis. A expectativa é que a demanda mundial de petróleo tenha uma queda ao longo das próximas décadas, portanto, novos projetos nessa área devem ser realizados o mais rápido possível.

Com o barril do petróleo no patamar de preço atual (acima dos US$ 80), mais projetos se tornam atrativos para investimentos. Mesmo em caso de uma queda na cotação do petróleo, o pré-sal ainda se mantém competitivo, por conta de seu baixo custo de extração e alta qualidade.

Ainda que um investimento maior possa reduzir o pagamento de dividendos, a Petrobras possui hoje uma relação saudável entre dívida e receitas, tendo, inclusive, atingido sua meta de endividamento antes do previsto, o que a deixa melhor posicionada para os próximos anos.

Também vemos como positiva suas metas de sustentabilidade, com o objetivo de se tornar uma empresa mais alinhada ao ESG, ficando mais atraente aos olhos dos investidores, principalmente, de investidores estrangeiros.

Ser Educacional terá banco digital

A Ser Educacional (SEER3) anunciou que vai criar um banco digital com foco no mercado de ensino superior. O pedido já foi feito ao Banco Central e pode demorar um ano até a aprovação. A partir de dezembro, a companhia já iniciará as operações de sua fintech, a b.Uni. Em um primeiro momento, a fintech começará com o depósito dos salários dos funcionários, a abertura de conta de alunos que se rematricularem e a emissão dos boletos das mensalidades.

A b.Uni faz parte do projeto da companhia de investir R$ 100 milhões neste ano em startups ligadas à educação. Quase a totalidade já foi investida, alinhada à estratégia da companhia.

Futuramente, a ideia é que o banco ofereça até financiamento universitário, algo difícil de se fazer, por conta do baixo tempo de amortização e a dificuldade em caso de inadimplência, pois normalmente os alunos não possuem garantias. A base de alunos da companhia é de 300 mil alunos, contando ainda com 13 mil funcionários, que serão os primeiros a serem atendidos pela fintech. Ainda serão oferecidos outros serviços, como cashback e cartão pré-pago.

Mesmo sendo um projeto de longo prazo, com a implementação em diferentes etapas, somos céticos em relação à estratégia da Ser de dar crédito a alunos. Já os serviços mais básicos da fintech podem gerar economias para a companhia e melhorar a experiência de seus clientes. Contudo, o crédito estudantil é algo, no mínimo, desafiador. Outras grandes empresas do setor já tentaram e não se deram bem. Até mesmo fintechs "puras" têm grandes dificuldades na avaliação de risco de seus clientes e na concessão de crédito, mesmo sem ser estudantil, que dificilmente possui garantias.

A concessão de crédito no Brasil é uma arte, que até então é dominada pelos grandes bancos.

Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL