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OPINIÃO

Momento ruim para varejo prejudica balanço do Magazine Luiza; e as ações?

Rafael Bevilacqua

16/03/2022 10h05

O balanço do quarto trimestre de 2021 do Magazine Luiza trouxe resultados mais fracos do que o esperado. O atual cenário é desafiador para as empresas de varejo. O que esperar das ações da empresa?

Confira a seguir o comentário de Rafael Bevilacqua, analista e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento, sobre o tema. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e avaliações de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimento. Este conteúdo é acessível para os assinantes do UOL. O UOL tem uma área exclusiva para quem quer investir seu dinheiro de maneira segura e lucrar mais do que com a poupança. Conheça!

O Magazine Luiza (MGLU3), uma das maiores empresas brasileiras do setor de varejo, com forte presença no comércio eletrônico, apresentou seus resultados referentes ao quarto trimestre de 2021 na noite de segunda-feira (14). Os números vieram abaixo das já pessimistas projeções do mercado, em decorrência da atual conjuntura particularmente desafiadora para empresas do varejo.

As vendas totais efetuadas pela companhia, medidas pelo indicador chamado gross merchandise volume (GMV), totalizaram R$ 15,5 bilhões no trimestre, o que representa um crescimento de 4,1% na comparação com o mesmo período de 2020. Este valor engloba vendas nas lojas físicas, no e-commerce e no marketplace do Magalu.

No acumulado de 2021, as vendas totais cresceram 27,8% em comparação com o ano anterior, para R$ 55,6 bilhões. O e-commerce cresceu 39% no ano, enquanto as vendas no marketplace aumentaram em 69%.

Apesar do desempenho mais fraco e da perda de espaço frente ao digital, as lojas físicas viram suas vendas crescerem 5,8% em comparação com o ano anterior, mas vale lembrar que o desempenho do varejo físico em 2020 foi afetado negativamente pela pandemia de Covid-19, estabelecendo uma base de comparação mais fraca.

A receita líquida total recuou 6,6% no quarto trimestre de 2021 em comparação com o mesmo período do ano anterior, somando R$ 9,4 bilhões. No acumulado do ano, a receita líquida cresceu 20,9% para R$ 35,3 bilhões. As despesas operacionais da companhia, por sua vez, representaram 22,7% da receita líquida no trimestre, um aumento de 3,2 pontos percentuais em comparação com o quarto trimestre de 2020.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, importante indicador utilizado para medir o resultado das operações da empresa, recuou 53,5% no quarto trimestre, somando R$ 243,5 milhões, contra R$ 523,8 milhões reportados um ano antes.

Por fim, a companhia teve prejuízo líquido ajustado de R$ 79 milhões no quarto trimestre, e encerrou o ano com lucro líquido de R$ 114,2 milhões, montante 69,8% menor do que o auferido em 2020.

Ainda vemos um cenário difícil para o e-commerce no curto prazo, especialmente no caso do Magalu, que possui uma forte dependência das vendas de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, duas categorias de produtos que são prejudicadas pela alta dos juros, que torna o crédito mais caro, desestimulando as compras parceladas destes bens duráveis e de custo mais alto. Diante dos resultados fracos e do cenário desafiador para o segmento no presente momento, espero impacto negativo no preço das ações da companhia no curto prazo.

Todavia, com aquisições que considero certeiras e com investimentos orgânicos, o Magalu vem diversificando e ampliando suas fontes de receitas desde 2018, e possui um vasto potencial a ser explorado no ambiente digital.

No pregão de terça-feira (15), as ações do Magazine Luiza fecharam em queda de 8,63%, cotadas a R$ 4,87.

Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.