Situação da Oi ainda é delicada, mesmo com venda de ativos por R$ 16 bi
Hoje comentaremos a conclusão da venda dos ativos móveis da Oi para as concorrentes Tim, Vivo e Claro, bem como o uso de parte da quantia obtida com a operação para quitar uma dívida bilionária contraída pela companhia.
Confira a seguir o comentário de Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento, sobre o tema. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e avaliações de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimento. Este conteúdo é acessível para os assinantes do UOL. O UOL tem uma área exclusiva para quem quer investir seu dinheiro de maneira segura e lucrar mais do que com a poupança. Conheça!
Oi conclui venda de ativos e paga dívida com o BNDES
A empresa de telecomunicações Oi (OIBR3) concluiu na última quarta-feira (20) a venda de seus ativos móveis para as concorrentes TIM (TIMS3), Vivo (VIVT3) e Claro. O valor da operação foi de R$ 15,9 bilhões.
Desse montante, quase R$ 7 bilhões foram pagos pela Tim (TIMS3), detentora da maior fatia, R$ 5,3 bilhões pela Telefônica (VIVT3) e R$ 3,5 bilhões pela Claro.
Como contrapartida, a Tim recebeu 16 milhões de clientes, 7.500 estações rádio base e 50 Mega-hertz (Mhz) do espectro. Enquanto isso, a Vivo recebeu 12,5 milhões de clientes, 2.700 estações e 43 Mhz do espectro. Por fim, a Claro adquiriu 12,9 milhões de clientes, 4.700 estações, e não recebeu parte do espectro por já ter atingido o limite após a aquisição da Nextel.
A operação traz um pouco de fôlego para a Oi, que passa por um complicado processo de reestruturação. Do total da venda, R$ 14,5 bilhões já foram pagos à companhia, enquanto o restante do valor ficará retido por 120 dias para cobrir eventuais ajustes no contrato.
Entretanto, a venda causou polêmica entre as operadoras de telecomunicações de menor porte, que avaliam que a operação aumenta a concentração do setor no Brasil.
Às vésperas do fechamento da transação, a Associação NEO e a Algar recorreram ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) questionando o cumprimento do acordo de controle em concentrações (ACC) firmado por Telefônica, Tim e Claro para que a compra do ativo fosse aprovada.
Também na quarta-feira, após a venda, a Oi realizou o pagamento de uma dívida de R$ 4,6 bilhões com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), referente a contratos celebrados entre a operadora e o banco em 2009 e 2012.
A venda dos ativos móveis representa um importante passo no processo de redução da dívida líquida da companhia, que somava aproximadamente R$ 30 bilhões no terceiro trimestre de 2021. Com a venda dos ativos móveis, esse número cai quase pela metade.
Além disso, a companhia espera agora a aprovação da venda do controle da sua rede de fibra para a GlobeNet e fundos do banco BTG Pactual, por aproximadamente R$ 13 bilhões, deixando a companhia praticamente livre de dívida.
A situação da Oi ainda é delicada, e é difícil imaginar que a companhia um dia retornará ao patamar no qual se encontrava antes do início da derrocada que transformou suas ações em "penny stocks", ou seja, papéis negociados na casa dos centavos.
Contudo, a conclusão da operação fortalece as apostas no sucesso do plano de reestruturação da companhia.
Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.
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