Com reabertura pós-pandemia, Itaú pode pagar mais dividendos?
O Itaú (ITUB4), uma das empresas que mais pagam dividendos no país, distribuiu 66,2% do lucro líquido na forma de dividendos em 2019, e apenas 24,3% em 2020.
A queda é consequência de uma determinação do ano passado do Conselho Monetário Nacional (CMN). Com a intenção de garantir a liquidez dos bancos e temendo que a crise gerada pela pandemia pudesse levar a uma crise do sistema financeiro, o Conselho restringiu o pagamento de dividendos dos bancos em 25%, flexibilizando para 30% no final de 2020. Diante da reabertura, o Itaú poderá pagar dividendos maiores? Entenda abaixo.
Por que os dividendos diminuíram?
O Conselho impediu que os bancos distribuíssem dividendos além do mínimo obrigatório, inicialmente estipulado em 25% do lucro líquido, sendo flexibilizado para 30% no final do ano passado, por conta da pandemia.
A decisão fez com que os proventos pagos aos acionistas diminuíssem significativamente em 2020 na comparação com o ano anterior: de 66,2% do lucro líquido em 2019 para 24,3% em 2020.
Os dividendos devem voltar ao patamar pré-pandemia?
Durante um evento realizado pela Itaúsa em setembro, Alfredo Setubal, CEO da holding, afirmou que a fatia do lucro líquido destinada ao pagamento de dividendos, também conhecida como payout, deve voltar ao patamar pré-pandemia nos próximos anos.
"Existem dois motivos principais por trás do otimismo do CEO: a retomada do lucro líquido do Itaú, com projeções apontando um lucro de R$ 25 bilhões em 2021, e a perspectiva de relaxamento da decisão do CMN, permitindo que os bancos voltem a converter uma parcela maior dos seus rendimentos para o pagamento de dividendos", afirma Felipe Bevilacqua, analista da Levante Ideias de Investimentos.
Os lucros do Itaú continuam altos
"Quando falamos sobre os dividendos da Itaúsa, é preciso falar sobre o Itaú, banco no qual a holding possui 37% de participação e que respondia, até um passado recente, por cerca de 90% das suas receitas. Tendo isso em mente, é importante ressaltar que os dividendos menores não refletem uma queda no lucro do Itaú, que apresentou bons resultados mesmo durante a pandemia", diz o analista.
Segundo Bevilacqua, a diminuição dos dividendos pagos pela empresa aos acionistas é desproporcional ao recuo do lucro líquido na comparação entre 2019 e 2020. A parcela de dividendos pagos caiu mais de 50 pontos percentuais entre 2019 e 2020, mas o lucro líquido recorrente da empresa caiu menos, quase 35% em 2020, na comparação com 2019.
"A diminuição dos proventos pagos pelo Itaú, e consequentemente pela Itaúsa, aos acionistas se deve mais à regulamentação imposta pelo CMN do que à diminuição do lucro no período", afirma Bevilacqua.
O analista calculou qual seria o valor embolsado pelos acionistas do Itaú caso não existisse a determinação do CMN que limita o pagamento de dividendos, tomando como base a estimativa de lucro do banco no ano de 2021.
Com um lucro líquido estimado de R$ 25,8 bilhões para este ano, e considerando a distribuição de 74% desse valor na forma de proventos, seria pago R$ 1,96 por ação preferencial (ITUB4), correspondente a um dividend yield de 6,76%.
"Avalio que não houve mudanças significativas no modelo de negócio do Itaú ou da Itaúsa que justifiquem a redução expressiva dos dividendos, mas sim um fator regulatório adotado para mitigar os efeitos negativos da pandemia sobre o sistema financeiro nacional", diz o analista.
"A expectativa é de flexibilização da regulação, permitindo que a Itaúsa volte a pagar, nos próximos anos, os dividendos generosos, pelos quais passou a ser reconhecida como a Berskhire Hathaway —empresa de investimentos do megainvestidor Warren Buffett— brasileira. Esses são alguns dos motivos pelos quais a Itaúsa faz parte da carteira Levante", afirma.
Diversificação do portfólio
O Itaú ainda representa a maior fatia das receitas da Itaúsa, mas a holding vem buscando diversificar seu portfólio e passou a contar com participações em sete empresas de cinco setores diferentes desde a cisão entre o banco e a corretora XP:
Setor financeiro: Itaú e XP
Varejo de calçados: Alpargatas
Materiais de construção: Dexco
Energia e saneamento: Aegea, Copa Energia
Logística: NTS
Na visão de Alfredo Setubal, a Itaúsa deve buscar expandir seu portfólio com foco em empresas não-financeiras, mantendo o Itaú como sua "grande âncora".
"Sendo assim, a holding deve se desfazer de sua participação na XP ao longo dos próximos anos", afirma Bevilacqua.
O analista reforça as empresas recomendadas aos assinantes do UOL. Para quem ainda não pegou as recomendações de investimentos, elas estão aqui. O investidor deve considerar que Magalu sai das carteiras e é substituída pela Via —ex-Via Varejo. Além disso, agora, a Raízen entra na lista das indicações.
- Carteira quem não aceita risco algum;
- Carteira para quem tem perfil mais conservador, mas aceita um pouquinho de risco;
- Carteira para quem é mais moderado;
- Carteira para quem aceita mais risco;
- Carteira para quem aceita alto risco.
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Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo analista Felipe Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.
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