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ANÁLISE

Após lucro bilionário e redução da dívida, vale a pena investir na Oi?

06/07/2022 11h00

A Oi fez uma das maiores recuperações judiciais de empresas do Brasil. Porém, nos últimos meses, vem conseguindo reduzir parte de sua dívida e trouxe bons resultados do primeiro trimestre de 2022, um passo importante para encerrar o processo de recuperação. Veja análise sobre essa operadora de telecomunicações, feita pelo Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante Ideias de Investimentos.

Oi em recuperação judicial

A Oi (OIBR3) tem enfrentado uma longa jornada nos últimos anos. Desde 2016, a operadora passa por um processo de recuperação judicial, após ter acumulado R$ 65 bilhões em dívidas com 55 mil credores.

A Oi é fruto da privatização parcial da Telebrás em 1998, que viveu bons momentos no período de desenvolvimento da telecomunicação móvel no país e no mundo. Em tempos de expansão, chegou a ter grandes acionistas como o BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

Porém, por conta das diversas aquisições e parcerias ao longo de seu crescimento, o passivo oneroso da companhia avançou a tal ponto que a Oi foi forçada a buscar a recuperação judicial em meados de 2016. Assim, instaurou-se o processo que perdura até hoje.

Desde então, a Oi vem se reestruturando, buscando reduzir seu endividamento e se desfazer de ativos que não fazem mais parte do que a empresa enxerga como seu novo ramo principal de negócios.

A companhia vendeu ativos valiosos, visando levantar recursos para amortizar sua dívida multibilionária. Merecem destaque a venda da Oi Móvel para o consórcio formado pela TIM Brasil (TIMS3), Claro e Vivo (VIVT3) por, respectivamente, R$ 7 bilhões, R$ 3,5 bilhões e R$ 5,3 bilhões, e da Infraco, sua unidade de fibra óptica, por R$ 12,9 bilhões, para fundos do BTG Pactual e da Globenet Cabos Submarinos.

Graças às vendas, a Oi espera reduzir drasticamente seu endividamento. A empresa encerrou o primeiro trimestre com uma dívida de R$ 33,4 bilhões, mas informou que já efetuou pagamentos da ordem de R$ 14,4 bilhões ao longo do segundo trimestre, reduzindo a dívida para aproximadamente R$ 19,1 bilhões.

Portanto, a empresa demonstra comprometimento com seu plano de reestruturação, e vem adquirindo um fôlego de caixa. Entretanto, o caminho ainda é desafiador para a Oi, que tem perdido cada vez mais espaço para as concorrentes.

Primeiro trimestre lucrativo

Em 28 de junho, a Oi divulgou os resultados referentes ao primeiro trimestre de 2022. Com números sólidos, o balanço sinaliza que a reorganização da companhia começa a dar frutos.
A receita líquida consolidada da Oi encerrou o primeiro trimestre em R$ 4,4 bilhões, queda de 1% em relação ao mesmo período de 2021 e 3,4% abaixo do realizado no quarto trimestre do ano passado.

Contudo, esse resultado contabiliza a receita obtida com os ativos móveis da Oi, dos quais a companhia se desfez. Levando em consideração apenas as suas operações continuadas, que representam cerca de 56% do mix da antiga companhia, a Oi encerrou o trimestre com uma receita líquida de R$ 5 bilhões, uma queda de 4,8% e 3,3% em termos anuais e trimestrais, respectivamente.

A fibra óptica tem sido apontada pela companhia como o core business nesta fase de reformulação do modelo de negócios, e os dados operacionais de casas passadas (HP's) e casas conectadas (HC's) com fibra óptica têm surpreendido trimestre após trimestre.

Somente no primeiro trimestre deste ano, houve um incremento de 1,1 milhão de casas passadas e 153 mil de casas conectadas com a tecnologia fibra. Em contrapartida, o segmento de cobre, cada vez mais ultrapassado, apresentou uma queda de mais de 40% na receita quando comparado ao primeiro trimestre de 2021.

O lucro líquido da Oi foi de R$ 1,8 bilhão no período, algo que por si só não tem grande valor, uma vez que esse rendimento veio apenas de um fator não recorrente nas despesas financeiras líquidas. De qualquer forma, o ponto positivo do trimestre foi a melhora operacional da empresa.

O que esperar das ações?

O processo de recuperação judicial da Oi não tem sido fácil, e o mercado ainda enxerga os planos da companhia com certa desconfiança.

A venda da InfraCo, por exemplo, foi recebida com ceticismo pelo mercado, uma vez que a divisão de fibra óptica era considerada importante no processo de recuperação da operadora.

Entretanto, as vendas dos ativos deram fôlego para a operadora, que tem conseguido amortizar a alta dívida e visa, finalmente, sair do processo de recuperação judicial. Caso o fim da recuperação judicial se comprove, porém, é preciso ter em mente que a "nova Oi" surge como uma empresa totalmente diferente do que era no passado.

No curto prazo, a expectativa é que as ações oscilem bastante de preço, uma vez que o futuro da companhia ainda é incerto, e a reformulação provocou mudanças drásticas em seu modelo de negócios.

Para olhar de lupa

A Oi tem sido bem-sucedida na redução da sua dívida. Trata-se de um case para ser olhado mais de perto no futuro, com a saída do processo de recuperação judicial e a evolução da parte de fibra que será gerida pelo BTG. Todavia, dado o histórico da operadora nos últimos anos, no momento preferimos ficar de fora do papel.

Acesse aqui o relatório completo da Levante sobre a Oi.

Carteiras conforme o perfil

Para quem ainda não pegou as recomendações de investimentos, elas estão a seguir:

- Carteira para quem não aceita risco algum

- Carteira para quem tem perfil mais conservador, mas aceita um pouquinho de risco

- Carteira para quem é mais moderado

- Carteira para quem aceita mais risco

- Carteira para quem aceita alto risco

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Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo analista Felipe Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.