Você já foi vítima de algum golpe financeiro? Segundo uma pesquisa feita pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), 22% das pessoas já passaram por isso. Em setembro de 2021, este número era de 21%. As principais vítimas, segundo a pesquisa, têm mais de 60 anos - eles responderam por 30% do total.
Posso falar com certa autoridade, porque infelizmente já sofri alguns deles, e posso garantir o quanto é desagradável. Como educador financeiro, gostaria de trazer orientação a cerca de três destes golpes que são aplicados para tirar o seu dinheiro, mas também trazer dicas de como evitá-los.
1) Pescaria digital
Você com certeza já recebeu um email, SMS, WhatsApp ou mensagem nas redes sociais com um link no mínimo suspeito. Em momentos como esse é muito importante ter calma e atenção, pois você provavelmente está sendo alvo de uma prática muito comum na internet: o phishing.
O phishing é um termo que remete a uma "pescaria digital", na qual pessoas com má intenção (os fraudadores) buscam obter senhas e dados pessoais de diversos usuários por meio de iscas, como links maliciosos e até páginas falsas na web construídas com esse único objetivo.
Pode ser que o prejuízo financeiro não seja necessariamente seu, mas o fraudador pode acessar a lista de contatos de sua rede social e pedir dinheiro a terceiros se passando por você.
Existem algumas medidas simples que podem evitar uma grande dor de cabeça para você. Antes de tudo, nunca abra ou clique em links de emails com destinatário desconhecido. Mantenha sempre os seus programas antivírus atualizados e evite downloads automáticos ou recuse pedidos de download que você não concorda ou conhece inteiramente.
Outra forma de dar mais proteção aos seus perfis e contas é com a autenticação de dois fatores, que é uma camada extra de segurança com objetivo de confirmar a identidade do usuário. Ao ativar a verificação em duas etapas, o usuário precisa fornecer uma segunda informação após inserir login e senha, e só então terá acesso à conta.
O segundo fator pode variar, dependendo do serviço no qual você quer fazer login. É possível definir código de SMS, PIN, uma segunda senha, respostas a perguntas secretas, dispositivos físicos (como cartão de crédito ou drives USB de token) ou mesmo dados de biometria, como a digital ou leitor da íris.
Isso pode ser feito por aplicativos do Google e semelhantes baixados na loja de seu aparelho. Para o WhatsApp, pode ser feito dentro das configurações do próprio aplicativo.
Quando acessar um site, confirme se a URL que está dentro do buscador corresponde ao site que você procura e, se estiver desconfiado, digite o destino que você quer acessar ao invés de clicar em um link.
E atenção! Nunca compartilhe este tipo de mensagem. Isso pode afetar outras pessoas e fortalecer o objetivo principal do golpe, que é ter mais pessoas mordendo a isca.
2) Falsos sequestros exigindo dinheiro
Esse é um golpe normalmente aplicado em pessoas idosas, com o objetivo de extorquir valores, alegando que sequestraram um filho ou parente da vítima. Quem recebe a ligação suspeita precisa manter a calma. Escutar muito e falar quase nada, ser quase monossilábico.
Uma dica é utilizar um nome fictício para seu parente e observar se o golpista passa a repetir esse nome como se estivesse com alguém em seu poder. Mesmo que ele saiba o nome de algum parente e acerte de primeira, não significa que ele esteja com a pessoa.
Utilizar nomes comuns é uma prática estratégica neste tipo de "negócio", por um motivo bem simples, todos nós conhecemos algum João, José, Antônio, Maria ou Ana, e o criminoso sabe disso.
Quando receber esse tipo de ligação, a prudência recomenda não fazer nenhuma promessa, não combinar nenhum pagamento.
Caso fique com medo ou desconfie que pode ser verdade e que um filho ou um parente próximo esteja em poder de criminosos, procure alertar alguém que esteja perto, faça sinal ou encontre alguma forma de escrever e peça para te levar imediatamente para uma delegacia. Se atente para não deixar que o criminoso perceba que você mudou de ambiente.
Na maioria dos casos, o golpista vai sondando a pessoa e tenta se mostrar compreensivo, para aparentar solidariedade, tanto é que vai baixando o valor de forma significativa.
Em muitos casos no início o valor gira em torno de R$ 20 mil e no final chega a exigir que seja feito uma recarga de alguns reais em determinado número de aparelho celular. A queda de valores e a ânsia por uma rápida negociação também são um forte indício que o sequestro não é real.
3) Venda de produtos em postos de gasolina
Diferentemente das situações acima, muitas vezes esses golpes podem ser aplicados por prestadores de serviço de nosso dia a dia.
Recentemente, o programa "Fantástico", da emissora Globo, mostrou em uma reportagem como funcionava um esquema de redes de postos de gasolina para enganar clientes. No caso, a empresa é uma rede de postos de gasolina na região metropolitana de Porto Alegre, e a meta era enganar cada vez mais motoristas para vender produtos superfaturados e, muitas vezes, desnecessários. Clientes que iam para abastecer o carro e saiam com uma conta de mais de R$ 1.000 em produtos para o carro.
Não quer dizer que isso vai ocorrer em qualquer posto ou que você não deva comprar produtos nesses lugares, mas sugiro que faça manutenções preventivas e trocas de óleo em um mecânico ou profissional de sua confiança. Isso lhe proporcionará melhores preços e garantia da real necessidade. Se tiver que fazer isso em um posto de gasolina, certifique-se de que a compra é realmente necessária e se trata de um local de confiança.
Golpes como estes geram prejuízos financeiros altíssimos, e, independentemente de conseguir seu dinheiro de volta, os transtornos emocionais são inevitáveis.
Como fui vítima dos três golpes citados, infelizmente na primeira vez não soube lidar com calma e assertividade. Por isso, espero que essas dicas ajudem a todos que já passaram ou podem vir a passar por situações como estas.
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