O que a série 'Adolescência' tem a ver com educação financeira?

A série "Adolescência" retrata com realismo os dilemas típicos da juventude: inseguranças, conflitos sociais, amizades turbulentas e descobertas pessoais. Embora não trate diretamente de dinheiro, sua narrativa provoca reflexões relevantes sobre como os jovens enfrentam escolhas difíceis e como isso se conecta com a educação financeira.

Um aspecto que chama atenção na série é o uso do plano-sequência, uma técnica cinematográfica que mantém a câmera em movimento contínuo, quase sem cortes, criando a sensação de tempo real. Essa escolha não é só um recurso visual impressionante, mas também uma metáfora para a vida: quando os problemas chegam, nem sempre temos tempo de processá-los ou escapar deles — o jeito é enfrentar e buscar por soluções. Da mesma forma, lidar com dinheiro exige maturidade para encarar os desafios e tomar decisões conscientes, mesmo quando as circunstâncias são difíceis.

A busca por aceitação e pertencimento, tão presente na série, é um reflexo do comportamento de muitos adolescentes que, na vida, acabam gastando de forma impulsiva ou seguindo padrões que não se sustentam financeiramente. A falta de orientação — e aqui também podemos incluir os exemplos a que esses adolescentes estão expostos — sobre como administrar recursos desde cedo é um problema recorrente que pode levar a hábitos desordenados e dificuldades financeiras na vida adulta.

Esse cenário evidencia a importância de um direcionamento adequado. Muitos pais, no entanto, encontram dificuldades para ensinar sobre dinheiro, seja por falta de conhecimento ou pela crença equivocada de que esse aprendizado só deve acontecer na vida adulta. Essa negligência parental contribui para a formação de comportamentos financeiros prejudiciais e gera uma relação problemática com o dinheiro desde a adolescência.

Preparar os jovens para lidar com recursos financeiros não é apenas uma questão de ensinar sobre investimentos ou a guardar dinheiro, mas também de formar uma mentalidade responsável e segura diante dos desafios da vida.

E quanto às influências digitais?

Na série, o distanciamento entre pais e filhos em relação ao que os jovens consomem na internet também é um reflexo da realidade atual. Os adolescentes são constantemente bombardeados por vídeos que vendem a ideia de enriquecimento rápido e fácil, criando expectativas irreais sobre a relação entre trabalho e dinheiro. Muitos acabam acreditando que o sucesso financeiro é acessível sem esforço ou planejamento, o que pode gerar frustração e escolhas precipitadas. Essa frustração, por sua vez, alimenta um ciclo vicioso de ansiedade — os jovens se veem pressionados a alcançar um padrão inalcançável e sentem-se derrotados quando isso não acontece.

Enquanto na série vemos a importância dos pais e educadores assumirem o papel de orientar os jovens desde cedo sobre suas inseguranças, amizades e conflitos sociais, entendemos que a mesma prática em relação ao dinheiro também é essencial nessa fase da vida.

Explicar o valor do trabalho, a importância de poupar e a realidade dos investimentos pode ajudar a criar uma mentalidade mais madura e responsável. Afinal, na vida, construir patrimônio e estabilidade financeira exige planejamento, esforço e tempo — uma lição que a série, ainda que indiretamente, nos faz refletir.

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