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Israel: 7 especialistas preveem impactos do conflito no mercado e nos investimentos

Em ataque surpresa neste sábado (7), o Hamas invadiu a nação de Israel. Em três frontes (pelo mar, terra e ar), o grupo que controla a Palestina invadiu em grande escola na que foi considerada uma das maiores ofensivas contra a nação judaica nos últimos anos.

A invasão aconteceu pro meio de milhares de foguetes contra Israel, enquanto dezenas de combatentes invadiram comunidades israelenses cruzando a fronteira. O estado de Israel, que logo em seguida retaliou com ataques aéreos.

O conflito que foi intensificado neste último 7 de outubro foi comparado aos atos terroristas do 7 de setembro de 2001 nos Estados Unidos por um porta-voz das forças armadas do país. Ao todo, estima-se que o número de mortos em Israel já somam mais de 700 pessoas, sendo que 260 delas estavam em uma festa Rave que acontecia durante o momento do ataque.

Já em Gaza, a Autoridade Palestina afirmou que cerca de 511 pessoais morreram após Israel ter revidado.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que a Palestina "pagará um preço sem precedentes" pela ofensiva e declarou o Estado de Israel em guerra.

A seguir, é possível conferir o que economistas, especialistas e analistas do mercado financeiro acreditam serem os principais efeitos do conflito na economia mundial e também para o investidor brasileiro, com o scortes da Selic e ações de empresas, como a Petrobras (PETR4).

Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, comenta sobre a alta do petróleo e cortes da Selic frente ao conflito de Israel-Hamas

"Primeiramente, condolências às famílias e vítimas envolvidas neste conflito. Falando sobre os mercados, os efeitos no curto prazo deverão ser limitados. Entretanto, caso o conflito comece a tomar um formato mais de guerra e se espalhar pelo Oriente Médio, aí poderemos ver maiores incertezas e consequências negativas sobre os mercados.

Olhando mais especificamente sobre o preço do petróleo, hoje o Brent está subindo mais de 4% e quando temos conflitos e naquela região, consequentemente o mercado de petróleo fica um pouco mais estressado. A boa notícia é que os dois países envolvidos não são grandes exportadores de petróleo.

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Se começarmos a ver o envolvimento de outros países, como a Arábia Saudita, Irã e outros, aí o preço [dos combustíveis] poderá tornar a subir. Isso, entretanto, vai depender muito se haverá um escalonamento do conflito e os preços fiquem mais altos por mais tempo. Nesse caso, seria possível ver empresas como a Petrobras (PETR4) começarem a repassar o custo para os combustíveis, impactando a inflação. Por enquanto, isso não deve alterar a política monetária, acredita-se ainda que devem vir cortes nos juros, mas isso também vai depender do patamar do petróleo nos próximos meses."

João Daronco, Analista CNPI da Suno Research

"Na minha visão, os dois principais aspectos que o investidor precisa estar atento acerca do conflito são a duração e a intensidade. Caso tenhamos um conflito que se estenda por um longo período, podemos ver preços de algumas commodities subindo de patamar, o que pode beneficiar algumas empresas da bolsa, e prejudicar outras.

O mesmo ocorre caso o conflito escale e tome outra proporção.

Entretanto, cabe ao investidor identificar o que é ruído ou fator de curto prazo e o que pode ser uma mudança estrutural. Não recomendo que investidores mudem suas carteiras pensando no conflito e nem tentando prever os movimentos do mercado. Como diz Peter Lynch: Mais dinheiro foi perdido tentando prever os movimentos do mercado do que no próprio movimento"

Vinícius Vieira, Doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Oxford e Professor na FGV

"O Hamas diz que o principal fator para o conflito, entre os tradicionais, foi a dessacralização da Mesquita de Al-Asqa, localizada em Jerusalém e dominada pelos israelenses. Vale ressaltar que o Hamas não existiria se não fosse a insistência dos muçulmanos em não reconhecer a existência do Estado de Israel, mas por outro lado o Hamas seria uma minoria sem apoio se Israel não perpetrasse essa política dos últimos 15 anos de expansão de assentamentos na Faixa de Gaza. A região equivale a um cerco literal em uma área como da Zona Sul à Zona Norte de São Paulo, com 2,5 milhões de pessoas e com severas limitações a itens básicos, como água. Pelo tamanho territorial, é possível prever uma grande baixa de populações civis com o conflito.

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Não vejo outros países entrando no conflito, pelo menos diretamente, só os Estados Unidos que enviaram porta-aviões para Israel. Além disso, temos países do Oriente Médio que não tem força para entrar no conflito, e tampouco países como a Jordânia, Síria e o Egito que reconhecem a existência de Israel e mantém canais diplomáticos.

É muito mais provável que países com envolvimento direto, como o Irã que apoia o Hamas e a Rússia, e os Estados Unidos tentando proteger o seu aliado [Israel].

Quanto aos impactos econômicos, o maior temor pode ser um aumento no preço da energia, no caso de uma aproximação da Arábia Saudita ao conflito, que já vinha se distanciando do Ocidente. Então é possível esperar alguma crise no mercado de petróleo, além de estar localizado próximo a rotas de transporte, aumentando custos logísticos."

Phil Soares e Alexandre Espírito Santo, da Órama Investimentos

Phil Soares, chefe de análise de ações:

"A gente deve sentir o impacto do conflito no petróleo, como o próprio Jean Paul Prates [presidente da Petrobras] destacou. No ponto de vista da bolsa de valores, é bom para os juniores que não têm um cap para a venda de petróleo. Para PETR4, fica indefinido, pois quanto mais alto, maior a pressão política para segurar o preço. Com a participação do Irã, isso seria ainda mais difícil e é o impacto mais relevante que detectamos."

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Alexandre Espirito Santo, economista-chefe:

"Se o conflito perdurar e transbordar, afetando outros países da região, pode fazer o preço subir acima de U$ 100, pois estamos falando de uma região que tradicionalmente tem perfil bélico. Como agravante, tem o estreito de Ormuz, por onde passa um quinto do petróleo global. Se a situação piorar podemos ver um grande estresse no mercado de petróleo, com implicações sobre a inflação global"

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos

"Nesta segunda-feira (9), os ativos operam em um risk off day. O petróleo sobe, levando consigo o juro, a medida que o dólar se fortalece, bem como minerais raros. Das projeções que ocupam a mídia essa manhã, a que mais preocupa é a potencial escalada do conflito, restrito por enquanto ao Hamas e Israel, mas que poderia escalar para outras nações islâmicas, como o Irã, ensejando pelo ingresso de aliados de Israel.

Grande parte da imprensa chama atenção para como o Irã (que é tanto um grande produtor de petróleo quanto um apoiador do Hamas) irá se comportar frente ao conflito, visto que pode ser a chave para uma escalada da guerra. As comparações do ataque surpresa do Hamas aos israelense remontam grandes conflitos históricos, o que pode traz consigo projeções de grandes escaladas, mas que por enquanto soam como precipitadas. Evidentemente seguiremos monitorando o conflito minuciosamente."

Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed

"Logo na abertura desta segunda-feira (9), as ações do setor de petróleo abriram subindo com a forte alta do petróleo lá fora. Se petróleo escalar, vai gerar pressão inflacionária, ou seja, títulos prefixados tendem a sofrer se houver alta nos juros. Embraer (EMBR3) é um papel que pode subir, pois se a guerra escalar, pode surgir uma necessidade de jatos e caças.

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Podemos ver dólar e juros subindo também, o que é comum em cenário de risk off. Essas duas classes de ativos costumam se valorizar em cenários de incertezas.

Frigo e agro, em um primeiro momento, não devem sofrer impacto, somente se a extensão do conflito for para outros países. O petróleo é uma commodity diretamente afetada pela região do conflito. Já os grãos, por exemplo, não teriam impacto significativo, porque a região não tem relevância nesse setor."

Este material foi elaborado exclusivamente pelo Suno Notícias (sem nenhuma participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo nenhum tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco. Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.

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